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Saúde

Mais de 1000 casos de dengue notificados desde Novembro: Ministério da Saúde desdramatiza

Domingos Teixeira

Cabo Verde está a braços com um surto de dengue localizado nas ilhas do Fogo e de Santiago, com mais de mil casos notificados desde Novembro. Para Domingos Teixeira, do Ministério da Saúde, este ressurgimento da doença, fora da época das chuvas, segue uma tendência mundial, de aquecimento global, mas que ainda assim a luta passa por manter o país livre do paludismo. 

Cabo Verde está a registar desde Novembro passado, casos de dengue, sendo que a maior incidência, tanto em termos de suspeitas e de confirmações, está localizada nos concelhos da Praia (Santiago) e de São Filipe e Mosteiros (Fogo). Os sintomas são, normalmente, febre, calafrio, dores no corpo, confundindo-se muitas vezes com a malária ou paludismo. 

Dados do Ministério da Saúde (MdS), notificados na segunda-feira, 4, a que A NAÇÃO teve acesso, apontaram um (1) caso confirmado na Praia, dois (2) suspeitos em São Filipe e cinco (5) suspeitos nos Mosteiros, sem nenhum internamento. Até esta data, o país contabilizava 1066 casos notificados, 490 confirmados e zero (0) óbitos por dengue. São Filipe tem mais de 50% de todos os casos registados no país desde Novembro, o que por si levanta a pergunta o que poderá estar por trás disso.

Situação não preocupante 

Ao A NAÇÃO, o director de Serviço de Vigilância Integrada a Resposta a Epidemias, da Direcção Nacional da Saúde (DNS) avançou que a actual situação da dengue no país não é preocupante, apesar dos impactos que isso poderá ter a nível da saúde pública. 

Felizmente, diz Domingos Teixeira, “temos casos que persistem sobretudo nas ilhas do Fogo e de Santiago, nos concelhos de São Filipe e Praia, respectivamente. Têm sido poucos os casos diários, entre quatro e seis, mas continuamos a registar, pelo que não temos ainda uma batalha vencida. Precisamos reduzir a 0 casos”. 

Conforme avançou também aquela fonte, o país tem tido uma dinâmica de evolução de casos semanais, sendo que 69 casos foi o maior registo até ao momento, desde Novembro. “Podemos reparar que a tendência é para diminuição, mas o que pretendemos mesmo é atingir zero casos”.

Ressurgimento de casos fora da época das chuvas

Questionado sobre o que poderá estar por detrás do presente surto de dengue, numa altura em que este arquipélago foi considerado país livre do paludismo, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e sem ser na época das chuvas, altura mais propícia para os mosquitos, transmissores da doença, o nosso entrevistado respondeu que o aumento de casos tem sido a nível mundial.

“Dengue é uma doença transmitida pelo mosquito aegypti, que registou um aumento mundial nesta altura do ano. Houve, nos finais de 2023, uma explosão de casos comparados com os anos anteriores. Por isso, a dengue tem sido considerada uma doença emergente”, justificou, referindo que Cabo Verde é um país aberto, com vector transmissor e muita circulação de pessoas.

América do Sul e África

“Não foi só o nosso país que registou o ressurgimento e aumento de casos de dengue”, responde a nossa fonte, salientando que outros países e continentes, na América do Sul (Brasil), em África e até mesmo na Europa, estão a registar nos últimos tempos casos de dengue fora da época chuvosa. 

“Muitos outros países de África estão também em alerta com epidemia de dengue e não só, tendo em conta outras doenças transmissíveis por aedegipt”, complementa Domingos Teixeira.

Por outro lado, esse responsável lembra que a dengue é uma doença transmitida por mosquitos que preferem criar e desenvolver-se junto dos seres humanos e que, enquanto seres vivos, estão a adaptar-se também à nova realidade climática, de aquecimento do planeta.

“Esse tipo de mosquitos está dentro e nos arredores das habitações. E, ao que tudo indica, estão a adaptar-se a novas realidades e tempos diferentes. Assim, estamos a verificar a sua presença em tempos mais frios, por exemplo, o que antes não acontecia”.

Preparar o combate para época mais quente

Neste sentido, diz Domingos Teixeira que se torna fundamental o combate aos mosquitos neste momento, tendo em conta que daqui a pouco tempo entraremos numa época mais quente, altura mais propicia para a explosão da doença. 

“Estamos já no mês de Março e aproximamos da época mais quente do ano, o que significa que, com as chuvas, a condição para o desenvolvimento do mosquito é maior. Temos que fazer um esforço adicional para acabar com os casos porque o aumento de temperatura aumenta também os mosquitos”.

Além de acções concretas, a sensibilização é, para Teixeira, uma das formas mais eficazes de luta contra a dengue. “Tem que se fazer também sensibilização tendo em conta que muitas pessoas que não tem informações de meios e formas que os mosquitos criam nas suas habitações. Precisamos da colaboração activa de cada um no combate ao mosquito”.

Segundo avançou a nossa fonte, o Ministério da Saúde (MdS) tem estado a passar estas informações nas comunidades com equipas de luta anti-vectorial e também com equipas de comunicação e informação, nas estruturas de saúde e nas comunidades.

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