A Polícia Judiciária (PJ) deteve, no sábado, 22 de Fevereiro, duas cidadãs, de 58 e de 39 anos, funcionárias do Arquivo Nacional Identificação Civil e Criminal, suspeitas da prática de 12 crimes. Entre os crimes constam falsificação ou alteração de documentos, nomeadamente, registos criminais de pessoas em conflito com a justiça, na cidade da Praia.
Segundo uma nota da PJ, as detenções foram realizadas pela Secção Central de Investigação de Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (SCIICCEF), em cumprimento de dois mandados de detenção fora de flagrante delito, emitidos pela Procuradoria da Comarca da Praia.
As visadas são funcionárias da Conservatória dos Registos Notariado e Identificação em Chã de Areia, na cidade da Praia, e os factos terão registado a primeira ocorrência em 2014.
A PJ esclarece que as detenções resultam de uma longa investigação, que culminou na identificação das detidas, na qualidade de funcionárias públicas. Estas são suspeitas de actos suscetíveis de configurar, em abstrato, a prática de 12 crimes de falsificação ou alteração de documentos, um crime de corrupção passiva, um crime de peculato e peculato de uso ou oneração, um crime de infidelidade, um crime de inserção de falsidade em registo ou documento e um crime de lavagem de capitais.
Entendendo o esquema
De acordo com fontes próximas da investigação, as visadas estavam envolvidas num esquema de “limpeza” de registos criminais. Graças a isso, indivíduos com passagem pelos tribunais conseguiam um cadastro limpo, o que lhes permitia adquirir vistos de viagem e tratar de outros documentos sem qualquer registo de antecedentes.
Sobre as detidas, A NAÇÃO conseguiu apurar que uma é moradora do bairro do Coqueiro, na cidade da Praia, enquanto a outra, que costumava assinar os registos criminais, é natural da ilha do Maio, mas reside há já algum tempo na ilha de Santiago. Ambas desactivaram as respectivas contas nas redes sociais.
Presentes às autoridades judiciárias competentes para o primeiro interrogatório judicial, o Tribunal da Comarca da Praia decidiu aplicar, como medidas de coação, a interdição de saída do país, a suspensão do exercício de função, profissão ou direitos e a proibição de contactos.
A nossa reportagem tentou obter uma reacção do Ministério da Justiça sobre o caso, mas as várias tentativas de contacto com a ministra Joana Rosa não surtiram efeito.
Geremias S. Furtado
