A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), na sua comunicação em alusão ao Dia Nacional do Jornalista, celebrado ontem, 5 de janeiro, exaltou o papel fundamental desempenhado pelos profissionais da comunicação social na consolidação da democracia e na promoção do direito à informação. No entanto, a associação sindical deixou alertas sobre o avanço da IA e seus desafios, atenção à independência dos órgãos públicos de comunicação e o exibicionismo pessoal em detrimento do espírito de serviço público, que a seu ver não abona a classe.
No dia que evoca o nascimento de Luís Loff de Vasconcelos, em 1861, a AJOC escreve que reafirma o seu compromisso inabalável com a defesa da liberdade de imprensa e alerta que com o avanço das tecnologias, sobretudo da Inteligência Artificial (IA), “impõe-se novos desafios que merecem uma reflexão cuidadosa”.
“Sem o olhar crítico e a sensibilidade humana, o exercício do jornalismo arrisca-se a perder a perspetiva do interesse público, que deve ser sempre o foco central” lê-se na comunicação, reconhecendo, no entanto, que a IA é uma ferramenta inestimável para otimizar processos e ampliar horizontes, quando usado de forma moderada.
A independência dos órgãos públicos de comunicação continua no rol de preocupações da AJOC, que apesar de reconhecer progressos, advertiu que a presença de membros do Governo anunciando projetos de inovações nesses órgãos suscita “legítimas dúvidas” acerca da sua real autonomia e salvaguarda da liberdade editorial.
Exibicionismo pessoal, clima de hostilidade e “pseudo jornalistas”
A associação também atentou à questão do exibicionismo pessoal que alguns profissionais têm priorizado, especialmente nas redes sociais.
Segundo a AJOC, este tipo de comportamento em nada abona a classe e debilita a credibilidade dos profissionais da área, “pois confunde a sociedade sobre o verdadeiro papel do jornalista como guardião da informação”.
A AJOC aponta, também, um clima de hostilidade, agravado pelos ataques vindos das redes sociais em que “pseudeojornalistas agem sem qualquer rigor ético ou profissional, tornando ainda mais difícil a tarefa de informar com isenção”.
Sobre este fenómeno, a associação afirma que tem alertado para esses riscos e apela para que nenhum profissional se deixe intimidar, reforçando a importância de atuar com responsabilidade em prol de uma informação de qualidade.
União e coesão
Diante dos obstáculos apontados, a associação sindical aponta a necessidade de união e coesão entre os jornalistas surge como prioridade.
“Somente com solidariedade e espírito de classe será possível defender os interesses comuns da profissão e manter a imprensa livre de pressões externas”, reitera.
“Assim, ao celebrarmos o Dia Nacional do Jornalista, que faz jus à memória de Luís Loff de Vasconcelos e ao legado que ele nos deixou, renovamos a esperança de ver o jornalismo cabo-verdiano cada vez mais forte e comprometido com o interesse público”, termina, parabenizando todos os profissionais da classe.