Os condutores da empresa de transportes coletivos Sol Atlântico, na Praia, suspenderam temporariamente a greve por tempo indeterminado que deveria iniciar esta segunda-feira, 21, após o Governo decretar uma requisição civil. A paralisação foi inicialmente anunciada em protesto contra os baixos salários e em defesa dos direitos laborais, mas o sindicato promete endurecer a luta com manifestações públicas.
Segundo avança a Inforpress, a informação foi avançada pelo presidente do Sindicato da Indústria Geral, Alimentação, Construção Civil e Serviços das Empresas de Segurança Privada, Marítimos e Portuários (Siacsa), Gilberto Lima, em conferência de imprensa realizada na Praia.
O mesmo criticou duramente a decisão do Governo. Segundo o sindicalista, a requisição civil obrigou mais de 50% dos trabalhadores a manterem-se em funções, o que na prática inviabilizou a greve.
“O Governo deu asas à Sol Atlântico para não observar a lei da República, obrigando os trabalhadores a trabalharem contra a sua vontade”, lamentou Gilberto Lima, garantindo que o sindicato vai responder com manifestações nos próximos dias.
Apesar da suspensão temporária da greve, o líder sindical afirmou que a luta vai continuar e que os trabalhadores irão manifestar-se nas paragens de autocarros da cidade. A data para a manifestação ainda não foi anunciada, mas será definida após a realização de uma assembleia geral com os condutores da empresa durante esta semana.
Negociações falhadas
Entre as principais reivindicações estão o aumento salarial, o pagamento de subsídio de risco, uma compensação justa pela cobrança de bilhetes e melhores condições de trabalho. O sindicato denuncia que o salário-base dos condutores está atualmente abaixo do salário mínimo nacional, uma vez que parte da remuneração depende de gratificações.
“O salário total é de 26 mil escudos, mas o valor base ronda os 13 mil escudos, o que é inadmissível para um profissional qualificado”, afirmou o presidente do Siacsa.
Lima criticou ainda a proposta da empresa, que pretende discutir eventuais aumentos apenas em junho, com possível implementação em 2026, o que considera um desrespeito aos trabalhadores.
Outros protestos suspensos após garantias do Governo
Entretanto, outras manifestações agendadas para esta segunda-feira foram suspensas, é o caso dos enfermeiros contratados do Hospital Universitário Agostinho Neto, que cancelaram o protesto após o Governo prometer o pagamento dos salários em atraso. Também o protesto dos agentes prisionais foi desmarcado, após ser garantida a nomeação definitiva dos 96 profissionais.
Adelise Furtado
*Estagiária
