A investigadora Maria de Lurdes Caldas, em parceria com a Livraria Pedro Cardoso, lança esta sexta-feira, 7, na Fazenda, o primeiro romance de Antónia Pusich, dias após a inauguração de uma exposição que narra a vida e a obra desta que é considerada a primeira escritora cabo-verdiana, já que nascida na ilha de São Nicolau.
O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), na Cidade da Praia, recebeu na segunda-feira, 4, a exposição bibliográfica de Antónia Pusich, retratando a sua vida e obra.
Maria de Lurdes Caldas explicou, citada pela Inforpress, que o primeiro romance de Pusich, “Olinda, ou a Abbadia de Cumnor-Place”, foi escrito em 1844 e publicado em 1848, e que desde então “nunca mais a obra foi reeditada”.
“Pela primeira vez, vamos ter o seu primeiro romance publicado e espero que esta comemoração seja o pretexto para trabalhos académicos sobre a Antónia, porque ela tem muitas obras e a própria vida presta-se à abordagem de várias perspetivas”, disse.
Quanto à exposição patente no IILP, Lurdes Caldas explica que é uma exposição que se pretende que seja permanente, que fique na ilha de São Nicolau. “É possível que até lá percorra algumas ilhas, porque Antónia Pusich não é uma pessoa muito conhecida ainda aqui em Cabo Verde”, considera.
Antónia Pusich, distinta figura literária das ilhas
Segundo Maria de Lourdes, Antónia Pusich era natural de São Nicolau, ilha que a acolheu até aos quatro ou cinco anos. Depois do pai terminar a sua comissão de serviço, regressa à corte que na altura estava sediada no Rio de Janeiro por causa das invasões napoleónicas. Em 1818, regressa a Cabo Verde, ilha de Santiago, altura em que o pai foi nomeado governador-geral de Cabo Verde, e depois conhece o seu primeiro marido e em pouco tempo fica viúva.
Em 1849, Pusich fundou, pela primeira vez, um jornal, o que faz dela a primeira mulher em Portugal, logo também em Cabo Verde, a fundar um jornal que passou a dirigir e do qual passou a ser a sua redatora principal. “Ela foi a primeira a ousar, a colocar o seu nome no cabeçalho do seu jornal, como fez, aliás, nos outros dois que depois também fundou”, avançou Maria de Lurdes Caldas, autora de vários livros sobre a história de Cabo Verde.