Em menos de uma semana, dois pescadores desapareceram no mar na ilha de Santiago. António “Toi” de Pina Andrade, de 63 anos, está desaparecido desde sexta-feira, 14, na zona de Calheta de São Martinho, em Ribeira Grande de Santiago. Já no concelho de Santa Cruz, Felisberto Pereira “Keke”, de 49 anos, está desaparecido desde ontem.
Conforme as informações obtidas junto de fontes policiais em Santa Cruz, um pescador identificado como Keke, residente em Cutelinho, saiu na noite de terça-feira sozinho para pescar e, ao que tudo indica, durante a madrugada, a lancha perdeu o controle devido às fortes ondas e ao mar agitado.
No local, foram encontrados um casaco, uma garrafa de água e outros pertences do pescador. A polícia e os bombeiros foram accionados, e as autoridades estão a investigar o caso, pois há indícios de circunstâncias suspeitas. Familiares estão aflitos e nas redes sociais pessoas próximas manifestam a esperança de que este pai de três filhos possas voltar para junto dos seus.
Também na ilha de Santiago, já em Calheta de São Martinho, um pescador experiente, saiu sozinho para pescar na sua pequena embarcação, de menos de três metros e com um motor de cinco cavalos, mas não regressou.
Seu filho, Carlos de Pina, que também é pescador, contou que o viu por volta das 16 horas de sexta-feira, fundeado na Baía de Calheta de São Martinho Grande. “Eu regressava do mar e o vi no bote dele a pescar aqui perto”, disse.
A esposa, Rosalina Ribeiro, conta que também viu Toi a pescar no seu bote no mesmo lugar de sempre, por volta das 18 horas. “Quando era por volta da uma da madrugada de sábado, aproveitei a luz da lua e fui sozinha ver se estava ali, mas não vi nada. Pensei que estivesse a caminho. Sentei-me em cima da cama à espera de ouvir o barulho do motor, mas nada”, acrescentou.
Os familiares e vizinhos estranham o desaparecimento, já que as condições do mar estavam propícias para a pesca naquele dia. Além disso, os seus pertences – boia, remo e outros materiais – não foram encontrados à deriva, o que torna o caso ainda mais misterioso. “Se tivesse sido emborcado por um peixe grande, ele saberia nadar e subir numa rocha. É estranho nada ter aparecido”, comentou Rosalina Ribeiro.
Buscas
A família iniciou as buscas no domingo de manhã, enquanto um cunhado chegou a ir até perto do canal da Ilha do Fogo na tentativa de encontrar alguma pista, mas sem sucesso. Segundo relatos, Toi não levou o telemóvel desta vez, o que dificultou ainda mais a comunicação.
Os familiares disseram ainda que as autoridades estiveram na zona a fazer busca e que lhes disseram que continuarão a fazê-la durante cinco dias. A NAÇÃO tentou falar com os responsáveis da Polícia Marítima, mas as várias tentativas se revelaram frustradas.
Rosalina Ribeiro clama por mais esforços das autoridades para encontrar o marido e mantém firme a fé de que ele continua vivo. “Tenho esperança de que Toi vai voltar para casa”, afirmou.
Geremias S. Furtado
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