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Sociedade

PJ detém mais suspeitos de falsificação de documentos para obtenção de vistos

A Polícia Judiciária (PJ), através da Secção Central de Investigação de Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (SCICCEF), deteve na última semana, seis indivíduos com idades entre 29 e 52 anos em várias zonas da cidade da Praia. Entre os detidos, três são homens e três mulheres, sendo cinco de nacionalidade cabo-verdiana e um da Guiné-Conacry.

As detenções, realizadas em cumprimento de mandados de busca emitidos pelo 1º Juízo Crime da Comarca da Praia e promovidos pela Procuradoria da Comarca da Praia, decorreram, segundo uma fonte policial, de uma investigação que aponta o grupo como responsável por crimes como burla qualificada, falsificação de documentos, posse de armas de fogo, usurpação de identidade e formação de quadrilha.

O esquema, conforme a mesma fonte, envolvia a produção e venda de documentos fraudulentos a cidadãos interessados em obter vistos para Portugal, emitidos pela Embaixada de Portugal em Cabo Verde. Em troca de pagamento, os documentos falsificados eram apresentados como garantias para a emissão dos vistos.

Entre os detidos, o líder do grupo, de nacionalidade guineense de Conacry, é apontado como o principal articulador do esquema. Este indivíduo já havia, ainda segundo a mesma fonte, sido acusado de crimes como usurpação de identidade, posse ilegal de armas, burla e falsificação de documentos, mas violou uma medida de coação anterior, que exigia apresentação periódica às autoridades.

Durante a operação, a PJ apreendeu documentos, telemóveis, dispositivos de armazenamento, tablets, um computador portátil e uma viatura pertencente ao líder do grupo. Após serem apresentados às autoridades judiciais, o Tribunal da Comarca da Praia determinou medidas de coação diferenciadas: cinco dos arguidos deverão apresentar-se periodicamente às autoridades policiais, enquanto ao líder do grupo foi decretada prisão preventiva.

Outro caso

O Tribunal da Praia aplicou há duas semanas prisão preventiva a um individuo de 53 anos, residente no Palmarejo, detido pela Polícia Judiciária (PJ), por suspeitas de envolvimento em falsificação de documentos, burla e auxílio à emigração ilegal.

Conforme a PJ, a detenção ocorreu no âmbito de uma operação conduzida pela Secção Central de Investigação de Corrupção e Criminalidade Económica e Financeira (SCICCEF), com base em mandado de busca emitido pelo Ministério Público.

O suspeito é apontado como responsável pela criação de documentos fraudulentos, como contratos de trabalho, extractos bancários e declarações de vencimentos, todos falsificados com carimbos de instituições públicas e privadas, para facilitar pedidos de vistos de longa duração para Portugal.

Mercado negro lucrando

As autoridades cabo-verdianas e portuguesas têm enfrentando críticas pela falta de avanços em investigações sobre redes criminosas que açambarcam vagas para pedidos de vistos de longa duração, transformando-as num negócio lucrativo no mercado negro. Um cenário de exploração tem prejudicado cabo-verdianos que buscam melhores condições de vida no exterior.

Denúncias recentes revelam, entretanto, que o agendamento para pedidos de visto de longa duração, realizado através da plataforma da VFS Global, foi tomado por redes ilícitas que cobram até 900 euros, mais de 90 contos, para garantir uma vaga, num país onde o salário mínimo ronda os 150 euros (15 contos).

Geremias S. Furtado

Publicado na Edição 904 do Jornal A Nação, de 26 de Dezembro de 2024

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