Por: Felisberto Moreira*
Os resultados eleitorais autárquicos do dia 1 de dezembro, trouxe muita euforia, , portanto, um ambiente muito favorável, aumentando as expetativas no seio dos militantes, amigos e simpatizantes do PAICV em mais uma vitória expressiva, desta feita, nas eleições legislativas de 2026. Começam, obviamente, a apontar novos potenciais candidatos à liderança do partido nas eleições primárias que se avizinham, aquele(a) que, uma vez eleito(a), será candidato(a) ao cargo de Primeiro Ministro de Cabo Verde.
Não obstante este ambiente eufórico, vencer as próximas eleições, exigirá da parte dos dirigentes do partido e desses pretendentes ao cargo do Primeiro-Ministro, muito trabalho: a construção de consensos, numa abordagem estratégica, diplomática e inclusiva, tendo sempre em atenção, o equilíbrio entre as aspirações pessoais dos líderes e os interesses maiores do partido.
Os dirigentes devem sair da sua “zona de conforto” e desenvolver intensas negociações, à procura de um “ponto de equilíbrio”, ou de consensos para que todos (partido, militantes, amigos, simpatizantes e o povo em geral) saiam a ganhar.
É que, do outro lado, temos o partido no poder, o Movimento Para a Democracia (MPD) que, ao “receber” o “cartão amarelo” do eleitorado, começa a traçar a sua estratégia política, visando a renovação do mandato nas próximas eleições legislativas, pois segundo um dos seus altos dirigentes, “o MPD fará de tudo para continuar a merecer a confiança dos cabo-verdianos e vencer as próximas eleições legislativas”. Para esse partido, um eventual insucesso do PAICV nas negociações, contribuirá, sem sombra de dúvidas, para o seu renovar de esperança em renovar o mandato em 2026.
Na perspetiva de dar o meu módico contributo para esse gigantesco “exercício”, o de procura de consensos entre os pretendentes ao palácio da Várzea, deixo aqui as seguintes sugesatões:
Diálogo aberto e honesto, através da convocação de uma reunião estratégica entre os líderes, mediado por uma figura respeitada dentro do partido, para alinhar expectativas e interesses, focado nos objetivos maiores da organização, minimizando disputas individuais e a exploração de interesses comuns (ambos devem reconhecer que a unidade e o fortalecimento do partido são prioritários para alcançar a vitória eleitoral);
Definição clara de critérios de liderança para definir a escolha do próximo candidato a Primeiro-Ministro, baseados em fatores como popularidade junto ao eleitorado, resultados eleitorais anteriores, experiência política e administrativa, capacidade de mobilizar apoio interno e externo, envolvimento da base;
Cooperação entre líderes, ou seja, divisão de papéis estratégicos e garantias mútuas que permitam maximizar as forças de cada líder (ambos devem concordar em trabalhar juntos independentemente de quem liderar a candidatura, preservando a unidade do partido);
Definição do cronograma de decisão interna (organizar primárias ou congresso interno democrático para escolher o candidato, garantindo transparência e legitimidade, em tempo adequado, com antecedência suficiente para permitir que o partido se una em torno do candidato escolhido) e, finalmente,
Apostar numa comunicação estratégica (mensagens de unidade, evitando conflitos públicos ou retórica divisiva e focar em mensagens que promovam a coesão e o compromisso com o bem comum). Ambos os líderes devem comprometer-se publicamente a apoiar o escolhido/a, reforçando a imagem de um partido unido.
O líder mais experiente, devido à sua história e influência, pode ser mais adequado para um papel de articulador, enquanto os líderes mais jovens têm potencial para galvanizar o apoio de eleitores em busca de renovação.
A escolha final deve refletir não apenas a dinâmica interna do partido, mas também as expectativas do eleitorado.
Um processo justo e transparente aumentará a confiança dos membros do partido e da população na liderança escolhida, maximizando as chances de vitória nas eleições legislativas.
Essa abordagem equilibrada pode ajudar a preservar um ambiente saudável dentro do partido e fortalecer sua posição no cenário político.
Que ninguém pense em vencer as próximas eleições legislativas num contexto de guerrilha interna, à procura de protagonismo e interesses pessoais em detrimento de interesses coletivos! Um candidato pode facilmente ganhar internamente, mas perder externamente, pois quem decide é o Povo!
Todos são necessários para construir um partido unido e coeso, capaz de vencer todos os desafios.
*Professor Universitário
Mestre em Gestão de Empresas