Cabo Verde quer ser “hub” de negócios para exportação de produtos brasileiros tendo em vista a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e outros mercados africanos.
A proposta foi feita esta segunda-feira, 10, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional de Cabo Verde, José Filomeno Monteiro, durante a visita ao arquipélago do seu homólogo brasileiro, Mauro Vieira.
A proposta, segundo Monteiro, decorre da “visão estratégica de Cabo Verde como plataforma marítima da região”. O ministro lançou, ainda, um desafio: “Ficam notificados os empresários dos dois países a agirem no sentido de se materializar este desiderato”, acrescentando que o governo observa “com satisfação o crescente interesse de empresários brasileiros em Cabo Verde”, mas reconhecendo ser necessário estabelecer ligações aéreas e marítimas entre os dois países para que os planos se concretizem.
Durante o encontro entre os responsáveis pelas diplomacias de Cabo Verde e do Brasil, abordou-se a preparação do Plano Integrado de Cooperação 2025-2027, que Mauro Vieira disse estar a ser trabalhado “para uma conclusão a curto prazo”.
Trata-se de um documento que pretende conferir um formato mais estruturado às relações entre os dois países nos diferentes domínios da cooperação, com base nas prioridades estabelecidas pelo arquipélago.
Reforma da governança global
“O Brasil e Cabo Verde também convergem na necessidade de uma reforma da governança global, especialmente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e demais órgãos”, como bancos multilaterais de desenvolvimento e agências da ONU, referiu Mauro Vieira, acrescentando que o governo brasileiro sustenta que “apenas uma reforma abrangente e ambiciosa, com expansão de ambas as categorias de membros no Conselho de Segurança, poderá resolver a falta de representatividade neste órgão”.
O ministro brasileiro das Relações Exteriores aproveitou para convidar Cabo Verde para a 2.ª reunião Brasil-África de ministros da Agricultura, a ter lugar em maio, em Brasília, e para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), a ter lugar em Belém.
Multilateralismo é o único caminho
“Estamos convencidos que o multilateralismo é o único caminho e a única solução para tratar questões climáticas e seguiremos trabalhando para fortalecer a cooperação internacional e a governança climática global”, disse Mauro Vieira, sublinhando que o Brasil conta “com a contribuição de Cabo Verde.
Cabo Verde deverá ainda participar, em 2026, na reunião ministerial que assinala os 40 anos da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), organização internacional criada em 1986 para promover a cooperação e a paz na região do Atlântico Sul.
De referir que o governante brasileiro iniciou em Cabo Verde um périplo por África que o levará ao Benim, Nigéria, Senegal e Costa do Marfim, com o objetivo de “fortalecer as relações bilaterais”.
C/Lusa
