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A perda da masculinidade

Por: Olímpio Tavares*

Em geral, o homem está a tornar-se mais frágil do ponto de vista da sua masculinidade, em Cabo Verde. Isso deve-se, a meu ver, a um conjunto de fatores, tais como: famílias monoparentais e pais debilitados; feminismo exacerbado; consumo de produtos feminizantes; consumo excessivo de álcool e outras drogas; e perdas de referências masculinizantes.

Um dos elementos decisivos para a formatação de uma masculinidade forte é estar integrado numa família estruturada, onde cada elemento do agregado familiar desempenha a sua função de acordo com aquilo que é esperado pela sociedade. No entanto, não é isso que acontece na maior parte dos casos. O que se verifica é que encontramos, em Cabo Verde, a maior parte das famílias monoparentais, onde a figura do pai é inexistente. Encontramos também famílias onde existe a figura do pai, mas bastante debilitada e afetada por alguns males sociais de que falaremos mais à frente.

Essa condição de pai ausente e pai debilitado acaba por condicionar negativamente o futuro do rapaz, que cresce num ambiente onde o pendor feminino é quase exclusivo, onde o rapaz, futuro homem, fica sujeito, na maior parte dos casos, a uma educação permissiva, frouxa, e muito baseada em aspetos excessivamente emocionais e protecionista. Isso faz com que a masculinidade do rapaz seja fraca, com consequências nefastas para a escola, para a família, e para o ambiente social. 

Outro aspeto que enfraquece a masculinidade é o feminismo exacerbado. Isso pode ser observado no comportamento de algumas mulheres, sobretudo nas famílias monoparentais, onde elas desempenham, ao mesmo tempo, papéis de mãe e de pai, feminizando assim o papel de pai. Há casos de pais presentes, mas que não têm uma força masculina em casa. Ou porque não tem um conjunto de valores que ele próprio põe em prática, tais como: a assertividade, a ordem, facilidade para tomar decisões em tempo oportuno, entre muitos outros, ou padece de um dos males sociais que afetam a nossa sociedade, tais como o consumo de álcool e outras drogas, ou por outras razões. 

A perda da masculinidade também se dá pelo consumo de produtos claramente feminizantes. Podemos tomar como exemplo o leite, o óleo de soja, o pão, a margarina, açúcar, etc. Esses produtos, e outros possivelmente, põem em baixo a energia que alimenta toda a virilidade, que é caraterística de um homem forte. Infelizmente, alguns desses produtos, nomeadamente óleo de soja e açúcar, estão presentes em grande parte dos produtos que consumimos frequentemente. E, quando o homem consome diariamente esses produtos, acaba por afetar, por exemplo, a qualidade de testosterona, que é o hormónio motor da masculinidade e da potência sexual do homem. 

A masculinidade é ainda afetada pelo consumo de álcool e outras drogas. Ambos são depressores do organismo humano, afetando negativamente o corpo e a mente. O consumo excessivo desses produtos faz com que o caráter do homem fique profundamente prejudicado e os valores que enformam a sua masculinidade ficam claramente em causa. 

Para terminar, convém dizer, também, que uma das causas da perda da masculinidade é a falta ou ausência de referências sociais e familiares de comportamentos tipicamente masculinos, mas assertivos e desejáveis. Penso por exemplo, num pai que cumpre a sua palavra perante a esposa e os filhos; um pai provedor e afetivo, que põe a sua família em primeiro lugar e sacrifica por isso; que toma decisões em tempo oportuno, sem medo de errar; que trabalha para sustentar a si próprio e a sua família, em complemento com a esposa; que utiliza um vestuário que transmite uma masculinidade forte, acompanhado pela postura correta de andar e de falar com as pessoas. 

Enfim, um homem no qual a sociedade vê nele um exemplo de ser homem. Ou seja, um homem realista, com os pés bem assentes na terra; um homem provedor, que cuida dele e dos seus; um homem que aprecia a honestidade, reconhece as suas falhas, estabelece compromissos sérios nas diversas relações sociais; um homem consciente dos seus direitos e deveres em todas as circunstâncias sociais. É este tipo de homem, a meu ver, que a sociedade precisa, quer seja na família, no trabalho, no divertimento, no sexo, e em todas as outras circunstâncias que a vida nos proporciona ao longo da nossa existência. 

*Mestre em Supervisão Pedagógica

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