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Economia

Salamansa: Pescadores fornecem peixe às cantinas escolares

Os pescadores de Salamansa estão optimistas em relação a 2025 graças a um acordo estabelecido entre a sua Associação e a FICASE. Ao abrigo deste protocolo, 32 cantinas escolares de São Vicente vão passar a receber produtos do mar, melhorando, por um lado, a dieta alimentar dos alunos e, por outro, os rendimentos dos pescadores daquela aldeia.

A informação foi prestada ao A NAÇÃO pelo presidente da mencionada Associação, Alcindo Matias, que destacou a importância da parceria no âmbito da “economia azul”. Embora os montantes envolvidos não tenham sido divulgados, Matias explicou: “Compramos o pescado aos pescadores, congelamos, embalamos e entregamos às 32 escolas da ilha de São Vicente”.

Iniciado agora Janeiro, do acordo já resultou na entrega de cerca de duas toneladas de pescado, garantindo a segurança em todas as etapas de tratamento, manuseamento, higiene, conservação, distribuição e certificação. “É um projecto com pernas para andar, que vem para ajudar os pescadores, que estão satisfeitos devido ao preço a que lhes é comprado o pescado”, enfatizou Alcindo Matias.
As vantagens para os pescadores não se ficam por aí. Segundo Matias, já não é necessário que esses homens do mar passem três ou quatro dias na faina, pois todo o tipo de pescado é agora vendido ao mesmo preço através deste processo. No entanto, Matias lamenta que a faina tenha sido interrompida devido ao mau tempo que nas últimas duas semanas tem impedido a saída ao mar das pequenas embarcações de boca aberta.

A captura de peixe é realizada principalmente no canal de Salamansa, Baía das Gatas e Calhau. Os pescadores também se deslocam à vizinha ilha de Santa Luzia, onde por vezes pernoitam por três a quatro dias.
Por sua vez, Luís Delgado Andrade, presidente da Associação de Pescadores de São Pedro, também aldeia piscatória do outro extremo de São Vicente, disse ao A NAÇÃO que a entidade que lidera está atenta a este projecto piloto em Salamansa. Entretanto lamentou, desde já, o facto de faltar em São Pedro uma unidade de produção de gelo para que se possa lançar mãos a um projecto semelhante.

Pescadores criticam Acordo de Pesca com UE

Luís Delgado Andrade manifestou, entretanto, a sua estupefação em relação ao acordo de pesca entre Cabo Verde e a União Europeia, afirmando que o mesmo não beneficia as comunidades piscatórias locais. “Nós compramos atum aqui por 650 escudos e eles por metade nos levam o pescado”, realçou.
O acordo de pesca entre Cabo Verde e a União Europeia permite às embarcações europeias pescar nas águas cabo-verdianas em troca de uma compensação financeira. Alegadamente, o acordo visa promover também a sustentabilidade dos recursos marinhos e contribuir para o desenvolvimento económico das comunidades piscatórias. No entanto, segundo Andrade, os benefícios para os pescadores locais são praticamente inexistentes.

“Com esse dinheiro da União Europeia as autoridades cabo-verdianas deveriam apetrechar os nossos pescadores com embarcações capazes de retirar o pescado do mar nas mesmas condições que eles”, sustentou Andrade. 

Este dirigente afirmou ainda estar impressionado com o facto de serem permitidas embarcações da União Europeia que retiram de uma só vez 80 toneladas ou mais de peixe com as redes que utilizam, enquanto que aos pescadores nacionais lhes é proibida a utilização de qualquer equipamento do tipo ou da pesca com oxigénio.
Estas reivindicações são também partilhadas pela Associação de Pescadores da Aldeia de Calhau, que questiona a justiça do acordo de pesca. As críticas apontam para a necessidade de um apoio mais robusto às comunidades piscatórias, para que possam competir em igualdade de condições e garantir a sustentabilidade das suas atividades.
As vozes críticas sublinham, no geral, a importância de uma revisão urgente do acordo de pesca com a União Europeia, exigindo mais equidade e benefícios reais para os pescadores de Cabo Verde. A indignação cresce entre os vários agentes e operadores, que apelam por medidas concretas para garantir que os recursos marinhos beneficiem directamente as comunidades locais. 

 

João A. do Rosário

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