Rosinha, cidadã da ilha do Fogo, está desaparecida há cinco meses, e até o momento não há qualquer informação oficial sobre o andamento das investigações. A demora e a falta de comunicação por parte das autoridades estão a gerar revolta entre os familiares, que acusam as entidades competentes de inércia e descaso.
O primo da desaparecida, Dom Danillon Fontes, manifestou publicamente a sua indignação, questionando a seriedade da investigação. “Se por acaso está a ser investigado, o que duvido, é um sinal de incompetência ou descaso. Se fosse uma pessoa importante, não estaria esquecida como se fosse um animal qualquer”, afirmou.
O familiar também criticou os responsáveis políticos locais e nacionais, nomeadamente o ex-presidente da Câmara Municipal de Santa Catarina do Fogo, Alberto Nunes, o actual edil Manuel Teixeira, bem como o Governo Central, sob a liderança de Ulisses Correia e Silva. Como alega, “os governantes estão preocupados com os seus próprios interesses” e não demonstram preocupação com a insegurança que afeta a região.
A revolta é ainda maior pelo facto de, segundo o familiar, o filho de Rosinha, Jaime Fernandes, continuar sem respostas e sem qualquer apoio que o ajude a compreender o que aconteceu com a sua mãe. “O coitado pode enlouquecer a pensar num país que faz de conta”, desabafou.
Dom Danillon Fontes diz ainda que a comunidade de Chã das Caldeiras também se mostra apreensiva com a falta de esclarecimentos e com o clima de insegurança que se instalou. “As pessoas desaparecem e ninguém se preocupa”, lamentou o primo de Rosinha.
Alçada do Ministério Público
O caso do desaparecimento está, segundo avançou esta semana a Inforpress, sob alçada do Ministério Público que tem em curso o processo de investigação desta ocorrência que deixou intrigada a pacata comunidade de Chã das Caldeiras, onde todos se conhecem, e toda a ilha do Fogo.
Este não é o primeiro caso de desaparecimento ou de ocorrência grave que está a ser investigado pelas autoridades competentes.
O desaparecimento, em Janeiro de 2006, de um homem da localidade de Maria da Cruz, o falecimento, em 2012/2013, em circunstância estranha, de um individuo nas proximidades da cidade de Cova Figueira e o falecimento, em Novembro de 2021, de um outro indivíduo do sexo masculino que foi encontrado numa cisterna com sinais que evidenciava alguma violência estão a ser investigados.
No âmbito da investigação do crime de homicídio de 2021 e ocultação de cadáver o Ministério Público ordenou, há pouco mais de um mês, a detenção de dois indivíduos, de 37 e 40 anos, que foram submetidos ao primeiro interrogatório judicial e foram aplicados como medidas de coação a apresentação periódica às autoridades e obrigação de permanência na ilha do Fogo.
Geremias S. Furtado
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