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Taxas alfandegárias: “Tarifaço” de Trump está a abalar África

Anunciado como o “Dia da Libertação” nos Estados Unidos da América (EUA), na quarta-feira da semana passada, 02, Donald Trump anunciou um aumento das taxas alfandegárias (o mais alto do século). Esta nova política comercial da era Trump, popularmente conhecida por “Tarifaço”, está a abalar o continente africano, principalmente aqueles mais afectados pela inusitada política da Casa Branca.

No topo da lista estão o Lesoto, que vê suas exportações para os EUA taxadas em 50 porcento (%), e Madagascar, com 47%. Seguem-se a Argélia (30%), a Tunísia (28%), a Costa do Marfim (21%) e os Camarões (11%). Cabo Verde é dos países menos afectados, com as suas tarifas de exportação taxadas a 10%.

Quais os impactos que essa política ultra agressiva pode ter nas frágeis economias africanas? Não há ainda, para além dos compreensíveis receios dos governos nacionais, respostas acabadas, pese a circunstância de os mercados mundiais de acções estarem a reagir temendo uma crise global.

Governo de Cabo Verde está preocupado

Reagindo à medida implementada por Donald Trump, o primeiro-ministro (PM) de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse acompanhar “com preocupação” e alegou que este novo contexto “é imprevisível”.

De todo o modo, as novas tarifas pouco deverão afectar o nosso país, porquanto o comércio externo de Cabo Verde tem muito pouca relevância para os EUA, já que é feito fundamentalmente com a Europa.

Reportando-se à circunstância de os EUA terem uma importante comunidade cabo-verdiana, Ulisses considerou que, no imediato, “não há razão de preocupação”.

O dia “mais importante”, segundo Trump

Com pompa e circunstância, durante um acto público realizado na Casa Branca na quarta-feira da passada semana, Donald Trump, denominou a data como o “Dia da Libertação” dos EUA, ao impor novas tarifas a mais de 180 países de todo o mundo e uma taxa adicional aos que a Casa Branca considera “piores infratores” pelos seus entraves aos produtos norte-americanos. “Este é um dos dias mais importantes, na minha opinião, da história dos Estados Unidos. É a nossa declaração de independência económica”, disse Trump aos jornalistas.

Numa semana bastante agitada pelo “Tarifaço”, as bolsas de valores de todo o mundo despencaram, afectadas pelo receio global de que a “agenda proteccionista” da Casa Branca possa “causar um aumento nos preços e nas taxas de juros nos EUA”, afetando, por arrasto a economia mundial.

Prémio Nobel da Economia diz que Trump “é insano”

Reputados economistas de várias latitudes estão a levantar críticas e a colocar questionamentos, incluindo o Prémio Nobel de 2008, o norte-americano Paul Krugman.

Krugman, um crítico das políticas económicas de Trump, em entrevista ao jornalista Mehdi Hasan, transmitida pela plataforma Substack, afirmou que os EUA vivem um momento inédito na sua história económica. “Essa é a primeira vez em que um presidente causa uma economia terrível”, disse o Prémio Nobel da Economia, acrescentando: “Tivemos presidentes que falharam em responder [a uma crise], e Herbert Hoover errou ou foi infeliz em resposta à Grande Depressão, mas ele não a causou”, sublinhou o economista.

Referindo-se aos impactos imediatos dessas medidas, Paul Krugman defendeu que o grande impacto está no clima de incertezas que se instalou. “Mais até do que as tarifas em si, que estão matando a economia, os negócios estão paralisados, ninguém sabe se deve investir numa fábrica no México ou construir capacidade nos EUA. Todo mundo apenas cruza os braços”, salientou.

“Seria melhor se Trump se decidisse definitivamente por tarifas desastrosas, porque tarifas desastrosas que podem ou não acontecer são ainda piores”, disse o economista, concluindo: “É insano!”

O Prémio Nobel da Economia contestou, ainda, o argumento fundamental do “trumpismo”, de que as tarifas visam proteger os trabalhadores norte-americanos. “As tarifas atingem desproporcionalmente os mais pobres, que gastam mais com bens importados. É um imposto altamente regressivo”, explicou Paul Krugman.

António Alte Pinho, C/ Agências

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