Pedro Leitão-Bubista e seus pupilos entram em campo hoje, sexta-feira, pelas 15 horas, no Estádio Nacional – Praia, para defrontar a congénere do Egipto, naquela que é a quinta jornada do Grupo- C, a penúltima, tendo em vista a qualificação para a CAN 2025. Mas desta vez, os Tubarões Azuis, com os seus míseros três pontos, estão forçados a empunhar um slogan bem americano: “Ganhar não é tudo… é a única coisa”.
Cabo Verde está obrigado a vencer os dois últimos jogos desta fase preliminar da CAN: o de hoje, dia 15, frente ao Egipto, mas também o da próxima terça-feira, 19, contra a Mauritânia. Isso, claro está, se quiser manter viva a esperança de chegar ao Reino dos Marrocos, palco da finalíssima, em 2025.
Mas atenção, mesmo que os insulares ganhem estas duas decisivas partidas desta segunda volta, não é líquido que se apurem. Na verdade, com uma das duas vagas já ocupada pelos egípcios, Cabo Verde tem como concorrente à vaga sobrante o seu próprio carrasco – o Botswana, o segundo classificado que, só nesta edição da CAN, o derrotou por duas vezes consecutivas (0-1, na Praia; 1-0, em Gaberone), perfazendo seis preciosos pontos.
Isso significa que, em rigor, os Tubarões Azuis (TA) deixaram de depender de si próprios para chegar à finalíssima. Estão forçados a ganhar, tanto os Faraós egípcios como os Mourabitones mauritanianos e esperar que os Zebras do Botswana percam ou que, no máximo, empatem diante do Egipto e diante da Mauritânia, seus próximos dois adversários nesta corrida. Mas caso o Botswana, que joga 3 horas antes de Cabo Verde, vencer a Mauritânia, os TA entram em campo para apenas para cumprir o calendário. Estarão automaticamente fora da CAN 2025.
Depois do jogo de hoje – ganhando ou perdendo – a caravana cabo-verdiana segue imediatamente para Nouakchott, a capital mauritaniana, para o derradeiro jogo no Estádio Cheikha Ould Boidiya, agendado para às 14h00 de Cabo Verde.
O sentimento de Bubista para este jogo
Após dois jogos seguidos sem ganhar, ambos frente ao Botswana, reina no seio dos atletas e da própria equipa técnica um relativo pessimismo, em resultado também do lugar ocupado agora pelos TA nesta derradeira fase – penúltimo lugar. É o que se depreende das palavras do próprio Bubista, em declaração recente aos jornalistas: “É um momento menos bom, temos de ser frontais em relação a isso… Neste momento todos nós estamos extremamente tristes, mas há que ter confiança… porque este grupo de jogadores já demonstrou que consegue lutar até ao fim”.
Sim, há que ter esperanças. E por agora, para quem assiste da bancada, vale a táctica de S. Tomé: ver para crer.
Uma remota esperança para a única vaga agora em disputa
Para quem não sabe, neste momento há apenas uma vaga em disputa no Grupo C. A poderosa selecção egípcia já é dona e senhora da primeira. Os Faraós são os únicos a somar todos os pontos, num total de 12, mercê das suas quatro vitórias em quatro jogos, podendo ainda chegar aos 18, se hoje voltar a derrotar os TA e, na próxima semana, os Zebras do Botswana. Ou seja, até agora, nesta etapa preliminar, levaram de vencidos, todos os seus adversários, sendo que Moçambique foi por eles ferido duas vezes.
Ora, como se sabe, esta fase da CAN não gera dinheiro vivo em favor das selecções nacionais vencedoras, contrariamente à Champions League europeia, em que todos os jogos são para ganhar e… facturar. Justamente por isso – e sendo certo que os Faraós já estão com o passaporte carimbado rumo a Rabat – há uma hipótese, ainda que remota, de Hossam Hassan, o seleccionadaor egípcio, “facilitar” a vida a Bubista, fazendo descansar pelo menos três dos seus melhores activos: o capitão Mohamed Salah, extremo direito do Liverpool; Mostafa Mohaamed, avançado do Nantes, clube francês que precisa de pontos para sair da 11ª posição em que se encontra na Ligue-1; Omar Marmoush, o ponta-de-lança do Entracht Frankurt, da Bundesliga. Ou ainda Rami Rabia, defesa-central do Al-Ahly, que milita no campeonato saudita, autor de dois dos três tentos da goleada infligida a Cabo Verde pelo Egipto (3-0), a 6 de Setembro, no jogo da primeira mão, no Stad El-Qahira El-Dawly.
Mas isso são apenas conjecturas que o próprio Bubista, seleccionador nacional, já disse que recusa fazer.
Para este jogo, ele convocou: Bruno Varela e Márcio da Rosa (GR); Edilson “Diney”, Dylan Tavares, J. Paulo, Kelvin Pires, Logan Costa, R. Lopes “Pico”, Steven Moreira e Wagner Pina (defesas); Deroy Duarte, Jair “Yannick”, Jamiro Monteiro, Kevin Pina, Laros Duarte, Patrick Andrade e Telmo Arcanjo (médios); Dailon Livramento, Garry Rodrigues, Jovane Cabral, G. Benchimol, H. Varela e Ryan Mendes (avançados).
Em busca da quinta participação numa fase final da CAN
Esta é a 35ª edição do torneio bienal de futebol africano organizado pela CAF. Trata-se da Copa das Nações Africanas de 2025, também conhecida como AFCON 2025 ou CAN 2025.
A fase preliminar em curso teve início em Setembro de 2024 e envolveu 48 equipas concorrentes às 24 vagas para o torneio do Reino de Marrocos. Nela Cabo Verde entrou com um objectivo concreto: carimbar a sua quinta presença na finalíssima.
A primeira vez em eu lá esteve foi em 2013, na África do Sul, com o seleccionador Lúcio Antunes, sendo que os TA não ultrapassaram a barreira das quartas de final. Foram eliminados pelos Black Stars, do Gana; a segunda, em 2015, na Guiné Equatorial, com o português Rui Águas no comando técnico – sequer chegou às quartas de final; a terceira e quarta, sob orientações do técnico ainda em funções, Pedro Bubista: nos Camarões, em 2021 sendo que Cabo Verde não passou a fase de grupos; em 2023, na Costa do Marfim, agora a caírem aos pés dos Bafana-Bafana, da África do Sul, falhando o assalto às meias-finais. Bubista procura agora a quinta presença.
Os Elefantes da Costa do Marfim são os actuais detentores da Taça, a 34ª edição. Foram eles que sediaram e venceram a competição em 2023.
Grupo C. Classificação à 5ª jornada
1º- Egito – 12 pontos ( 4 jogos; 4 vitórias; 0 empates; 0 derrotas)
2º- Botswana – 6 pontos (4 jogos; 2 vitórias; 0 empates, 2 derrotas)
3º- Cabo Verde – 3 pontos (4 jogos; 1 vitória; 0 empates; 3 derrotas)
4º- Mauritânia – 3 pontos (4 jogos; 1 vitória; 0 empates; 3 derrotas)
Santa Clara*
Publicado na edição 898 do Jornal A Nação, de 14 de Novembro de 2024