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São Vicente

São Vicente: Assaltos continuam a perigar entrega de alimentos ao domicílio

Os assaltos a motociclistas com alimentos para entrega ao domicílio continuam nas noites do Mindelo, pondo em xeque a continuação deste tipo de serviço que dá emprego a vários jovens. Só nos últimos seis dias, dois “motoboys” foram assaltados.

Na noite de sexta-feira passada, 7, um “moto boy”, da equipa de entregas de Odário Moreira, foi vítima de mais um assalto, o terceiro em menos de um ano. O ataque ocorreu por volta das 22h15, na zona de Cruz João Évora, um dos lugares onde as ténues luzes da cidade parecem não alcançar as sombras da criminalidade.

A resposta da Polícia Nacional, segundo o empresário, ao A NAÇÃO, foi marcada por uma “passividade desconcertante”. Como alega, apesar de pistas que poderiam levar a uma acção rápida, o assaltante permanece livre, deixando a “comunidade” em alerta e o Chefe Moreira em estado de frustração.

“Felizmente, o meu trabalhador saiu ileso”, disse Moreira, aliviado por não haver ferimentos físicos, mas ciente do trauma que tais eventos podem causar nos jovens que normalmente emprega no seu “delivery”.

No último episódio, segundo a nossa fonte, o assaltante levou não só o dinheiro da encomenda, no valor de três mil escudos, e o telemóvel de serviço, mas também a motorizada , portanto, um triplo golpe para a empresa que se esforça para oferecer um serviço moderno e conveniente. Odário Moreira lamenta a insegurança que “continua a reinar” no Mindelo, uma cidade conhecida por sua efervescência cultural e hospitalidade.

Sector em perigo

Enquanto Mindelo se prepara para as festas de São João, um evento que promete impulsionar a economia local, operadores como Odário Moreira ponderam o custo da insegurança. No seu caso, o serviço de entrega de alimentos, que emprega vários jovens, além dos 15 funcionários da pizzaria e restaurante, está em xeque.

Desapontado e desgostoso, Odário Moreira revela que está a ponderar o fim de um serviço que presta. Como confessa, a decisão é difícil, mas reflecte uma realidade que ele e vários outros empresários enfrentam, no dia a dia, que é investir em inovação e conforto dos clientes, como acontece em vários outros lugares do mundo.

A NAÇÃO já havia reportado, recentemente, o fenómeno do assalto aos entregadores de alimentos ao domicílio por parte de restaurantes e bares, que viram neste tipo de prestação de serviço uma forma de expandir os seus negócios. A questão, neste momento, é como proteger aqueles que trabalham para servir a cidade e como garantir que o serviço que traz comodidade aos moradores do Mindelo não se torne uma vítima da própria cidade que busca servir.

Última hora

Já no fecho desta edição recebemos mais uma informação sobre um outro caso, este ocorrido na zona de Fernando Pó, na noite desta terça-feira. Edmar Fortes, de 37 anos e proprietário da onde um entregador da “Player 7”, compartilhou com A NAÇÃO os detalhes do incidente, que ocorreu por volta das 22 horas.

O entregador foi abordado por desconhecidos que, após roubarem os produtos, tentaram agredi-lo com uma faca e o atingiram com uma pedra no capacete. Além do roubo, os meliantes danificaram uma bolsa de transporte de encomendas e o assento da motocicleta.

Também Edmar Fortes diz que esta foi a segunda vez que os seus funcionários foram alvo de assaltos, com um incidente anterior ocorrido na Ribeirinha.

“Assim fica difícil para os entregadores,” lamentou aquele empresário, destacando o dilema enfrentado por muitos agentes económicos que dependem de serviços de entrega. “O risco constante de violência coloca em perigo a vida dos jovens trabalhadores honestos e compromete a viabilidade dos serviços de entrega como um todo”.

Fortes faz por isso um apelo às autoridades para que intensifiquem a segurança na região e proporcionem um ambiente de trabalho seguro para os entregadores. “É imperativo que medidas sejam tomadas para proteger aqueles que estão na linha de frente dos serviços essenciais, garantindo que possam trabalhar em paz e com dignidade”, conclui Edmar Fortes.

Polícia

Apesar dos nossos esforços, nomeadamente, o envio de um email com os nossos pedidos de informação, até à hora do fecho desta edição, não tivemos qualquer reacção da Polícia Nacional em São Vicente.
Entretanto, no seu último balanço da criminalidade na ilha do Porto Grande, em Abril passado, a PN deu conta de que os crimes contra pessoas tinham aumentado 6,4 % em 2023, representando 43,8% do total das ocorrências registadas nesse ano.

Na mesma altura, a PN dizia-se atenta a um alegado aumento de criminalidade na ilha de São Vicente, aumento esse que levava as pessoas a duvidarem das estatísticas policiais. O comandante do Corpo de Intervenção da PN em São Vicente, Madelino da Luz, refutou à imprensa que houvesse um aumento de assaltos, nomeadamente armados, a estabelecimentos comerciais, bares, registados nas últimas semanas de Março.

João A. do Rosário

Publicado na edição 876 do Jornal A Nação, do dia 13 de junho de 2024

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