Por: José Sanches
Depois de muita expetativa, eis que o governo, ouvindo os partidos políticos, decidiu escolher 1 de dezembro de 2024 como a data em que os residentes nas ilhas irão escolher o governo dos respetivos municípios. As eleições autárquicas são sempre momento de grande importância, em que os residentes nos diferentes municípios irão escolher quem vai liderar o processo de desenvolvimento e de transformação dos seus municípios, e quem irá ser o representante nas Assembleias Municipais, de situação, assim como quem vai fazer a oposição.
Hoje, mais do que nunca, nenhum munícipe deve ficar de fora, permitindo que outros exerçam o dever cívico de escolher, por eles, o governo municipal. Eis o momento de premiar aqueles que estão a trabalhar bem, castigando destarte, os que ficaram 4 anos na quietude existencial, esperando estes tempos dourados de pré-campanha e campanha eleitoral para enganarem os menos atentos. Mas, quero crer que o eleitorado cabo-verdiano está amplamente esclarecido e dono das suas próprias consciências, ao ponto de saberem diferenciar, claramente, o “trigo do joio”.
1 de dezembro de 2024, todos nós somos chamados a avaliar o saneamento dos nossos municípios, a infraestruturação, a habitação, o fornecimento de água, os transportes escolares, o apoio às propinas, o apoio aos lares de terceira idade, o pré-escolar, a cooperação municipal, a juventude, a cultura, o desporto, a TRANSPARÊNCIA na gestão da coisa pública, a venda e o comércio de terrenos, a urbanização, a gestão de solos, o ambiente, a cooperação descentralizada, o resultado das viagens dos nossos autarcas, o nível de política que se fazem nos nossos municípios, a capacidade das equipas camararias em apresentarem projetos de gestão e transformação dos nossos municípios, o relacionamento institucional dos nossos autarcas, a visão e a preocupação com as questões locais, nacionais, regionais e quiçá internacionais…enfim, a capacidade de o governo local ser ambicioso, responsável, audacioso, íntegro, justo e responsável.
Em Cabo Verde temos 22 municípios e teremos, certamente, mais de 50 projetos diferentes de governação dos nossos municípios. Esperemos que os projetos de governação possam ser razoáveis e exequíveis e que reflitam as necessidades e as vontades dos municípios e das suas gentes.
Nestas eleições autárquicas, 1 município salta logo à vista, como sendo, o palco da maior disputa eleitoral. Estou-me a referir a Capital do País, o Município da Praia por várias razões. Senão vejamos:
1 – O atual autarca da Praia, Francisco Carvalho com o seu projeto de Praia para todos, esteve durante estes quase 4 anos como um ‘osso’ duro de roer pelo governo, pelo partido que sustenta o governo e pelos poderes judiciais. O atual primeiro-ministro assumiu a disputa da Praia como sendo a prioridade das prioridades, relegando os outros municípios para um segundo plano. Sendo assim, a vitória de Francisco Carvalho e do seu projeto Praia para todos, configurará uma derrota do próprio Primeiro-Ministro.
2 – As eleições autárquicas de 1 de dezembro, será um jogo de 2 em 1. O Primeiro-Ministro ao dar o ‘peito a bala’ com a famosa frase de “Nu sta bai toma Praia custe o ki custar”, sabe que se perder, a derrota de 2026 fica muito mais perto para ele e todo o sistema de governo ‘ventoinha’ que, neste momento, deixou de governar para fazer campanha para recuperar, fundamentalmente 3 municípios que estão nas mãos de autarcas do PAICV, a saber: Praia, Tarrafal de Santiago e Boavista.
3 – O projeto “Praia para todos”, transformou a capital do País em maior palco de disputa. Contudo, a forma como o atual autarca foi sufocado pelo governo e pelas instituições do governo, acabou por dar visibilidade e notoriedade ao Francisco Carvalho, ao ponto de o candidato escolhido pelo governo andar às ‘sopas’ para poder convencer algum eleitorado da capital. Outrossim, o desnorte do Primeiro-Ministro e do seu candidato é tanto, que o lema que escolheram, parece mais uma tentativa desesperada de quem quer, a todo o custo, ‘assaltar’ a CMP, para desferir o golpe final que foi interrompido nas eleições autárquicas de 2020. Sabem os deuses, as razões, porque o povo da Praia, não escolheu os ditos ‘galos’ para o governo do município. Ainda, vão carregar mais panelas nos próximos tempos. Embora o povo da Praia não precisa só de sopa às vésperas das eleições.
4 – No dia 1 de dezembro, penso que nem as ‘panelas de sopa’ irão livrar esse pessoal de mais uma pesada derrota. Agora, é preciso que o projeto de Praia para todos tenha uma equipa forte, coesa, com visão estratégica, humilde, íntegro e honesto para que os praienses possam renovar de forma clara e inequívoca mais 1 mandato de verdadeira transformação da nossa capital. Temos desafios enormes e penso que o PAICV deve estar à frente destes desafios. As obras tangíveis / físicas na Praia, devem ser acompanhadas daquelas obras intangíveis.
5 – Praia, cidade capital do país, será o palco maior destas eleições e tem-se notado nesses dias a azáfama em uma certa organização da sociedade civil que recebe dinheiro público e reúne com as pessoas para distribuir, assim como, certo ministério, que se transformou em sede de encontro das “rabidantes” aos domingos com os governantes que trabalham tanto, mas o país continua com o desemprego em dois dígitos. Enfim, eis o “dinheiro que nunca mais acaba”! Em breve, antes de 1 de dezembro, se calhar, temos que solicitar o reforço da polícia nacional, para que alguns ministros não transformem os ministérios em dormitórios.
Praia, capital do país será o centro de disputa, porque sabemos que a atual maioria que governa o país, não digeriu ainda a derrota de 2020, e mesmo perante várias vicissitudes, é preciso que a equipa de FC nas eleições de dezembro, ande com os olhos bem arregalados. Não é fácil combater esta gente, mas não devemos esquecer o adágio popular: “candeia que vai à frente, ilumina duas vezes”.
Na Praia, hoje mais do que nunca, devemos preocupar com projetos e visões que mudem e transformem a nossa cidade. Pois, o desenvolvimento e a transformação da capital do país trazem, por consequência, o desenvolvimento e a transformação dos municípios vizinhos e quiçá de todos os municípios de Cabo Verde.
Vamos cuidar da nossa cidade para que ela continue a ser: Praia Santa Maria de Vitória.