O Ministro do Turismo e Transportes, anunciou esta Quinta-feira, que pediu a sua demissão do Governo. Este anúncio surge na sequência de notícias que dão conta de que foi constituído arguido por suspeita de participação num esquema financeiro que indicia a prática de crime de lavagem de capitais. Carlos Santos, diz estar “estupefacto, surpreendido e triste”, já que as suspeitas que recaem sobre ele referem-se a uma “mera transação/empréstimo feito com boa-fé”.
Em conferência de imprensa realizada na Cidade da Praia, sem direito a perguntas dos jornalistas, Carlos Santos afirmou que recebeu com “surpresa e perplexidade” a notificação da Procuradoria da República, que o confrontou com suspeitas de lavagem de capitais relacionadas com uma transação bancária ocorrida entre 2014 e 2016.
Segundo explicou, o caso remonta a 2014, quando um advogado da praça, Amadeu Oliveira, o seu amigo desde os tempos universitários, pediu para utilizar a sua conta bancária em Portugal para receber uma quantia de 25 mil euros (cerca de 2.700 contos).
O montante, segundo o advogado, era proveniente de honorários pagos por um cliente e deveria ser devolvido posteriormente em Cabo Verde, uma vez que Oliveira não possuía conta em Portugal.
“Eu, baseado na relação de confiança e pelo fato de ser um advogado, aceitei e disse-lhe que poderia devolver o valor aqui em Cabo Verde. Assim fiz e devolvi o valor através da banca às contas indicadas pelo Dr. Amadeu Oliveira de pessoas bem identificadas”, declarou Santos, acrescentando que a transação não levantou qualquer suspeita até ao momento da notificação judicial.
O governante disse ainda que apresentou à Procuradoria provas documentais, incluindo cópias de mensagens eletrónicos trocados na altura com Amadeu Oliveira, nos quais estão registados os momentos do depósito e da devolução do valor.
“Obviamente estou estupefacto, surpreendido e triste, pois uma mera transação/empréstimo feito com boa-fé é transformada nesta suspeita”, lamentou.
Carlos Santos sublinhou que os factos ocorreram quatro anos antes de assumir funções governamentais e reforçou a sua inocência, afirmando confiar no funcionamento da justiça. No entanto, considerando a gravidade das suspeitas, revelou que já havia colocado o cargo à disposição do Primeiro-Ministro na semana passada, visando defender o seu nome e evitar que o Governo seja afetado pela situação.