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Ambiente

Projecto de florestas controladas lançado em Março para introduzir novas espécies em Cabo Verde

O cabo-verdiano José Luís Romão conta lançar no final do mês de Março, em parceria com a Associação dos Municípios de Santiago, o projecto de florestas controladas que almeja introduzir novas espécies no país, fruto das suas investigações no Brasil. São mais de 40 espécies, na primeira fase do projecto, que também vai dar novo uso às águas residuais. 

Em entrevista ao A Nação, José Luís Romão, que vem trabalhando no projeto, há vários anos, adianta que já conseguiu um protocolo com a Associação dos Municípios de Santiago, através do qual vai iniciar o projecto piloto nos concelhos de Santa Cruz, São Domingos (sua terá natal) e São Miguel.

A ideia é lançar a iniciativa por altura das festas do dia do município de Santa Cruz, celebrado no dia 29 de Março.

“Já começamos a comprar sementes e rizomas. Falta só  eles (municípios) disponibilizarem parte do valor acordado para podermos acabar de comprar as sementes e os rizomas e tratar da documentação do embarque a Cabo Verde”, indica.

O projecto, conforme garante, já tem todas as autorizações da Direção Geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária (DEGASP), em Cabo Verde, assim como das entidades responsáveis no Brasil, que autorizaram a saída das sementes inseridas nas suas pesquisas.

Aproveitamento das águas residuais

O viveiro será montado inicialmente em Santa Cruz para a produção de mudas e posterior distribuição.

Neste município do interior de Santiago, será também montado um projecto de recolha e aproveitamento de águas residuais cinzas e negras.

“Todo esse projecto está fundamentado em cima das águas residuais cinzas e negras, que estão nas ETAR´s, mas também gostaríamos de utilizar  as águas nas cadeias, aeroportos, hospitais e escolas, bem como nas residências particulares”, explica, acrescentando que, neste primeiro momento, o fundamental são as aldeias, onde pretendem montar lavandarias comunitárias, como forma de ter melhor acesso às águas residuais.

Construção de pequeno ETAR

Em Santa Cruz, José Luís Romão diz que vai ser construída uma mini ETAR, na qual será implementada uma tecnologia para produzir dentro da água suja, através de bactérias nitrificantes, capazes de converter o amoníaco em nitrito. Outras bactérias fazem um segundo processo de transformação do nitrito em nitrato (filtragem biológica).

“A primeira coisa que vamos produzir aí é água limpa, para poder utilizar ela. Ao limpar a água, vamos produzindo dentro dela e toda a sujeira vai ser utilizada para a produção de adubo. Mas a nossa técnica vai alem.  Injecta oxigenação na agua, facilitando a acção das bactérias no processo aeróbico”, acrescenta.

Cursos profissionais gratuitos

Para a melhor implementação do projecto nos município de Cabo Verde, o projecto conseguiu uma parceria com uma universidade em Minas Gerais, que vai disponibilizar um conjunto de cursos profissionais e material de estudo, online e de acesso gratuito.

Os impulsionadores da iniciativa estão também a terminar um livro que, segundo Romão, vai servir de guia de manejo, desde a preparação dos terrenos e cultivo até a produção, propriamente dita.

Mais de 40 espécies

Nesta primeira fase contam trazer para Cabo Verde mais de 40 espécies, entre plantas trepadeiras, árvores fruteiras para água salobra, fruteiras hemiparasitas, plantas tolerantes à seca e árvores barragens, estas últimas espécies plantadas nas margens de barragens e ribeiras, capazes de captar a água das chuvas  evitando a perda por vazamentos.

Para além da parceria com a Associação dos Municípios de Santiago, Romão avançou que o projecto já conseguiu ajuda de quatro cabo-verdianos, no valor de 50 mil escudos, destinado à compra de sementes.

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