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Jovem grávida vítima de tráfico humano raptada em Portugal e encontrada meses depois na Geórgia

Uma adolescente grávida, de 15 anos e de nacionalidade romena, foi vítima de tráfico humano e forçada à mendicidade. Segundo o Jornal de Notícias a jovem foi raptada da Maternidade Júlio Dinis, no Porto, e localizada meses depois na Geórgia, sem o seu filho. A jovem era controlada por uma rede criminosa internacional que explora menores para mendicidade e, em muitos casos, vende os seus recém-nascidos.

Segundo avançou o “Jornal de Notícia”, a investigação, conduzida pela Polícia de Segurança Pública (PSP) e pelo Ministério Público do Porto, apurou que o esquema já gerou mais de meio milhão de euros nos últimos anos.

Rapto dentro do hospital

A jovem foi encontrada a pedir esmola em Viseu em 2019 pela PSP e encaminhada para um hospital local devido ao avanço da sua gravidez. Posteriormente, foi transferida para a Maternidade Júlio Dinis, onde foi raptada por duas mulheres que se fizeram passar por suas familiares. Sem levantar suspeitas, conseguiram retirá-la da unidade hospitalar antes do parto. Quando o horário de visitas terminou, a adolescente já não estava no quarto nem na maternidade.

Meses depois, a jovem foi encontrada na Geórgia, acompanhada por uma das mulheres envolvidas no rapto. No entanto, o recém-nascido não estava com ela, e as autoridades suspeitam que tenha sido vendido para outro país.

Possíveis destinos incluem Espanha, Reino Unido, Alemanha e Roménia, mas Portugal também não está excluído da rota do tráfico de crianças. Segundo especialistas, este tipo de crime ocorre frequentemente dentro dos próprios hospitais, onde os compradores se fazem passar por pais biológicos e registram os bebês em seu nome.

Rede criminosa opera livremente

As investigações a esta rede tiveram início em 2016, quando a PSP identificou um aumento do número de crianças romenas a mendigar nas ruas do Porto, principalmente na Baixa, na Ponte Luís I e junto a hospitais. O fenômeno levou à abertura de um inquérito por crimes de tráfico de crianças e burla. Em quatro anos, foram identificadas 30 crianças traficadas e forçadas à mendicidade em Portugal, resultando na constituição de nove arguidos. Apesar das acusações, nenhum suspeito está detido e a rede continua a operar livremente pela Europa.

O grupo criminoso tem uma estrutura hierarquizada, liderada por duas mulheres entre 60 e 70 anos e um homem de 55 anos, residentes em Tandarei, na Roménia. Eles coordenam o esquema, recolhem o dinheiro obtido com os peditórios e distribuem-no entre os membros da rede.

Lucros milionários e impunidade

O esquema inicia-se na Roménia com a compra de crianças por cerca de 100 euros, geralmente sob falsas promessas de casamento ou mediante coação das famílias. Cada menor poderia arrecadar cerca de 500 euros diários com a mendicidade. As transferências financeiras para a Roménia entre 2016 e 2020 ultrapassam os 500 mil euros. O lucro era tamanho que alguns dos suspeitos exibiam maços de notas nas redes sociais.

Enquanto as autoridades continuam as investigações, os responsáveis por esta rede criminosa permanecem em liberdade, deixando um rastro de vítimas exploradas e famílias destruídas.

Adelise Furtado

*Estagiária

c/Sapo

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