Por: António Andrade
Regresso ao Passado:
Intróito
Assim Caminha a Humanidade, seria com certeza um conceito benevolente cá trazido por nós, ao abrir este trabalho opinativo, mas não será, se olharmos unicamente ao título e conteúdo deste filme originalmente nominado Giant, rodado nos Estados Unidos na década de cinquenta, tendo o seu lançamento sido efectuado em 1956, do género drama, dirigido pelo genial George Stevens que ganhou Óscar de melhor director.
Nesse filme, contracenam além do famoso Rock Hudson, mais dois dos maiores astros do cinema hollywoodiano de todos os tempos, James Dean e Elizabeth Taylor, todos já falecidos incluindo o director, que ao tempo da visualização da película surpreendeu os cinéfilos naquilo a que se pode chamar de excelência na realização de uma obra cinematográfica, aliada à técnica e arte de representação frente às câmaras, que alcançou, sem dúvida, a plenitude quanto à qualidade estética demonstrada no estilo de actuação dos três actores.
Pese embora a forma como o filme expôs o retrato fiel da sociedade: cada um puxa à brasa sua sardinha, que desde os primórdios do crescimento da humanidade, os tempos e o comportamento da maioria dos nossos semelhantes se nos revelaram.
Ou seja, as diversas cenas de epísódios ocorridos no argumento, mostradas no roteiro da fita, mais ou menos indicam ao que se diz na gíria, cada um por si Deus por todos, cuja ideia iria mais de encontro aos interesses do racheiro (Bick Benedict – Rock Hudson) do que à afável generosidade da sua mulher (Leslie – Eliza Taylor).
Melhor dizendo, a trama ou o enredo do filme, roda à volta do interesse de um homem dono de um rancho com muitos trabalhadores sob suas ordens e devido à ganância, só usava o dinheiro para investir na pecuária, ignorando a pobreza das famílias mexicanas que efectuavam actividades na sua propriedade com a precariedade dos seus alojamentos. Ou seja, estava desinteressado quanto à melhoria das condições de vida dos que com árduo esforço, vinham contribuíndo para a grandeza do rancho, a nobreza e orgulho do seu proprietário.
Quem se salvou da situação foi o trabalhador (Jett Rink – James Dean) que herdou por testamento deixado pela irmã do dito racheiro, uma propriedade onde se descobriu poço de petróleo, dando azo ao conflito que se instalou entre entre este e aquele.
Por outro lado, ocorre que em cada fase desta nossa atribulada passagem por este mundo, vamos dando conta ao que se passa no ambiente em derredor e em dado momento, percebemos que tal conceito em referência e que intitulou o citado filme, possui diversos significados de índole comportamental, pelos quais se podem conhecer nos gestos e nas atitudes das pessoas perante a vida no seu relacionamento com os demais, “Assim Caminha…”.
Ora, o propósito desta opinião, à semelhança de outras que a antecederam, é reconhecer sempre em vida, o desempenho tido por relevante dos nossos artistas, i.e., enaltecer o esforço maior daqueles que com a sua letra, melodia e voz na área da música vocal ou instrumental e não só, deram um contributo assinalável, durante uma boa parte da sua vivência neste Planeta a revigorar a mente, o espírito e a alma humana, muitas vezes em troca de nada ou mal pagos.
Só por isso, estariam recordados sempre que possível, para se sentirem valorizados no seu percurso existencial.
Razão pela qual, tivemos o ensejo, mais uma vez, de escolher agora o renomado artista Pop, aliás Mário Pop, reconhecendo neste espaço os seus feitos positivos em prol do fortalecimento da auto-estima e do bem-estar espiritual das gerações. Sem esquecer, é claro, a participação do conjunto a que pertencia, o Les Flammes, no decorrer de uma boa parte dos anos 70.
Do que se sabe sobre Mário Pop, a igual que muitos outros patrícios, seguiu idêntico caminho da Migração, ou melhor Emigração, mas como homem no mar de túrbidas vagas – juntando ao rol das pessoas que andavam em barcos e ali exerciam seus ofícios de capítães, ou de marinheiro que neste último era condição do referenciado.
Dia da vitória
Do itenerário por ele seguido, logo no momento da partida, naquele tempo no cais da nossa infinita esperança e ansiedade, por mais que a memória se-nos atraiçoa, julga-se que no interior da sua consciência e de outros seus conterrâneos que escolheram igual caminho em busca da felicidade para alcançar uma vida melhor, não haveria outra expectativa se tudo correr sob os ditames da Providência, senão esta: “Um dia havemos de voltar!“.
Um dia, engolido pelas saudades no caminho do mar ou do corre-corre e do estresse das grandes metrópoles, a nota evocativa invariavelmente, seria a saudade que iria atormentar a alma do homem, iniciando-se na chegada à Terra Prometida e terminar no regresso à Mãe Pátria, por vezes no mesmo navio que lhe levou ou eventualmente nos teria levado, quer se queira, quer não, em ambos os casos, é o dia da nossa vitória!
Viagem com retorno
O tema Regresso, consta do Caderno de um Ilhéu (1955) do imortal Jorge Barbosa, bastante elucidativo, e que se transcreve:
“Navio aonde vais/deitado sobre o mar
Aonde vais/levado pelo vento?/Que rumo é o teu/navio do mar largo?
Aquele país talvez/onde a vida/é uma grande promessa/e um grande deslumbramento!
Leva-me contigo/navio.
Mas torna-me a trazer!
No entanto, Mário não teve de regressar tão cedo, para fugir à tropa no Ultramar, apesar de uma oportunidade que se lhe dera os membros do conjunto Voz de Cabo Verde para integrar uma digressão do grupo às então colónias do Mundo Português.
Vilezas da vida, o Yng e Yang
Mário Pop, nasceu em Mindelo na ilha de São Vicente em Cabo Verde em 1944, e pelas coisas desta vida viajou ainda muito jovem – Vide o site CABO VERDE & a música – museu virtual, fazendo parte da tripulação como marinheiro e cozinheiro num barco de longo curso em serviço.
Ali navegando, durante a azáfama marítima, enfrentando as oscilações da maré alta, passou pelas terras do Yng e Yang (da China eterna) e com a bonança alcançou o porto do Japão, onde o marítimo e marinheiro aproveitou-se para desembarcar em terra firme, nesse interim, na primeira oportunidade cantou para um grupo em tertúlias Yesterday, a famosíssima canção dos Beatles, onde foi muito aplaudido pelos presentes.
Referiu-se à pouco, aos termos Yng e Yang do Livro das Mutações o I Ching, tido como o oráculo ou sabedoria chinesa. Neles refletem-se formas de energias existentes que possuem dois pólos, o negativo e o positivo, que os taoistas acreditam que nenhum dos dois é mais importante ou melhor que o outro, mas que juntos se poderá encontrar o equilíbrio do Universo.
Desta forma, o famoso Livro identifica-os: o Yin representa a escuridão, o princípio passivo, feminino, frio e noturno. Já o Yang é a luz, o princípio activo, masculino, quente e claro, conforme as doutrinas e princípios orientadores do Taoismo.
Devir dos jovens
Naquele dia, ali nesse lugar longínquo do extremo oriente no País do Sol Nascente, como se viu, é que o artista, teve a oportunidade de cantar a lendária canção de Lennon/McCartney, e ao fazê-lo, retomara o bichinho da música que experimentara em Cabo Verde para mais tarde se Deus quizer, saltar com ela na Holanda dos velhos sonhos e de novas esperanças de muitos jovens que viviam aqui no torrão natal, mas depois se emigraram por essas terras que ficavam debaixo da linha do mar, parafraseando os nossos autores, em busca de uma vida mais condigna e por lá ficaram ou se estabeleceram por algum tempo e depois se arribaram para outro país, como viria acontecer com o nosso artista.
Sendo assim, com a Imigração cumpriu-se o devir dos jovens que sempre andaram à procura de se reencontrar num lugar ao Sol do sonho sonhado ao desejo único em obter nova vida no além-mar ou no além-fronteiras. Aconteceu com muitos deles e a sina repetiu desta vez, também com o artista, pelo que não fugiu à regra.
Sonho da esperança
A navegar e trabalhar num navio no mar alto tem seus desafios a cada milha que sucede. Mas, mesmo assim, a vontade de vencer na vida era inabalável e a realidade encontrava-se bem longe da Mãe Pátria Cabo Verde, i.e., na Holanda da Imigração e na França do sonho da esperança.
Mas antes, o barco ia sempre navegando, mas já com inclinação para o Ocidente, chegou desta vez, ao porto da cidade de Roterdão nos Países Baixos. Ali o homem do mar, ora um iniciante como artista se fixou temporariamente na cidade das casas cúbicas, e posteriormente foi para Paris em terras gaulesas, onde desde essa altura se encontra radicado.
La Bonanza e Luís Morais
Nos Países Baixos, em Roterdão, onde Mário inicialmente se desembarcou, este artista actuou várias vezes, num lugar famoso o La Bonanza, uma discoteca ali localizada, acompanhado pela primeira versão do conjunto Voz de Cabo Verde, constituído por Luís Morais e seus companheiros, e que mais tarde o maestro deu nome, a um dos seus mais célebres discos instrumentais, o LA BONANZA, editado em 1972.
Ídolo da juventude
Devido ao talento raro que Mário demonstrava na interpretação das músicas, na época foi referenciado para os cabo-verdianos, com realce no estrato mais jovem e também para os adultos e mesmo no seio dos seus companheiros da jornada de música, de que ele era usuário de grandes performances com a voz clara e melódica que tirava da garganta e saía com timbre forte e harmonioso, que agradava a tudo e todos, particularmente quando esteve no auge durante um bom período da década de 70.
Fez furor no início e durante esse percurso, como símbolo idolatrado da juventude com o som dos seus discos acompanhado pelo Les Flammes, e com este conjunto acabou por gravar cerca de seis LP`s, cinco na Holanda com a etiqueta Morabeza Records e mais um editado com o selo da Dó Lá Si Discos em Portugal.
Mário, Estrela Pop ou Pop Star!
Na Cidade Luz Paris, como atrás se disse, o artista teve a sorte de integrar como cantor nas lides musicais do conjunto Les Flammes, composto por uma plêiade de reconhecidos executantes de instrumentos musicais e que tiveram de o acompanhar muito bem, durante pouco mais de um lustro de tempo, cerca de 6 anos, de 1972 a 1978, com uns sons que tiravam dos instrumentos com que faziam os arranjos às canções que ele interpretava em discos que gravou e nos espectáculos que com ele o grupo realizava.
Mérito para Morgadinho como director musical e trompetista, do guitarrista Toy de Bibia, ambos também cabo-verdianos, do argelino Freh Kodja saxofonista, o baixista João Fragoso, o organista António Dourado e o baterista Manuel Ribeiro, estes três últimos de nacionalidade portuguesa.
Daí que, do que se ouvia e se ouve do show man e do conjunto e do som dos discos tocando, todos eles eram tidos como músicos experimentados e adaptados à diversidade de sonoridade, na altura na moda, organizados num grupo que tinha à frente no vocal, nada menos nada mais, do que o artista em referência, uma estrela Pop, Pop Star, Superstar como Mário era tratado pelos seus fans internamente no país e na diáspora.
Freh Khodja no sax tenor, em 1975, chegou a gravar com os seus companheiros do grupo, o disco que deu nome Ken Andi Habib, uma composição concebida por ele e gravada na faixa A2, bem como na A4 Ya Coladera, feita em parceria com o músico cabo-verdiano Cacoi.
Óptica do jornalista
Num texto de reportagem cheio de realismo, factor de qualidade do jornalista Kim-Zé Brito (KZB), publicado no jornal electrónico Mindel Insite, no dia 9 de Dezembro de 2019, intitulado “Mário Pop: O regresso de um cantor-ícone do “Voz de Cabo Verde” e “Les Flammes”, dizia a certa altura, que para a juventude cabo-verdiana actual, Mário Monteiro Ramos, era um ilustre desconhecido, mas que Mário Pop de seu nome artístico, “… esse cantor ainda representa um ícone para a geração dos anos 70, seguidores dos famosos grupos Voz de Cabo Verde e Les Flammes, este último formado na França por cabo-verdianos e músicos de outras nacionalidades“.
Continuou expondo que numa das noites que Mário saiu para se divertir na Holanda, este então marinheiro aproveitou um show do Voz de Cabo Verde na discoteca La Bonanza e pediu ao saxofonista Luís Morais para cantar uma música. Tendo cantado “Yesterday” e “You looking good”, canções que mais gostava de interpretar naquele momento.
O jornalista acrescentou que “…as suas duas canções predilectas na altura. A presença em palco e a voz sonante desse fã de Wilson Pickett, Tom Jones e James Brown impressionou de tal forma que foi logo convidado para integrar o grupo numa digressão pela França.
“Aceitei de bom agrado, não era todos os dias que recebia um convite dessa natureza” – contou o artista ao repórter – este afirmou que a partir daí, ele criou uma relação próxima com os músicos.
As duas músicas d´Os Beatles, em 45 rpm (rotações por minuto), produzido pela Editora Morabeza, que gravou na Holanda, encantou os fans da época em 1967 e o alcandorou à ribalta, devido ao modo como as interpretava.
O próprio teria afirmado que, “Yesterday foi a música que me deu projecção. Foi sem dúvida a canção mais famosa que gravei”.
KZB prosseguiu dizendo que, “Conhecido no mundo artístico por Mário Pop – devido ao seu cabelo “black power”, as calças “boca d’sino”, os sapatos de salto alto e o estilo de música que gostava de cantar“. E com o regresso do artista a Paris onde se encontravam Morgadinho e Toy, “… surgia, entretanto, uma nova luz na sua carreira. Nascia o “Les Flammes” na França, além do referido cantor – “integrado pelos músicos cabo-verdianos, um trio português e um argelino“.
A reportagem foi feita por ocasião do V Baile do Emigrante, realizado em Mindelo em 2019, tendo concluído que, “Enquanto cantor, gravou seis discos com o grupo e animou um grande número de bailes na Europa“.
Migração, caminho da Emigração e Imigração
Migração é um termo bastante amplo e que domina a actualidade informativa nos meios de comunicação social sobretudo do Velho Continente, e que faz referência a todos os tipos de deslocamentos que acontecem no espaço.
Quando nos referimos aos processos de Emigração ou Imigração, damos ênfase na direcção em que esses movimentos ocorrem.
Para sermos directos, vamos ensair a explicação destes fenómenos utilizando esquemas de raciocínios seguintes:
Enquanto um Emigrante deixa seu lugar de origem com propósitos vários para ir radicar-se num outro país, a um imigrante considera-se que chega ao país de destino vindo de um outro. Ou então entrou num novo território, vindo da sua terra de nascença ou do estrangeiro.
Neste sentido, o acto de saída – só para se situar – é chamado de Emigração, como se disse. E neste caso em particular os dicionários todos eles são prenhes nisto: emigrar é “sair de um país para ir viver noutro“¹.
Sabe-se que as causas que provocam a Emigracão talvez não sejam essencialmente as secas e a pobreza da terra, mas também as guerras, as calamidades naturais, a procura de trabalho ou um outro melhor que o anterio, agregamento familiar, o estudo ou em busca da saúde etc.
E quanto à Imigração, os sites referem à chegada de uma pessoa ou um grupo de pessoas a países que não sejam os de origem. Ou seja, como atrás se disse, entrada de pessoa ou indivíduos num Estado vindos de um outro.
Assim, o movimento internacional de pessoas para um país de destino do qual não são nativos ou onde ainda não possuem cidadania, dando entrada para se estabelecerem como residentes permanentes, é o que se chama Imigração. Passageiros, turistas e outras estadias de curta duração para um país de destino não se enquadram na definição de Imigração ou Migração, diz um outro site online.
Num segundo raciocínio; não confundir também obviamente com Imigração clandestina que é uma actividade ilegal obstaculizada pelas leis fronteiriças, e que é indocumentada ou irregular, popularmente conhecida também como Imigração ilegal ou Migração ilegal.
Simplificando: voltando à Emigração, significa deixar o local de origem (a pátria) com intenção de se estabelecer num país estranho. Deste modo, a um indivíduo que se fez nesta situação é denominado na sua pátria por Emigrante. Já a Imigração é o fenómeno protagonizado pelo mesmo indivíduo, mas visto pela perspectiva do país que o acolhe.
Mas, voltando para o vocábulo Migração lato sensu, os diconários referem que se trata de deslocamento populacional pelo espaço geográfico, de forma temporária ou permanente.
Concluindo: então, por tudo o que vimos anteriormente, podemos dizer que Migração é o acto de migrar, de movimentar-se de um local para outro, independentemente se de chegada ou de saída pelo qual envolve Imigração e Emigração.
Estatísticas da ONU
Segundo o jornal económico digital ECO, citando a agência Lusa, de 18 de Dezembro de 2023, no Relatório Mundial sobre Migração 2022, o último publicado pela ONU, existem 281 milhões de Migrantes internacionais, o que equivale a 3,6% da população mundial. No relatório anterior, lançado em 2019, o número contabilizado era de 272 milhões, ou seja, 3,5% da população global.
O jornal continuou informando que o Dia Internacional dos Migrantes, cujo lema no ano passado era a promoção de Migração segura, é comemorado anualmente pelas Nações Unidas a 18 de Dezembro para assinalar “as contribuições significativas dos Migrantes e esclarecer os desafios que enfrentam”. Essa comemoração teve início em 2000, quando a Assembleia-Geral das Nações Unidas proclamou-o oficialmente devido ao número crescente dos migrantes em todo o mundo.
A diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), a norte-americana Amy Pope, sublinhou que “o mundo assistiu, em 2023, a aumentos históricos do número de pessoas em movimento devido às alterações climáticas, aos conflitos e às grandes disparidades económicas”.
Enaltecendo ainda, que a Migração “é uma pedra angular do desenvolvimento sustentável, da prosperidade e do progresso”, e que “as pessoas em movimento são poderosas e impulsionadoras do desenvolvimento, tanto nos países de origem como nos países de destino” porque representam novos “trabalhadores, estudantes, empresários, familiares, artistas e muito mais“.
Por isso, defendeu a líder da OIM, que é preciso reconhecer o poder da Migração, acrescentando que “… faz parte da solução para uma maior prosperidade económica” e é “uma parte fundamental da solução para as alterações climáticas”, pelo que é fundamental “trabalhar juntos para aproveitar o poder da Migração”. Amy, apelou ainda a cada pessoa migrante para ser “um agente de mudança”.
Mas, a verdade, retornando à Emigração, é que desde os tempos recuados que o fenómeno vem contribuíndo como uma das soluções para a sobrevivência das pessoas no mundo com suas remessas e o investimento directo nos seus países de onde são originários. Não é raro ouvir-se que tanto a Emigração tendo em consequência a Imigração, ambas contribuem para o progresso dos povos e das nações.
Sendo factos à vista de todos, como se sabe, o cabo-verdino sempre se viu obrigado a emigrar por causa da seca constante da terra, devido às condições climatéricas e a posição geográfica do país. Estima-se que vivem fora 1,5 milhões de cabo-verdianos e descendentes, muito maior do que os cerca de 500 mil residentes.
Por outro lado, de acordo ainda com ECO, na década de 1970, o total de migrantes internacionais rondava os 80 milhões de pessoas, o equivalente a 2,3% da população mundial.
Anos 70 de transfomações e repercussões globais
Muitos sites da net referem que os anos 70, a igual que seu émulo de 60, foi uma década de transformações desportivas, de contradições sociais, económicas e culturais, marcada por eventos que influenciaram profundamente o rumo da história.
Copa do Mundo e Jogos Olímpicos
Acontecimentos memoráveis no desporto que marcaram a época, como a Copa do Mundo de 1970, cuja final realizada no Estádio Azteca na Cidade do México em 21 de Junho daquele ano, na qual a selecção canarinha, o Brasil do imortal Pelé, Rivelino, Tostão, Carlos Alberto, Gerson, Jairzinho e companhia, venceu a squadra azzurra, a Itália de Riva, Rivera, Mazzola, Boninsegna, De Sisti, Facchetti e companheiros por 4-1, sob o olhar atento do árbitro alemão (da ex-RDA) Rudi Glöckner e perante um público de 107 412 espectadores;
Os Jogos Olímpicos de Munique em 1972, que decorreram na Alemanha, durante os quais o nadador norte-americano Mark Zpits, surpreendeu o mundo da natação, ao levar para o seu país 7 medalhas de ouro que conquistou em diversas modalidades, quebrando o recorde mundial em todas elas.
Esse recorde que parecia imbatível, sobreviveu durante cerca de 6 olimpíadas, até que o seu compatriota Michael Phelps na mesma disciplina de swimming, conseguiu 8 vitórias e quebrou igualmente sete recordes mundiais nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
O Massacre de Munique
Por outro lado, o que ninguém imaginava naqueles Jogos de Munique, uma vez que o ideal olímpico, propunha e ainda propõe competições entre atletas amadores de todas as nações, tendo em vista a promoção da paz e a concórdia no desporto, é que estranhos acontecimentos, que se tornaram verdadeiras tragédias, ocorreram-se com os sequestros e mortes de 11 membros da equipa israelita de entre atletas lutadores profissionais, árbitro e treinadores que foram brutalmente assasinados no aeroporto de Munique, após sequestros na aldeia olímpica por supostos combatentes palestinianos denominados grupo terrorista Setembro Negro.
Crises do petróleo
De acordo ainda com sites específicos, a Crise do Petróleo de 1973, tido como primeiro choque constituiu outro dos factos mais marcantes visto economicamente e que teve em consequência repercussões globais, quando os membros da OPAEP na OPEP, além de Egipto e Síria, proclamaram um embargo petrolífero de distribuição de petróleo para os Estados Unidos e países da Europa e África, nomeadamente àquelas nações que eram vistas como apoiantes de Israel durante a Guerra do Yom Kippur. Isso fez com que o preço do produto subisse de 3 dólares por barril para cerca de 12 dólares no mundo inteiro
Como se isso não bastasse, seguiu-se mais tarde outra crise do petróleo de 1979, chamada de segundo choque que ocorreu durante a revolução política no Irão que teve a consequente deposição do Xá, fazendo com que entre 1979 e 1981 o preço nominal do barril aumentasse de 13 para 34 dólares (de 50 para 120 dólares a preços actuais).
Ciência, tecnologia e voos espaciais
Os avanços na ciência e tecnologia – estes incluíam o desenvolvimento da informática e a continuação da exploração espacial – que se destacaram na fabricação dos primeiros computadores pessoais e prosseguimento das viagens espaciais por esses mundos além – para a Lua, com as missões Apollo. Esta nave foi abandonada em 1975, em detrimento do uso de um veículo reutilizável, o Vaivém Espacial que voaria pela primeira vez em 1981. Vide o online UOL Notícias Ciência e Saúde
Mudanças marcantes
Quanto às mudanças que ocorreram no domínio social, não apenas moldaram a cultura e a sociedade da época, como também deixaram um legado duradouro que continuou impactando as gerações subsequentes. E tanto quanto sabemos, várias delas se verificaram como se a década em referência fosse um prolongamento dos acontecimentos da anterior finda, i.e., a década de 60, onde tinham surgidos, como se sabe, o movimento mundial ligado à música dos Beatles, a beatlemania e a contracultura dos hippies.
No entretanto, segundo esses mesmos sites, o movimento hippie teve uma relativa queda de popularidade na década de 70 em questão, nos Estados Unidos, por intermédio da célebre máxima Peace And Love!, Paz E Amor!, que precedeu a expressão Ban The Bomb!, Proíbam A Bomba!, esta que criticava o uso de armas nucleares.
As questões ambientais, a prática de nudismo e a emancipação sexual eram ideias respeitadas recorrentemente por aquelas comunidades.
Por isso, não era de estranhar que na década em análise, ou seja, a de 70, a moda refletisse a liberdade de expressão da contracultura, que vinha de roupas extravagantes com estampas inflamadas.
Diversidade musical
Musicalmente falando, a diversidade foi evidente com o surgimento de artistas e bandas, e.g., de entre os cabo-verdianos, no Senegal a criação da primeira versão do conjunto Voz de Cabo Verde (1965), em Cabo Verde surgiram o conjunto Kings (1970) em São Vicente e Os Tubarões na Praia com a sua criação que vinha dos finais da década anterior, reforçando-se com Ildo Lobo (1973), bem como, outros agrupamentos que se emergiram durante o decénio, nomeadamente o conjunto Bulimundo (1978) – só para citar os três conjuntos – todos aqui em Cabo Verde e lá fora o Les Flammes em França e a segunda versão do Voz de Cabo Verde em Portugal, ambos formados em 1972, este último por Bana, Luís Morais e Frank Cavaquinho.
No cenário internacional, destacando-se os movimentos à volta do rock ‘n’ roll e a disco music e sucessos como “Construção” do Chico Buarque, Stairway to heaven, do Led Zeppelin, e Imagine, de John Lennon, músicas lançadas em 1971, ou Daddy Cool lançada em 1976 – esta chegou a vender 100 mil cópias semanais na Alemanha, Rivers of Babylon muito popular na época e Rasputin, ambas de 1978, estas três últimas cantadas por Bonie M, um grupo de música disco e eurodisco caribenho-alemão, que de entre diversas outras músicas, todas elas marcaram de forma indelével a referida década.
Dizem ainda os sites onlines que o período em questão, foi pontuada por outros eventos considerados indispensáveis e por isso, da mesma forma marcantes; o Tratado de Não Proliferação Nuclear (1970), a Guerra do Vietname (1975) e a criação da Apple (1976).
Nessa época conturbada dos anos 70 – como se pode ver e constatar – Mário Pop se iria despontar, aproveitando a área da indústria fonográfica e do show biz e num bom período de tempo, apoiado pelo conjunto Les Flammes (1972), para participar e brilhar ao mais alto nível e ombrear-se com cantores de renome na Europa e da América, interpretando as músicas deles mais famosas, pelo menos do que aqui se ouvia dos seus discos e pela informação das actividades conexas, bem como os sons dos artistas estrangeiros que pela via comercial chegavam também ao arquipélago.
Pensamento filosófico de Gadamer em Mário Pop
A obra de maior impacto Verdade e Método (Wahrheit und Methode), de 1960, onde elabora uma filosofia propriamente hermenêutica, que trata da natureza do fenómeno da compreensão, o filósofo alemão Hans-Georg Gadamer (Marburgo, 11 de Fevereiro de 1900 — Heidelberga, 13 de Março de 2002, considerado um dos maiores expoentes da hermenêutica (interpretação de textos escritos, formas verbais e não verbais).
Quando produziu nos seus intertítulos “A retomada questão pela verdade da arte”, e “A questionalidade da formação estética”, afirmou a págs. 147, 148 e 149, que, “Acreditamos hoje, abertamente, no que se refere à “estética”, não mais exatamente o que Kant vinculava a essa palavra quando denominou a doutrina do espaço e do tempo uma “estética transcendental” e entendeu a doutrina do belo e do sublime na natureza e na arte como uma “crítica do juízo“.
Acrescentando que “O ponto de virada parece encontrar-se em Schiller, que transformou o pensamento transcendental do gosto numa exigência moral, formulando-o como um imperativo: Comporta-te esteticamente!“.
Mais adiante o pai da filosofia hermenêutica, enfatizou que, “Quando, porém, Schiller proclamou a arte um exercício da liberdade, reportou-se ele mais a Fichte do que a Kant. 0 jogo livre da capacidade de conhecimento, sobre o qual Kant fundamentara o a priori do gosto e do génio, entendia Schiller antropologicamente, com base na doutrina dos instintos de Fichte, no qual o instinto lúdico devia produzir a harmonia entre o instinto da forma e o instinto da matéria”. E que “O cultivo desse instinto é a meta da educação estética“.
Pouco antes de terminar os intertítulos disse que, “Vincula-se certamente com o deslocamento interno na base ontológica da estética de Schiller… Torna-se conhecido que uma educação pela arte torna-se uma educação para a arte“.
Julgo que Mário Pop pelas qualidades que demonstrou na sua actuação, expondo as músicas tal como foram concebidas, mas interpretando-as através da sua liberdade estética, enjeitando-as, e consequentemente tornando-as mais belas e harmoniosas que até diria… pareciam haver se elevado ao mais alto grau de sua perfeição, com isso, o artista assume-se – a nosso ver – como um dos mais lídimos representantes do pensamento sobre a estética e a arte acima explanado por Gadamer.
Primeiro LP do cantor pop em referência
O primeiro disco LP do cantor denominado Mário Pop et les flammes produzido dois anos após o início da década em questão, obteve um estrondoso sucesso aqui no país, como também na Imigração, e um dos temas mais tocados, na circunstância, composto por duas lendas da música romântica brasileira Roberto Carlos/Erasmo Carlos, era sem dúvida, Amada Amante, que Mário gravou no lado 2 faixa 4, interpretando-o com classe e desenvoltura, do qual, a seguir, se mostra a letra tal como foi concebida a canção pelos mágicos da composição brasileira e anteriormente cantada e gravada pelo primeiro:
Fonte: Letras.mus.br
“Esse amor demais antigo/Amor demais amigo/Que de tanto amor viveu
Que manteve acesa a chama/Da verdade de quem ama/Antes e depois do amor
E você amada amante/Faz da vida um instante/Ser demais para nós dois
Esse amor sem preconceito/Sem saber o que é direito/Faz a suas próprias leis
Que flutua no meu leito/Que explode no meu peito/E supera o que já fez
Neste mundo desamante/Só você amada amante/Faz o mundo de nós dois
Amada amante/Amada Amada Amante!…”
Mas, antes no lado 1 também faixa 4, interpretou Tudo Passará de Nelson Ned, o mineiro denominado O Pequeno Grande Gigante da Canção, que infelizmente faleceu em 5 de Janeiro de 2014 em São Paulo no Brasil e devido à simplicidade do seu conteúdo, de igual modo, se transcreve a letra da música onde Mário Pop saiu-se muito bem na sua forma original de interpretar:
Fonte: cifraclub
“Eu te dei meu amor por um dia/E depois, sem querer te perdi/Não pensei que o amor existia/Que também choraria por ti.
Mas tudo passa, tudo passará/E nada fica, nada ficará /Só se encontra a felicidade/Quando se entrega o coração.
Voltarei a querer algum dia/Hoje eu sei que não vou mais chorar/Se em mim já não há alegria/A esperança me ensina a gritar/Que tudo passa, tudo passará/Que nada fica, nada ficará!…”
Porquanto, no acima referido lado 2, mas nas faixas 1 e 3 interpretou She Said Yes de Wilson Pickett/W. R. Stevenson e Don´t Fight It também de Pickett mas este em parceria com Cropper.
No mesmo lado na faixa 2 Dame Tu Amor de E. Boldovi, numa das suas melhores interpretações românticas de sempre, a sobressair o som das notas do trompete do Morgadinho, aliás, como sempre à semelhança do que este nos vinha mostrando com as demais músicas do artista. Belíssimos tempos!
Fonte: som do disco
Ay, yo siento mucho porque te conocí/Ai, eu sinto muito porque te conheci
Esto yo ha tenido porque me fue de ti/Isto eu tive porque me fui de ti
Porque de tu boca no guardo su sabor/Porque da tua boca não guardo seu sabor
Pero, en su memoria hay algo de mi amor/Mas, na sua memória há algo de meu amor
Pienso que te das cuenta que abla al amor/Penso que te dás conta que fala ao amor
Ese su sonrisa parece una flor/Esse seu sorriso parece uma flor
De ese su pasado por causa su llorar/Desse seu passado por causa seu chorar
Y la melodía heredera de su amor…/E a melodia herdeira do seu amor…
De su amor! De su amor! De su amor! Do seu amor! Do seu amor! Do seu amor!
Dame amor! Dame amor! Dame amor! Mi alma está vacía, dame amor!/Dá-me amor! Dá-me amor! Dá-me amor! Minha alma está vazia, dá-me amor!
Reportando o lado 1, faixas 1 e 5, esse artista de outra galáxia, na nossa opinião, tinha interpretado o The Beeger Thei Comme e Going Back West, ambos da lavra do também conceitado artista e cantor, mas do reggae/ska Jimmy Cliff. Também Viva La Vida dos P. e J. Granados/Diana e John Bubble In Trouble do Franck Turba-Zimmermann, faixas 2 e 3.
E na última, mas do lado 2, não deixando seus créditos em mãos alheias, ainda com descontracção e elegância, veio interpretar o célebre Keep On Running que no disco se atribui ao Stevie Wonder.
No entanto, ouvindo o tema também cantado e gravado anteriormente pelo The Spencer Davis Group em 1967 e pelo cantor Tom Jones, dizia, analizando ambos no you tube, e comparando o tema homónimo do Wonder lançado em 1972, percebe-se através das letras e do som, que o género que Mário gravou, é do músico jamaicano Jackie Edwards que a compôs e também gravou-a, no formato single e ainda no lado 1 da faixa 4 do seu LP come on home em 1965, de acordo com demais informações em sites diversos.
Fonte: LyricFind
Keep on runnin’/Continue Correndo
Keep on hidin’/Continue se escondendo
One fine day i’m gonna be the one/Um belo dia eu vou ser o único
To make you understand/Que te fará entender
Oh, yeah/Oh, sim
I’m gonna be your man!/Eu vou ser seu homem!
Keep on runnin‘/Continue correndo
Runnin’ from my arms/Correndo dos meus braços …
One fine day i’m gonna be the one/Um belo dia eu vou ser o único
To make you understand/Que te fará entender…
Oh, yeah/Oh, sim
I’m gonna be your man!/Eu vou ser seu homem!
Everybody is talkin’ about me… so nice/Todo mundo está falando de mim… tão bem
Everyone is laughing at me/Todo mundo está rindo de mim
Makes me feel so sad/Faz eu me sentir tão triste…
Keep on running oh baby…/Continue correndo oh querida…
… Come on, keep on running…/Vamos, continue correndo…
… All right!/Tudo bem!
All right/Tudo bem!
All right/Tudo bem!
Hum! Hum! Hum!…
Produção de gira-discos e de vinis
Quem tiver esse primeiro LP do artista e outros em formato vinil, que os preserve, uma vez que, vislumbram-se melhores dias na produção de gira-discos e de vinis que possam ofertar a quem gosta desses aparelhos, um som natural e infatigável como a brisa do mar que entra pelos ouvidos, descendo à alma adentro, tornando-a leve como voo da passarinha e a existência humana menos pesarosa e mais agradável de viver.
Música global no reportório
Como estávamos vendo e já foi dito, os géneros que faziam parte da discografia do Les Flammes com o surgimento da nouvelle vague da música do planeta dos meados de 60 e de 70, eram constituídos, por repertórios de músicas românticas latinas e brasileiras, mais o pop, o rhythm and blues, o soul music, o jazz e os blues afro-americanos, o rock and roll, o country (mades in USA), o chá chá chá (dança e música homónima de Cuba) e o Yé-Yé, (tocada pelas bandas de pop e de rock britânicas e norte-americanas) e que se encontravam em voga ainda na década de 70. Nem todas foram gravadas é claro, mas a maior parte foi editada nos seus discos, que vamos continuando a verificar mais adiante.
Por isso, não é novidade para ninguém, afirmar que Mário Pop aproveitou da melhor forma as actividades musicais dos anos 70 na arte de interpretar temas estrangeiros, que na altura, como vimos, só para nomear os compositores, encontravam-se na ribalta da música internacional hits do Roberto Carlos/Erasmo Carlos, Odair José, Rossini Pinto e Nelson Ned no Brasil; Steve Wonder, o mítico James Brown, Otis Redding e Wilson Pickett nos Estados Unidos; Tom Jones e Os Beatles na Grã-Bretanha e muitos outros nomes sonantes da música global.
De modo, que além do Jackie Edwards e Jimmi Cliff, um outro compositor e compatriota destes, não estava ausente na sua lista de compositores favoritos, referimos a Carl Douglas de quem Mário também gravou nas faixas A6 Dance The Fung Fu (em parceria com Biddu) no LP BROTHERS e Kung Fu Fighting que consta do LP HAPPY HOLIDAYS.
Como também não esqueceu de um tema considerado clássico da música africana Lily do camaronês Manu Dibango, que se encontra gravado no A2 do THE GREAT SHOW – LES FLAMMES, para incluir ainda no MÁRIO POP´S BAND na faixa B5 o zouk Célimène da lavra da dupla antilhana David Martial/Gilles Sommaire.
Woman de James Brown, canta Mário Pop
O artista voltou a sobressair-se na soberba interpretação que deu a uma das melhores canções do Rei do Soul e que fez constar da faixa B6 do LP BROTHERS:
Fonte: (Musixmatch)
(I’m a woman)/(Eu sou uma mulher)
(I’m a woman)/(Eu sou uma mulher)
I’m a man!/Eu sou um homem!
What makes a man break up inside?/O que faz um homem quebrar por dentro?
And what makes a man give up his pride?/E o que faz um homem desistir do seu orgulho?
What makes a man… feel he’s begun to fail?/O que faz um homem sentir que começou a falhar?
And when he can’t win he thinks he’s in jail tell me!/E quando ele não consegue vencer, ele pensa que está na prisão, me diga!
(Woman)/(Mulher)/Say it again/Diga isso de novo
(Woman)/Mulher)/Say it again/Diga isso de novo
(Oh woman)/(OH mulher)/I ask you/Peço a você
What makes a man jealous of each other?/O que deixa um homem com ciúmes um do outro?
So tacturned against his brother, now here’s the reason/Tão tato contra seu irmão, agora aqui está o motivo
She makes a cloudy day, seem bright/Ela faz um dia nublado, parecer brilhante
She makes a nightmare turn…into the warmest night/Ela faz um pesadelo se transformar na noite mais quente
You know, she makes trouble seem so, so /Você sabe, ela faz os problemas parecerem tão, tão
She can turn a hardship and she makes it so easy to cross/Ela pode transformar uma dificuldade e torna tão fácil atravessar
She brings life into the world, woman!, over and over again/Ela traz vida ao mundo continuamente
No man in the world could ever bear those pains/Nenhum homem no mundo poderia suportar essas dores
She never lets you know when she feels bad/Ela nunca deixa você saber quando se sente mal
And she smiles when she feels sad/E ela sorri quando se sente triste
And when you and when you feel blue/E quando você e quando você se sente deprimido
Woman! Right beside you/Mulher! Bem ao seu lado
Woman! Right beside you/Mulher! Bem ao seu lado
OH Woman! Oh Mulher!…
Semana Dente, Semana Fora/Semana em casa, Semana fora
Fonte: som do disco
Coladeira emblemática de Juvino dos Santos/Neves, editada na faixa B1 do LP THE GREAT SHOW
Sim, Bo fase asneira/Bo maltrata-me, sem um cuzinha de compaixaun/Sim, fizeste asneiras/Me maltraste sem o mínimo de compaixão
Largan-me na mei di rua ta andá/Ca bo importá co es vidinha quim tem/Deixaste-me no meio da rua a andar, sem importar com a pequena vida que eu levava
Orientá, bo ca ti ta podê! Orienta-te, mas não podes!
Semana Dente, Semana fora, bo ca tem café! Semana em casa, semana fora, não tens café!
Semana dente, semana fora, bo ca tem cacau! Semana em casa, semana fora, não tens dinheiro!
Pitrol/Petróleo
Tema de Morgadinho, característico dos problemas que o mundo vivia ou enfrentava, cantado por Mário na faixa A1 do LP HAPPY HOLIDAYS
Fonte: site letras
Pitrol n’Orópa já vrá ore/Petróleo na Europa já está caro
Pitrol n’Orópa já sebí de kánbiu/Petróleo na Europa já sente a mudança
Pitrol n’ese térra já vrá féra/Petróleo nessa terra já está feroz
Pitrol n’ese térra ti ta da gérra/Petróleo nessa terra só traz guerra
Se un litre de pitrol ta kestá dôs dóla/Se um litro de petróleo custa dois dólares
Dôs litre agóra é pa un pistóla/Dois litros agora são para uma pistola
Sinke litre de pitrol é p’un kanhãu/Cinco litros de petróleo são para um canhão
Un tanbor ben xei ta matá un Plutãu/Um tambor bem cheio vai matar um Plutão
Se pitrol na nos térra é pa kander/Se petróleo na nossa terra é para candeeiro
Pitrol n’ese térra ta kestá mute denher/Petróleo nessa terra custa muito dinheiro
Se un reste d’otróra ta petá tude el fóra/Se um resto do passado está jogando tudo fora
Ese reste d’agóra é p’un metralhadóra/Esse resto de agora é para uma metralhadora…
(Ó pove, ó pove) munde já vrá disvésa/(Ó povo, ó povo) o mundo já está desvairado
(Ó pove, ó pove) jente já perdê kabésa/(Ó povo, ó povo) as pessoas já perderam a cabeça…
Discos gravados com Voz de Cabo Verde e Les Flammes
Do seu vasto e diversificado repertório que aqui selecionamos, como se vê, alguns dos créditos no LP LES FLAMMES Soyez Les Bienveniue vão para o orquestrador e trompetista Morgadinho (A6) e o baterista Manuel Ribeiro (B6), pelas suas participações como intérpretes de Pero A Noche En La Playa, de A. Quijarro e Ana, de R. Carlos/E. Carlos, respectivamente. No LP BROTHERS B3 Manchetes, de Clayton/N. César, pelo segundo mencionado.
Conforme o site Discogs, Mário Pop gravou com o Voz de Cabo Verde em 1972, apenas um single de título MARIO POPE ma Voz De Cabo Verde – YOU ARE LOOKING GOOD/YESTERDAY e com o Les flammes os discos que vamos registando a seguir:
1. MARIO POP et les flammes 1973
2. THE GREAT SHOW – LES FLAMMES 1974
3. LES FLAMMES – Soyez Les Bienvenus 1974
4. BROTHERS – LES FLAMMES 1974
5. HAPPY HOLIDAYS – Les Flammes 1975
6. MÁRIO POP´S BAND 1978
Na contra capa do último LP MÁRIO POP´S BAND, desta vez editado nos Estúdios de Paço de Arcos de Valentim de Carvalho C.I, SARL, em terras lusas, fez-se um post contendo o seguinte:
“Radicados em França na cidade de Paris aonde com outro nome de orquestra (Les Flammes), alcançaram grandes êxitos não só pelas gravações que fizeram para a grande editora discográfica Morabeza Records, como pelos espectáculos que fizeram pela Europa após três anos de ausência do público discográfico, reapareceram agora em discos Dó-Lá-Si da Editora Electromóvel. SÃO ELES MÁRIO POP’S BAND“.
Viva Cabo Verde!
Desta forma, a sensação agradável que se sente ouvindo os sons dos seus discos nos formatos LP´s, 45 rpm ou CD, num primeiro momento é que esses objectos de recordação, deveriam e merecem ficar para sempre guardados em discos onde estão e na memória colectiva, conciliando suas existências ao repouso da mente e da alma, proporcionando-nos a verdadeira tranquilidade e rumo à felicidade.
Porquanto, num segundo momento, não há nada mais afável e com sabor, que nos proporciona o deleite, o embalo e a suavidade espiritual do que ouvir os sons dos referidos discos, o que nos leva a afirmar sem hesitação que, temos um país, temos uma cultura, os nossos músicos e os nossos artistas. Viva Cabo Verde!
Sugestão final
Finalmente, num terceiro momento, a partir do que foi apresentado e informado, é mister sugerir que os arquivos discográficos de Mário Pop, devessem ser preservados num Museu por quem de direito, criado estritamente para alcandorar trabalhos discográficos de artistas crioulos do passado e não só, que enveredaram pela interpretação da Música do Mundo sem fronteiras, além de crioulas, numa actividade a todos os títulos muito marcante, como foi o caso vertente do Mário, onde estaria exposta a discografia dele, bem como de outros artistas vivos e também os que já faleceram, que na qualidade de músicos tiveram idêntico percurso.
A criação de uma Instituição/Museu em Cabo Verde, cuja revisitação dos discos seja paga logo à entrada para garantir a sustentabilidade dessa iniciativa ímpar da cultura, seria ouro sobre azul e um tributo ao legado de artistas cabo-verdianos que demonstraram níveis excepcionais de interpretação e de incursão na música universal.