PUB

Colunistas

Minha outra terra – Outra vez –

Por: Carlos Carvalho

Minha outra terra… outra vez!!

Minha outra terra…outra vez…nas bocas do mundo!!

Segundo seu Xefi-Único, houve mais uma tentativa de golpe.

Mais uma tentativa de golpe… General resolveu acabar com a “palhaçada”!!

Acabado de chegar de mais uma Cimeira, o homem vai-a-todas decidiu pôr ordem na tabanca.

Xatiadu si… manda todos pro carajo…!!

Qual reconciliação… qual carapuça!!!

Como costuma anunciar, na Terra onde ele manda, pagaye caba!! Quem manda aqui… sou eu!! Único Xefi…Sou eu!! Nem Nino mandou assim!!

Mas…General…k nunka kumanda 5 soldadinhus é há já algum tempo… General!! Só os “tropas-graudos” – também Generais – também nem se sabe com que critérios, sabem como chegou a General.

Mais que o Verdadeiro General, aquele que comandou batalhões!! 

Mais que aquele que foi considerado…quase por unanimidade… o Herói-Militar-Maior da Luta de Libertação dos povos da Guiné e de Cabo Verde. 

Pois!!

O General decretou:

– Ninguém mais vai mandar aqui!!

Ca ten Governo

Ca ten Assembleia

Justiça é di meu

Tropas nen ka misti fala!!

Assim, o Homem-da-bengala abocanhou tuuuuuuuudu!!!

É Dono e Senhor do povo da Guiné…das suas dezenas de etnias…tabancas…e das suas florestas…dos seus rios e mares…das suas ilhas…

Tudo baxu-pé de General!!

Enfim, General, é Deus-da-Guiné!!

É txoma tropas di zona, é correba kes pabia na sé terra tropas de terra k ta manda, pá bem diféndél, pabia i discunfia kuma tropas- di-terra dja cá ta dal segurança. 

É bendi…sucundidu… pitrol di tudu guineenses

Guineenses…nhas patrisius…tudu na drumi

Drumi…un sono profuuuuuuundo!!

Mas, voltemos ao mais um golpe.

General chegou…como disse acima…decretou:

– Pagaye caba!!

– Reconciliação…pro carajo!!

Ele passou a ser…Presidente…1° Ministro…Ministru tanbi…Chefe de Justiça…

Bom, Chefe de Tropa…pa lei…já era!!

Assim, desde que se levanta…ti oras k ta deta…é Xefi de tudu guineenses…Omis…gatu…catxur…pirikitu…cobra…lagartu di Nbatonha…

Tuuuuudddddu…baxu si sobaku!!!

Ah Guiné!!!

Ah…Nha Otu-Terra

Forti bu caba na nada!!!

REGRESSO AO PASSADO

Desta vez, venho com um pouco de cientificidade nesta analise.

Lendo um ilustre advogado e intelectual cabo-verdiano, cuja história de vida, num momento meteu Guiné pelo meio, lembrou-me o nosso General.

Loff de Vasconcelos, nha patrisiu di Djarmai, pá banda di nha mãe…foi um ilustre jurista cabo-verdiano contratado…ainda no período colonial…para defender “pacíficos cidadãos, honrados comerciantes, exemplares chefes de família”, segundo palavras do próprio Loff de Vasconcelos. 

Estávamos nos inicios do séc. XX, no território da Guiné, na terra dos papéis…essa mais que ilustre etnia guineense…Dono das Terras-dos-papéis.

O acontecimento entrou para a história do período colonial português como a “Rebelião dos Papéis”.

A defesa desses “pacíficos cidadãos, honrados comerciantes, exemplares chefes de família” coube, como disse, ao ilustre cabo-verdiano Luis Loff de Vasconcelos.

É o episodio da colonização da Guiné que mete duas figuras sinistras: o nosso “herói” de infância, Teixeira Pinto, e seu famigerado “lieu-tenent”, Abdul Injai.

Os dois tiveram destinos finais diferentes. 

Teixeira Pinto, uns dizem que foi morto na Guiné; mas a realidade parece nos confirmar que morrera em Moçambique, sempre servindo a pátria-mãe.

Abdul Injai, coitado, acabou…aqui…no cemitério da Várzea desta minha outra terra. Ainda lá se encontra.

Abdul desapareceu… ou “foi desaparecido” da história da Guiné.

Já Teixeira teve honras e direito de ter uma das maiores estátuas da Guiné-Portuguesa… ben sakedu… em pleno centro da Terra-dos-papéis… que ele ferozmente combateu… na cidade de Bissau. Na Alto Crim, eu, criança ainda, quando via o Homem lá riba… tá daba mi médu!!! Fiquei com trauma até hoje.

Minha mãe, que assistiu a tudo, contava estória interessante de como a estátua lá foi colocada, com a contribuição monetária de até comerciantes berdianus da praça de Bissau. Re-contei a estória no livro “Memórias da Luta Clandestina” do seu marido-meu pai, Inácio Soares de Carvalho.

LOFF DE VASCONCELOS X ABDUL INJAI 

Segundo Loff de Vasconcelos:

“Abdul Injai… um famoso cabo-de-guerra… foi um fino e ardiloso senegalense!!…f oragido da colônia francesa e astuciosamente acoitado e exilado em território português”. A Defesa das Vitimas da Guerra de Bissau – O Extermínio da Guiné. In: Luís Loff de Vasconcelos. Obra quase Completa – Volume I. Pg. 130.; organizada pela investigadora do ex-IIPC e minha amiga Larissa Rodrigues.

Dá para entender que Abdul foi igualmente um astuto, intriguista e sanguinário cabo-de-guerra… que comandava uma “quadrilha aguerrida, composta também de muitos tourancas (indígenas da colônia francesa)… numerosa em homens, e operando sempre pro domo sua, esses guerreiros são a imagem e a encarnação da Destruição e da Morte”. Idem obra referida. Pg. 130.

ABDUL INJAI X USE

Pois!!

Abdul Injai me lembra o nosso Xefi-Máximo.

Para já, o Senegal, sempre no nosso caminho, desde os tempos antigos.  

Injai foge do Senegal, refugia-se no território da Guiné-Portuguesa.

Xefi-Maximo, o General, caiu do céu, amicíssimo de um ilustre senegalês, por sinal seu tio, irmão-mais-velho, às vezes até pai…Presidente do Senegal.

Injai foi um fino e ardiloso senegalês!!, foragido da colónia francesa, aguerrido Chefe-de-Guerra. 

O General é igualmente astucioso, intriguista, manobrador, manipulador, não um aguerrido Chefe-de-Guerra, mas um admirador do mundo francófono, onde navega sima pexi na agu. Aliás, tornou-se, não se sabe como, até amigo pessoal do rapasinhu-Xefi-fransis!! 

LOFF DE VASCONCELOS 

Loff de Vasconcelos advogou em favor de guineenses, nacionalistas-sim, não criminosos a ponto de serem presos e a guarda de julgamento. Advogou de que resultou a soltura de “pacíficos cidadãos, honrados comerciantes, exemplares chefes de família”. Loff deixou seu testemunho que nos permite entender parte da história da Guiné-Portuguesa no interessante período que levou à ocupação efectiva do todo território guineense… período que entrou na historiografia colonial-portuguesa como Guerra da Pacificação.

USE – Chefe Máximo

Este artigo, como viram, tem, na verdade, três protagonistas principais: Loff de Vasconcelos, Adul Injai e General USE.

Mas, a sua substância advém do facto de o último se comportar, em pleno séc. XXI, ainda pior que o penúltimo, espalhando terror politico-militar-judicial, “operando sempre pro domo sua”, utilizando guerreiros com armas (militares) e sem armas, deputados, activistas e outros, condenando honestos cidadãos-políticos, honrados e exemplares chefes de família.

USE age como se fosse um Injai. 

Mas, faz ainda pior que Injai. 

Injai mata e põe lume nas aldeias e regulados… dos papéis.

USE, este, desde que apareceu na cena politica guineense tem a Guiné sempre sobressaltada…Com sua bengala de aprendiz-de-Ditador, decide:

Organizar raptos…

Mandar açoitar…

Mandar dar tiros…

Decidir se há golpes…

Perder ou ganhar eleições; seu Partido perde eleições…é ta da ordi pá manda…

Enfim, USE é Deus e Senhor na/da Guiné!!

Guiné…d ja ka tem Omis!!

Omis… k H, Garandi, kila dja ka ten!!!

E… povo di Guiné assiste…

Impávido e sereno!!

Cantando, badjando, bebendo, e… rindo!!!

Como se nada estivesse acontecendo.

E foi o que acaba de acontecer… outra vez!! E a Comunidade Internacional, já sabem!!! Vê, finge que não vê… Observa tuuuuudo… boca yam!! Até o Dia… que…

Disse.

11/12/2023.

PS:

Decidi não ir mais longe porque a procissão ainda só vai no adro… o teatro ainda só começou. E porque voltarei ainda ao Loff de Vasconcelos e a Guiné, tenho certeza de que também ainda voltarei à nha Otu-Terra…ká na tarda.  

PUB

PUB

PUB

To Top