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Boa Vista

Resort de Carquejinha e hotel de 5 estrelas relançam turismo na Boa Vista em 2025

A ilha da Boa Vista prepara-se para entrar na sua segunda fase de desenvolvimento, com o início das obras de dois grandes projectos de investimento, previstos para o início de 2025. A estes juntam-se ainda mais dois, que irão criar mais postos de trabalho directos e indirectos. O maior deles, situado em Lacacão, o Carquejinha Beach and Golf Resort, terá cerca de 400 unidades, junto à praia que tem o mesmo nome, dentro da ZDTI de Santa Mónica. Com os novos investimentos, chegam problemas antigos: habitação para trabalhadores, aumento exponencial da população e a ainda deficiente rede de saneamento básico na ilha.

Este projecto, de grandes dimensões, vem sendo preparado nos últimos dois anos e é apenas a primeira fase de um programa de investimentos de centenas de milhões de euros. “Neste momento, estamos a aprovar os planos de ordenamento detalhado, o estudo de impacto ambiental já está em consulta para aprovação e estão reunidas as condições para que as obras arranquem no início de 2025”, explica Luís Silva, PCA da SDTIBM – Sociedade de Desenvolvimento Turístico das Ilhas da Boa Vista e Maio. Pela sua dimensão, o projecto exige muitos estudos e muitos planos, para além de levantamentos topográficos.

Luís Silva

“É o primeiro projecto de um mega investimento, com campo de golfe, num programa de investimento de toda a área, a desenvolver em várias fases, sendo que a primeira é um hotel de 5 estrelas com 120 suites, com uma média de 100 metros quadrados cada.

E terá como operador o grupo Accord, e 400 unidades de alojamento em forma de vilas e ainda um Club House, que é a base do campo de Golfe.” A primeira fase, segundo o PCA da SDTIBM, está avaliada em 70 milhões de euros. “Mas o total do programa de investimentos, está avaliado em cerca de mil milhões”, adianta Luís Silva. Para já, a Sociedade de Desenvolvimento aprovou o plano de de senvolvimento da zona. Mas, como explica, “temos um contrato de longo prazo e tem que se tomar cautela, o que aprovámos foi o conceito, um excelente conceito para aquela zona.”

O acordo está feito, confirma Silva, assim como os prazos. “E caso não sejam cumpridos, a Sociedade é livre para implementar esse projecto com outros parceiros. Nós estamos com o promotor enquanto ele estiver a cumprir e temos metas de investimento para cada ano, ano e meio.

“O projecto prevê ainda quatro campos de golfe certificados em Lacacão, restaurantes, centro comercial, clube hípico, na ZDTI de Santa Mónica, na zona Oeste, numa praia com sete, oito quilómetros de extensão, não muito longe do local onde se encontra o resort Riu Tuareg. Do lado da Sociedade, esta está obrigada, como resulta de todos os contratos, a levar todas as infraestruturas até à entrada do lote: ligação à estrada existente na zona, água, electricidade, saneamento, etc.

O segundo projecto, também previsto para arrancar no próximo ano, estava ‘morto’, como explica Luís Silva. “O contrato tinha sido resolvido por incumprimento do prazo estipulado para o pagamento, mas o promotor disse, a semana passada, que já resolveu o problema financeiro, e como já tem todos os instrumentos aprovados, pensa começar as obras em Janeiro. Este irá trabalhar com um dos maiores operadores do mundo, mas que ainda é confidencial.”

Projetos em carteira, capitais turcos

A SDTIBM tem ainda mais dois em carteira, que estão a este nível, a recolher dados. “Trata-se de um hotel de quatro estrelas, estando ainda na recolha de dados e a fazer o ‘business plan’, já temos um memorando de entendimento assinado, que é a primeira fase. Um deles é de investidores de vários países europeus, promotores ingleses e turcos”. Para Luís Silva, a chegada de investidores turcos a Cabo Verde, com grande força e experiência no turismo, “pode resultar também na vinda de companhias aéreas turcas, como a Turkish Airlines, uma das melhores do mundo e significar também maior diversidade de turistas”.

O grupo Riu também tem na calha um novo projecto, cujo arranque, diz Luís Silva, está dependente da extensão e a da iluminação da pista do aeroporto de Sal Rei. “Será o quarto hotel deste grupo na Boa Vista, e o grupo Tui, que teve de suspender um projecto em Chaves Sul, por causa da pandemia, vai agora trazer a marca Robinson, que também é do mesmo grupo. Neste caso, as obras que já haviam sido iniciadas vão sofrer remodelações, tendo em conta que mudaram de marca para um produto diferente, de standard mais elevado.” Todos estes projectos, anunciadas para o próximo ano, para a Boavista, vão resultar num aumento de oferta de emprego, numa onda de crescimento com grande impacto na ilha, já a partir de 2025, e acordo com as projecções da Sociedade de Desenvolvimento.

População deverá aumentar em 50%

E aqui, diz Luís Silva, é o próprio Estado e o município da Boa Vista, em particular, que terão pela frente grandes desafios, de forma a responderem aos impactos e evitar os mesmos erros e consequências, como aconteceu no primeiro ciclo, de 2006, 2007.

“Nós estamos a preparar esse trabalho para submeter ao governo para que tenha todas as informações, as respostas nos vários sectores que irão ser afectados, com o avançar destes quatro projectos.

Significa um aumento da capacidade hoteleira em mais de 50, 60% e com isso vai aumentar também a população, a oferta de trabalho, a procura de habitação, basta pensar que desde o início do primeiro ciclo, a população da ilha quadruplicou. E nos próximos quatro, cinco anos, poderá mesmo aumentar em 50%.”

Apesar da retoma turística, com um actual número de visitantes aos níveis do tempo antes da pandemia – sete, oito mil turistas por dia – regressam agora os investidores, depois de um período de incerteza quanto ao futuro dos negócios. No entanto, a falta de infraestruturas como o saneamento e a adução de água na rede, a construção de dessalinizadoras e ETARES para as águas residuais, na Boavista, vão exigir investimentos de dinheiros públicos para acorrer aos impactos. A começar pela habitação, o alojamento dos milhares de trabalhadores que deverão chegar à ilha para a construção destes projectos.

Joaquim Arena

Publicado na edição nº 880 do Jornal A Nação, do dia 11 de Julho de 2024

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