Um estudo feito por investigadores cabo-verdianos e portugueses manifesta preocupações em relação à sobrevivência de tubarões.
Conforme o estudo, 66% das espécies de tubarões presentes em Cabo Verde estão sob ameaça com o perigo iminente de extinção.
O mesmo aponta a pesca excessiva, as alterações climáticas e a degradação do habitat como as principais ameaças, tornando o arquipélago um dos mais vulneráveis da Macaronésia.
53 espécies
O estudo identifica 53 espécies de tubarões em Cabo Verde, o segundo maior número na região, atrás apenas das Ilhas Canárias. No entanto, os investigadores alertam para a falta de proteção legal e de governança oceânica eficaz. Atualmente, menos de 1% da Zona Económica Exclusiva (ZEE) cabo-verdiana está protegida, excluindo áreas críticas para a conservação dos tubarões.
“Este estudo fornece dados valiosos e reforça a necessidade urgente de mais pesquisas e uma maior proteção para os tubarões em Cabo Verde”, afirmou Jaquelino Varela, biólogo cabo-verdiano e primeiro autor da pesquisa.
Criação de corredor migratório
O estudo também sugere a criação de um corredor migratório na região para garantir a proteção das espécies mais ameaçadas.
Outro dado relevante é a ausência de espécies ovíparas (que se reproduzem por meio de ovos) em Cabo Verde, ao contrário dos outros arquipélagos da Macaronésia. Além disso, a análise comparativa sugere que Cabo Verde pode não pertencer à mesma região biogeográfica da Macaronésia, trazendo novas questões para a pesquisa científica.
O trabalho identificou as 10 espécies prioritárias de conservação para cada arquipélago e constatou que as 6 primeiras são as mesmas e são tubarões pelágicos (espécies que vivem em mar aberto).
Diante dos dados alarmantes, a comunidade científica reforça a necessidade urgente de medidas de proteção e políticas eficazes para a conservação dos tubarões nas águas de Cabo Verde.
Adelise Furtado (Estagiária)
C/Frontiers in Marine Science
