Por: Francisco Fragoso*
“A comunidade política e a autoridade pública têm o seu fundamento na natureza humana e, por isso, pertencem à origem estabelecida por Deus”:
Concílio VATICANO II
§§ Todos os cidadãos (sem exceção) têm o dever de tomar parte
na atividade política, entendida como serviço ao bem comum!
A autoridade pública tem o dever de guiar e coordenar, respeitando
os direitos das pessoas e das comunidades intermédias. §§
Com efeito:
Mais que nunca, urge, efetivamente, olhar (“com olhos de ver”)
para a SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL!
Com a sua própria existência, a Razão Humana, testemunha a universalidade do vero desígnio transcendental de Salvação e é factor de unidade para todo o género humano! Eis porque, assume com atenção para a intensificação progressiva das relações entre os povos, procurando orientá-la na direção, assertivamente certa!
Atualmente, as fronteiras dos estados são atravessadas por um fluxo contínuo de homens, informações, capitais, mercadorias e armas!
A interdependência cresce em amplitude e profundidade!
Eis porque, se (se) queira evitar mecanismos perversos, que teriam “consequências funestas para os mais fracos”, ou até para todos,
é necessário ativar uma nova solidariedade moral, política e económica!
Ora, na verdade, “o bem comum (…) torna-se hoje mais universal e, por esse motivo, implica direitos e deveres que dizem respeito a todo o género humano”
(CONCÍLIO VATICANO II, Gaudium et spes, 26).
Destarte, sem sombra de dúvida, está a tornar-se anacrónica a pretensão
dos estados soberanos se arvorarem em vértice da sociedade organizada!
Caminha-se para modos de colaboração sistemática, multiplicam-se as Instituições internacionais, aspira-se a uma forma de governo supranacional
com ampla autonomia das entidades nacionais!
De anotar, com ênfase,
§§ que tanto a Comunidade dos povos, como a das pessoas,
está a construir-se, já não em relação de força, sim,
efetivamente em valores de verdade, justiça, amor e liberdade!
Aliás, outrossim e, ainda, ao nível de relações entre os povos,
o altruísmo exige que se preste uma atenção especial aos mais
débeis e oprimidos! §§
Os países subdesenvolvidos interpelam os do bem-estar,
como o pobre Lázaro à porta do rico. Na origem dos males não existe
nenhuma fatalidade! Sim uma série de causas concomitantes, que
podem ser remediadas: colonialismo, concorrência comercial desenfreada, imprevidência dos governos locais, conflituosidade prolongada e, acima de
tudo, atraso cultural!
A solução é, sobretudo, de natureza ética e chama-se:
Solidariedade!
Vejamos então:
— O primeiro e mais relevante contributo é o apoio a programas de educação
e de desenvolvimento cultural, para que “o progresso de um povo não derive primariamente do dinheiro nem dos auxílios materiais nem das estruturas técnicas. Sim, sobretudo da formação das consciências, do amadurecimento das mentalidades e dos costumes. O homem é o protagonista do desenvolvimento, não o dinheiro ou a técnica”. (João Paulo II, Redemptoris missio, 58).
— Ao lado da obra de formação, são necessários outros modos de ajuda: apoio aos regimes respeitadores dos direitos humanos; fornecimento de tecnologias simples, de serviços primários, de incentivos à agricultura; reforma do comércio internacional e do sistema monetário e financeiro mundial.
É já, aliás,
um facto positivo: o crescimento da consciência
da independência dos homens e das nações!
Todavia, é necessário assumir compromissos precisos, de acordo
com as possibilidades de cada qual, modificando quanto for necessário,
outrossim e, ainda,
o próprio estilo de vida!
Enfim e, em suma:
Cooperar no desenvolvimento dos povos
“é um imperativo para todos e cada um dos homens
e das mulheres, para a sociedade e para as nações”.
(João Paulo II, Sollicitudo rei socialis, 32.)
E, à guisa de ilação e, numa assunção, dialecticamente consequente, comungando, crítica e assertivamente com o Egrégio Papa, João Paulo II
“A crescente interdependência entre os povos exige uma forte solidariedade
moral, cultural e económica e uma organização política da sociedade
internacional!”
Feito em Lisboa, nesta data de Hoje: 04 Fevereiro 2024
*Médico & Humanista