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Sociedade

Queda no ranking da Liberdade de Imprensa: PR propõe “debate profundo” sobre as “falhas e deficiências existentes”

O Presidente da República disse hoje que a descida de Cabo Verde no Índice Mundial da Liberdade de Imprensa interpela a todos a uma reflexão sobre as responsabilidades enquanto Estado, jornalistas e cidadãos.

José Maria Neves reagiu assim ao relatório publicado hoje pela organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF), em quer Cabo Verde desceu oito lugares no Índice Mundial da Liberdade de Imprensa, de 33ª em 2023, para a 41ª posição hoje.

Na sua intervenção, na sessão de abertura da conferência de celebração do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, que decorre na cidade da Praia, José Maria Neves sublinhou que esta descida interroga a todos a um “debate profundo” sobre as “falhas e deficiências existentes” e juntos trabalhar para melhorar.

Liberdade de imprensa, uma conquista diária

Realçou que a democracia, a afirmação das liberdades, sobretudo da liberdade de imprensa, são conquistas diárias da cidadania, da sociedade civil, dos Estados e das autarquias locais.

“É preciso que todos particularmente os partidos políticos, os decisores, os governantes, os titulares dos órgãos de soberania prestem atenção sobre o exercício do jornalismo aqui em Cabo Verde e compete também aos próprios órgãos de comunicação social, aos jornalistas aos cidadãos fazerem a parte que lhes cabe sem medo, para que possamos fazer o caminho a melhoria contínua da nossa situação no ranking da liberdade de imprensa”, sublinhou.

É possível fazer “muito mais e melhor”

Para o chefe de Estado, com “ambição, profissionalismo, rigor e excelência” é possível fazer “muito mais e melhor” e juntos melhorar a discussão pública, sendo que todos têm o direito de discordar com argumentos, educação e elegância e, dessa forma, reforçar as liberdades e a democracia.

Segundo apontou, no contexto global e nos tempos que correm a liberdade de imprensa como a democracia estão sob ameaça, e quanto mais débeis forem as instituições, maiores serão os riscos, principalmente com o advento das redes sociais.

Situações que inquietam

 “Em Cabo Verde, felizmente, o clima é muito mais pacífico, os jornalistas são respeitados e o seu trabalho é bem avaliado, mas hoje registamos algumas situações que inquietam, nomeadamente a circulação de ‘fake news’, que para benefício de todos, desafia a sociedade civil e jornalistas, a encetar um combate conjunto a esta praga que persiste em perturbar o nosso convívio”, argumentou o Presidente da República.

Porém, defendeu que é necessário apostar cada vez mais na qualidade do jornalismo que é feito no país para que as “não notícias” não atropelem as notícias, uma maior especialização desses profissionais para terem melhor domínio de questões específicas e que se faça mais jornalismo de investigação.

Reforçar a afirmação da comunicação social

Para José Maria Neves, os jornalistas deveriam eleger o conselho de redacção, pelas vantagens daí advenientes, e que há que tudo fazer para reforçar a afirmação da comunicação social, contribuindo também para fortalecer a sua autonomia, proporcionando melhores condições.

Sugestão esta que diz “especialmente aos órgãos privados, que, num mercado pequeno como o de Cabo Verde, enfrentam os maiores desafios”.

“Envidemos todos os esforços para que tenhamos uma informação livre e plural, de modo a que os cidadãos estejam elucidados sobre as grandes questões da actualidade, tendo a mediação esclarecida da comunicação social, assim estaremos a contribuir para a consolidação do Estado de Direito Democrático, que tem como sustentáculo a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, coadjuvantes principais na tarefa da boa governação”, precisou.

O Chefe do Estado desafiou os jornalistas a serem “mais ousados e atuantes” e a assumirem efectivamente o papel de intermediação entre o Estado e a sociedade e que sejam cada vez mais “os olhos e os ouvidos” da sociedade, “sem medo, sem autocensura”, garantindo “transparência e accountability” na governança a todos os níveis e instituições.

Ranking RSF – de 33ª para 41ª

Recorde-se que o relatório publicado hoje pela organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) aponta que Cabo Verde desceu oito lugares no Índice Mundial da Liberdade de Imprensa, de 33.ª, em 2023, para a 41.ª posição, enquanto Angola, Brasil e Portugal subiram.

O Índice Mundial da Liberdade de Imprensa, publicado anualmente pela Repórteres sem Fronteiras, avalia as condições para o jornalismo em 180 países e territórios.

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