O autarca do MpD, partido que suporta o Governo, convocou os jornalistas para uma reação às acusações da líder do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição, que recentemente apontou irregularidades na gestão da verba destinada às obras do Mercado do Coco, na cidade da Praia, que deverá acolher os vendedores de Sucupira.
Depois de visitar as obras dessa infraestrutura, Janira Hopffer Almada referiu que o projeto para a construção do Mercado do Coco, iniciado em 2011 pelo atual primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que na altura era presidente da Câmara Municipal da Praia, tinha um orçamento de 333 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de três milhões de euros).
Passados nove anos, disse, citada pela agência de notícias cabo-verdiana, Inforpress, “as obras continuam na mesma e foram gastos e enterrados” mais de 450 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de quatro milhões de euros).
Manuel Alves recordou que a empreitada da construção do mercado/centro comercial da Praia foi inicialmente adjudicada pela autarquia à empresa Sogei, na sequência de concurso público, “tendo o respetivo contrato sido assinado a 08 de abril de 2011″, no valor de 330 milhões de escudos cabo-verdianos” (cerca de 2,9 milhões de euros).
“Deste montante, a Câmara Municipal da Praia (CMP) foi obrigada a pagar 110 milhões de escudos cabo-verdianos (995.046 euros) em imposto ao Governo, que negou isenção a essa obra, direcionada às vendedeiras da Praia”, acrescentou.
Sobre um empréstimo contraído pela autarquia, também visado nas críticas da líder da oposição, o deputado municipal do MpD referiu que este, no valor de 450 milhões de escudos cabo-verdianos (cerca de quatro milhões de euros), visou “o saneamento financeiro da câmara” e a construção do mercado.
No decorrer da obra “foram identificados problemas e constrangimentos que impediram a sua prossecução nos termos concebidos” e “as partes resolveram por consenso o contrato de empreitada”.
A autarquia solicitou, entretanto, ajuda ao Governo e “obteve o compromisso de financiamento para, num novo prazo de um ano, terminar a obra”, disse.
Em virtude deste apoio, o projeto será reformulado e a obra vai recomeçar.
O deputado explicou ainda aos jornalistas que uma das razões para a obra ter estado parada foi “a natureza do terreno” que obrigou a “alterações nas fundações”.
Segundo as previsões da autarquia da capital cabo-verdiana, as obras estarão concluídas até ao final deste ano, altura em que cerca de mil vendedores do mercado de Sucupira começarão a ser transferidos para a nova superfície comercial, que terá uma série de outros serviços como agências bancárias, agências de seguros, parque infantil, bombeiros.
O destino do espaço onde está hoje instalado o mercado de Sucupira já foi traçado, mas o autarca não quis avançar o que está planeado para aquele local, remetendo para mais tarde o anúncio do projeto.
O mercado de Sucupira é o maior e mais famoso de Cabo Verde. Nele se encontram todos os tipos de produtos: roupa nova e usada, louças e acessórios, produtos de higiene, frutas e legumes, alimentos confecionados.
Funciona todos os dias e ao fim de semana a sua dimensão é consideravelmente maior, com os vendedores, sobretudo mulheres, a ocuparem parte de uma das principais ruas da capital.
Lusa