O funeral do antigo preso político do Campo de Concentração do Tarrafal e professor de diversas gerações de cabo-verdianos, Jaime Schofield, realiza-se hoje, Sexta-feira, pelas 16 horas no cemitério da Várzea, Cidade da Praia. Este Combatente da Liberdade da Pátria, faleceu ontem, Quinta-feira, 02, na Praia, aos 85 anos de idade, vítima de doença prolongada.
Natural de São Vicente, Jaime Ben Hare Soifer Schofield, junto com outros amigos e colegas, organiza, nos finais de 1966, uma célula do PAIGC em Santo Antão, a fim de preparar a guerrilha a partir da ilha.
Menos de um ano depois, em 8 de Outubro de 1967, foi preso pela PIDE, tendo cumprido pena na Cadeia Civil da Praia (Santiago) e depois enviado para o Campo de Concentração Tarrafal, no início de 1970.
O “Campo da Morte Lenta” descrito pelo próprio Schofield
“Os muros do Campo da Morte Lenta pareceram-me um verdadeiro e imenso túmulo. Pensei que terminaria ali os meus dias. (…) O Campo impressionou-me pela dimensão e estrutura tumular. Para mais, a receção da PIDE, a entrada na caserna, a brutalidade das pessoas, a obediência canina, o meu pensamento era só: ‘daqui não saio’”, relatou o próprio Schofield no livro “Tarrafal-Chão Bom, Memórias e Verdade”, do jornalista e escritor José Vicente Lopes.
Quando saiu do Tarrafal, em Fevereiro de 1973, Jaime Schofield quis recuperar a sua profissão de professor, o que lhe foi negado, “por causa do contacto com os alunos”, e foi-lhe dado um cargo nos Serviços de Educação, com a categoria de professor primário, mas com subsídio de chefia.
PAICV recorda o “ilustre cidadão” e “exemplar patriota”
A Comissão Política Regional do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) –no Sal já manifestou, através de nota de pedsar, o seu “mais profundo pesar” pelo falecimento do Combatente da Liberdade da Pátria, Camarada Jaime Schofield, “um ilustre cidadão cabo-verdiano e um exemplar patriota, que determinado em lutar pela independência de Cabo Verde, organiza, nos finais de 1966, juntamente com outros nacionalistas, uma célula do PAIGC em Santo Antão, a fim de preparar a guerrilha a partir da ilha, enquadrado na luta de libertação armada.”
O PAICV também recorda a prisão de Jaime Schofield pela PIDE e o seu encarcerado no Campo de Concentração do Tarrafal, o «Campo da Morte Lenta», no início de 1970, de onde só viria a sair em Fevereiro de 1973.
“Grande pedagogo, professor de várias gerações”
Além da faceta de pedagogo e de professor de várias gerações, o PAICV destaca, igualmente, o desempenho de Jaime Schofield, como um “ilustre jurista e advogado, culto e figura insigne da sociedade salense e cabo-verdiana”.
“Intelectual de fina craveira, portador de uma boa pena e detentor do dom da palavra, o Combatente da Liberdade da Pátria, Camarada Jaime Schofield foi um grande pedagogo, professor de várias gerações e Diretor do Liceu do Sal”, diz a nota de pesar da Comissão Política Regional do PAICV no Sal, acrescentando que o malogrado também foi um “homem bom, de fino trato, humilde e sempre preocupado e comprometido com a melhoria das condições de vida do seu povo”.
C/ Inforpress
