Emigra para Portugal em 1999, com apenas 12 anos. Regressa este ano à terra natal, onde quer ver crescer os filhos, por dois motivos: qualidade de vida e potencial para um negócio, que, aliás, já decolou.
Luísa Lopes, natural da Cidade da Praia, desembarcou, em Julho último, na sua terra natal, acompanhada de dois filhos menores e do marido, português, pronta para enfrentar novos desafios, na terra que a viu nascer, há 37 anos.
Um dos motivos para este regresso, segundo conta ao A NAÇÃO, é a segurança e qualidade de vida que se pode ter aqui. “Acho que Cabo Verde é um bom sítio para viver e criar meus filhos”, revela a emigrante.
Por outro lado, nas suas férias em família, diz ter reconhecido em Cabo Verde um potencial de desenvolvimento, que a fez ter vontade de abrir aqui um negócio. “Sentimos que Cabo Verde está a crescer. Sempre que viemos de férias, vimos aqui um grande potencial e resolvemos vir aqui investir, apesar de já termos uma vida estabilizada em Portugal”, confessa.
Há cerca de três anos vem trabalhando no projecto, agora implementado através da empresa Lopes Teixeira Doces e Salgados.
A empresa trouxe uma proposta de produção de doces e salgados, fritos e/ou congelados, entre os quais coxinhas, rolinhos de salsicha, churros, bolinhas de queijo, entre outros, produzidos de forma industrial, com recurso a uma máquina importada do Brasil.
Para breve, – e para aqueles que procuram uma oferta mais lite, pretende introduzir, ainda, os salgados que vão ao forno, como empadas e outros, para abranger outros públicos e paladares. “O nosso diferencial é que o nosso salgado é feito todo à máquina. Nós também controlamos a temperatura e qualidade do óleo e os salgados são fritos por um máximo de três minutos”, explica.
Vendas na Cidade da Praia
Neste momento, a Lopes Teixeira Doces e Salgados faz vendas um pouco por toda a Cidade da Praia, e as compras são feitas sob encomenda.
Entretanto, a empresária pretende, brevemente, colocar seus produtos em supermercados, assim como estabelecer parcerias com outros empreendedores, criando uma rede de ajuda mútua entre negócios. Isto porque, conforme denota, a produção é feita em grande escala – cerca de dois mil salgados por hora, o que implica expandir a cartela de clientes.
Outra meta é abrir um espaço físico onde as pessoas possam encontrar os produtos, e que seja exclusivamente dedicado a este tipo de doces e salgados, uma oferta que, conforme nota, ainda faz falta no mercado.
Ainda dando os primeiros passos no mercado, neste momento a empresa conta com mais um colaborador, mas Luísa reconhece já precisar contratar mais gente, nomeadamente um distribuidor, tendo em conta o aumento gradual dos pedidos.
Inspiração para outros emigrantes
Enquanto emigrante que decidiu investir em Cabo Verde, Luísa Lopes diz que o processo não é fácil, que é preciso muito foco e saber exatamente o que se quer fazer.
“Eu cheguei aqui com um objectivo certo daquilo que quero fazer, com o dinheiro necessário para investir e para suportar a minha família até o negócio dar certo. Nós sabemos que nenhum negócio escala em menos de seis meses, pelos menos. É preciso dar seu tempo e nós nos preparamos para isso”, explica.
Não obstante, diz que o processo tem sido gratificante, até pelas várias mensagens que recebe de outros emigrantes, cabo-verdianos e descendentes, amigos em França, Portugal e Estados Unidos da América, que se sentem inspirados também a seguir por este caminho. “Muitas pessoas me dão os parabéns pela iniciativa e pela coragem de regressar a Cabo Verde e abrir aqui uma empresa”, revela.
Quanto ao processo burocrático, diz que existe alguma ajuda, mas as informações necessárias para aceder a essa ajuda não estão disponíveis da forma mais clara, especialmente para quem, como ela, saiu do país ainda criança e regressa agora, o que torna o caminho mais lento.
Luísa Lopes é formada em gestão hoteleira, mas possui outras formações complementares, desde a área da saúde à tecnologia, tendo em vista desenvolver a sua experiência profissional e pessoal.