A Emprofac, empresa nacional de produtos farmacêuticos, registou um volume de vendas superior a dois mil milhões de escudos e um resultado líquido positivo de cerca de 171 milhões de escudos, em 2023. Isto num contexto marcado pelos desafios impostos pela perda de monopólio com a entrada da Sodifar no mercado.
A Emprofac, que até há pouco mais de um ano atrás, na prática, detinha o monopólio da indústria farmacêutica, na área da importação, armazenamento, a comercialização e a distribuição de medicamentos e produtos farmacêuticos, fechou o ano de 2023 com um resultado líquido positivo de 171 milhões de escudos. As vendas ascenderam a dois mil milhões de escudos.Na prática, houve um aumento “significativo” nos lucros em 30.385.022 milhões de escudos face a 2022.
Os dados foram avançados esta terça-feira, 20, por João Pedro Spencer, presidente do conselho de administração da empresa, na cidade da Praia em conferência de imprensa.
O crescimento, segundo disse, foi impulsionado pela melhoria na gestão dos inventários , redução de perdas associadas à utilização de medicamentos (que ultrapassam a validade) e ajustamentos nos inventários.
O ano de 2023, garantiu, foi marcado por desafios significativos para a Emprofac particularmente pela perda do monopólio no mercado de medicamentos, devido à entrada de um novo distribuidor a grosso, como se sabe, a Sodifar, distribuidora a grosso, que começou a operar efectivamente, em Fevereiro de 2023.
Adaptação e resiliência
Apesar da perda do monopólio do sector, esse responsável enfatizou que a Emprofac demonstrou resiliência e capacidade de adaptação, mantendo a sua posição de liderança no sector, constituindo-se até como uma espécie de “teste” à capacidade da empresa.
“Sabíamos como era a realidade do mercado, como iríamos enfrentar, e mesmo quando apresentamos o nosso plano de negócio ao Governo em 2021, já prevíamos um conjunto de medidas estratégicas para fazer face à concorrência. A nossa adaptação, no fundo, veio da nossa planificação ‘ab initio’”, explicou, citado pela agência nacional de notícias.
Estratégia e inovação
Nesse contexto, como observou, a empresa colocou em prática as estratégias já delineadas a partir do momento do conhecimento da abertura do mercado a novos operadores, mas também com base na inovação.
“Do ponto de vista estratégico, já vínhamos preparando esse caminho para reposicionar a empresa, basicamente para a mudança da cultura organizacional e aproveitar algumas inovações tecnológicas que surgiram recentemente, na área da logística, e particularmente na área da logística farmacêutica, uma área que está em permanente mudança”, argumentou.
Perante isto, garantiu que a Emprofac, que, recorde-se, conta já com 45 anos no mercado, não teme a concorrência e tem seguido o seu caminho, tendo-se preparado para a abertura do mercado.
“Nós limitamos a acompanhar essa mudança que tem havido no sector. Não dependemos de nenhuma concorrência para tomar as nossas medidas estratégicas” observou.
Dependência do mercado europeu
Sobre questões relacionadas com a ruptura de stock de medicamentos, algo que tem vindo a público ultimamente, o PCA da Emprofac avançou aos jornalistas que o problema da situação de escassez de medicamentos não é “exclusivo” da Emprofac, mas sim um problema a nível europeu, o que acaba por condicionar o mercado nacional.
“Cabo Verde depende, na sua essência, para abastecimento do mercado local, do mercado europeu, em especial do mercado português, por questões linguísticas e históricas”, destacou.
A Emprofac, garantiu, só pode comercializar medicamentos para o sector da farmácia, os medicamentos que tenham rotulo em língua portuguesa.