A presidente do ICIEG anunciou hoje que o funcionamento da linha de denúncia de casos de Violência Baseada no Género (VBG) vai ser alargado para 24 horas. Marisa Carvalho reagia aos recentes casos de VBG, ocorridos nos municípios de São Filipe e Porto Novo.
“Vamos aumentar a linha de denúncia SOS para 24 horas. Vamos aumentar também as condições de restrição até ao dia seguinte, que damos aos centros de apoio às vítimas dos municípios, mas infelizmente não conseguimos estar na casa de cada uma das pessoas, não conseguimos estar a controlar cada um dos cabo-verdianos e todas as pessoas que estão em Cabo Verde”, apontou a presidente do ICIEG, citada pela Inforpress.
Marisa Carvalho considerou “inaceitável” que mulheres continuem a ser vítimas de VBG em Cabo Verde, salientando que se trata de uma questão comportamental e com a gestão das nossas emoções e entendimento do outro.
“O fracasso de uma relação ou acabar uma relação, não é uma derrota, as pessoas têm liberdade de estar com quem quiserem, como quiserem e há que respeitar o outro”, referiu.
Mês da mulher manchado
Estes crimes, segundo a mesma fonte, vêm manchar o mês de Março, que é o mês da mulher e o mês em que são promovidas e reforçadas as acções para alertar sobre os “graves problemas” de género que persistem em todo o mundo, lembrando relembrando que a VGB é um crime público.
“Infelizmente não é só em Cabo Verde que isto acontece, mas temos realmente de parar para pensar. Não é o que é que as instituições fazem, é o que cada um de nós faz ao educar os nossos filhos, o que é que cada um de nós faz ao permitir muitas vezes estas situações, porque por mais que se diga, há sinais que é possível ver o que é violência e o que é que não é violência”, frisou.
Menos casos e mais denúncias
Não obstante, a responsável reconheceu que tem havido uma redução do número de casos de VBG em Cabo Verde e um aumento de denúncias.
“Temos também tido um aumento de denúncias, o que é bom, porque como eu digo, quando nós conhecemos os casos podemos agir sobre eles. Os casos que nós atuamos, por exemplo, que obriga à retirada da vítima do seu contexto familiar, nunca nenhuma vítima que foi retirada desse contexto emergencial de perigo iminente terminou na morte, portanto, o que eu apelo mais uma vez é para esta questão da denúncia”, reforçou.
Famílias destruídas
Marisa Carvalho lamentou, por outro lado, que além de casos com vitimas mortais, há situações em que o agressor comete o suicídio, deixando assim uma família totalmente destruída e com consequências negativas para o resto da vida dos filhos e da própria sociedade.
Dois casos em 24 horas
De recordar que no passado domingo, 03 de Março, um indivíduo de 38 anos suicidou-se no município de São Filipe, ilha do Fogo, depois de ter agredido a ex-companheira com uma arma branca.
Na manhã de segunda-feira, 04, na cidade do Porto Novo, Santo Antão, uma mulher de 30 anos foi encontrada morta na sua residência. Suspeita-se se tratar de um crime passional. O ex-companheiro encontra-se desde então desaparecido.
C/ Inforpress