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Economia

PIB cresceu 5,1% em 2023

O Produto Interno Bruto de Cabo Verde cresceu 5,1% em 2023. De acordo com o Banco Central, os efeitos cumulativos adversos da inflação sobre o rendimento disponível real das famílias e sobre a procura mais contida, condicionaram o desempenho da actividade económica nacional no período em referência.

O PIB de Cabo Verde registou, em volume, um crescimento de 5,1% (por cento) em 2023, mais consentâneo com o potencial de crescimento, revelou na quarta-feira, 7, o BCV, no seu Relatório do Estado da Economia referente àquele ano.

Perante este quadro, a mesma fonte esclarece que se registou uma evolução menos favorável em termos homólogos do valor acrescentado bruto, especialmente dos sectores ligados ao Turismo (alojamento e restauração, transportes e armazenagem, comércio e reparação e impostos líquidos de subsídios), aliado a uma moderação do consumo privado e redução do investimento.

Segundo o relatório em questão, a taxa de inflação média anual situou-se em 3,7% (7,9 por cento em 2022), reflectindo, assim, a baixa dos preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares no mercado internacional, a fraca procura, bem como, efeitos de base descendentes, com uma clara tendência de diminuição das pressões inflacionistas no país.

Contudo, o défice da balança corrente registou “uma melhoria”, passando a representar 2,5% do PIB (3,1 por cento do PIB em 2022), para o qual concorreram, principalmente, os aumentos registados nas exportações de serviços de viagens de turismo (em 31,7%), nas transferências correntes oficiais (em 33,1%) e nos rendimentos provenientes das reservas internacionais líquidas, bem como o forte abrandamento das importações de bens e serviços (para 5,5% face a 32 por cento em 2022).

Stock das reservas internacionais

No que que diz respeito ao stock de reservas internacionais líquidas do país, o BCV avança que aumentou para os 685 milhões de euros, permitindo garantir 6,2 meses das importações de bens e serviços (6 meses no ano anterior).

Nesse sentido, de acordo com a mesma fonte, as entradas líquidas de fundos para a economia foram suficientes para cobrir as necessidades de financiamento da economia, pelo que o país acumulou cerca de 46 milhões de euros em activo de reserva no final do ano.

“Reflexo do aumento dos desembolsos (líquidos) da dívida externa privada, associado em grande medida à aquisição de uma aeronave em regime de leasing financeiro pela empresa nacional de transportes aéreos, e do aumento do investimento directo estrangeiro realizado em Cabo Verde (em 25,9%), os influxos líquidos de financiamento na economia (excluindo os ativos de reserva) aumentaram em 1.466 milhões de escudos para os 11.839,1 milhões de escudos”, explica o relatório.

Perda de quota de mercado nas exportações

O mesmo documento revela ainda que a posição (deficitária) internacional líquida situou-se nos 132% do PIB em 2023 (143,9% do PIB em 2022), em resultado do aumento da posição dos passivos externos de outros sectores (em 189,7 milhões de euros). “Esta mantém-se ainda elevada constituindo uma fonte de vulnerabilidade externa para o país”, adverte o BCV.

O relatório esclarece ainda que o país registou “alguma perda de quota de mercado das exportações e da competitividade-preço do país”, mas, em contrapartida, “o aumento do produto interno bruto e das exportações e receitas fiscais” contribuíram para uma melhoria de alguns indicadores de vulnerabilidade externa”. Em particular, dos rácios da dívida externa, que reduziram face ao ano anterior.

A nível orçamental, os dados do relatório do BCV clarificam que o défice público global reduziu, passando a representar 0,3% do PIB em 2023 (4 por cento do PIB em 2022), no contexto do aumento das receitas fiscais, das outras receitas e das transferências (em donativos), bem como do abrandamento das despesas correntes.

“Esta melhoria do défice global aliada à moderação registada nas despesas com o pagamento de juros da dívida, resultou num superavit do saldo global primário de 2% do PIB em 2023”, nota o BCV.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 884, de 08 de Agosto de 2024

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