Para além de ser um ano pré-eleitoral, com a vista às legislativas, 2025 será um ano de muita movimentação político/partidária, a começar pelo PAICV que, no primeiro trimestre, terá de escolher uma nova liderança para o partido. O MpD também terá, igualmente, de clarificar as águas depois da estrondosa derrota.
A Comissão Política do PAICV estará reunida nos dias 04 e 05 para analisar os resultados das eleições autárquicas e marcar a data da eleição directa do novo presidente do partido, definir o próximo congresso e estabelecer o número de delegados que participarão no evento.
Nessa reunião, Rui Semedo desvendará o seu futuro político. Com a vitória do PAICV nas eleições autárquicas, conquistando, pela primeira vez, a maioria das Câmaras, o actual líder do partido sente-se legitimado para concorrer à sua sucessão, mas há movimentações no sentido de se apresentar outras candidaturas ao cargo, com vista a concorrer para primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas.
Numa recente conferência de imprensa para fazer o balanço da reunião da Comissão Política do PAICV, logo após às eleições autárquicas, quando questionado sobre uma eventual renovação da liderança do partido, Nuias Silva, que é apontado como um dos interessados ao cargo, afirmou que se está a aguardar a decisão do actual presidente Rui Semedo.
“Temos um líder que merece o tempo necessário para reflectir e comunicar a sua posição. Caso Rui Semedo opte por não continuar, estarei disponível para contribuir de forma convergente e inclusiva na construção de uma agenda forte que mobilize o partido e o país”, garantiu.
O vice presidente do PAICV ressaltou, no entanto, que a prioridade é reforçar a unidade e a coesão dentro do partido, enquanto se planeiam os próximos passos estratégicos.
Janira Hopffer Almada, que já liderou o PAICV, ao que parece está fora da corrida. Contudo, há sinais que de estará por trás de uma eventual candidatura de Francisco Carvalho, que também se sente legitimado depois da estrondosa vitória nas eleições autárquicas, o que lhe proporcionou uma maioria absoluta na Câmara da Praia.
Ulisses de “pedra e cal” na liderança do MpD
Mesmo perante alguma pressão interna, ao que tudo indica, o líder do MpD, Ulisses Correia e Silva vai cumprir o seu mandato e, eventualmente, concorrer nas eleições legislativas de 2026. Uma reunião da Direcção Nacional do partido foi convocada para 11 de Janeiro, para definir orientações estratégicas para reposicionar o MpD e reforçar sua acção política.
“Queremos ir ao encontro das vontades dos cabo-verdianos e, com humildade e inteligência, percorrer o caminho necessário para continuar a ser o maior partido de Cabo Verde”, ressaltou o vice-presidente do MpD, Fernando Elísio Freire, na “ressaca” das eleições autárquicas.
Órgãos externos à Assembleia Nacional
O Parlamento deverá eleger os membros dos cargos externos à Assembleia Nacional, no decurso do primeiro trimestre de 2025: Juízes do Tribunal Constitucional; membros da Comissão Nacional de Eleições; da Autoridade Reguladora da Comunicação Social e da Comissão Nacional de Proteção de Dados estão com mandatos caducados.
Também no primeiro trimestre de 2025, o Governo deve propor ao Presidente da República o nome do Procurador Geral da República e dos membros do Tribunal de Contas.
Na segunda sessão parlamentar de Dezembro, a deputada do MpD Isa Miranda apelou, à criação de consensos para a eleição dos órgãos externos à Assembleia Nacional.
“Não é admissível que enfrentemos há quase quatro anos a eleição dos órgãos externos ao parlamento, nomeadamente o Tribunal Constitucional, o Tribunal de Contas, a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD), a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e a Autoridade Reguladora para a Comunicação Social (ARC)”, notou.
A eleição dos membros dos órgãos externos à Assembleia Nacional exige maioria de dois terços e, por isso, esta deputada do MpD pediu a colaboração do PAICV na procura de consenso para a escolha dos nomes para esses cargos.
