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Cultura

São Vicente: Aos 60 anos Ivone Ramos sonha gravar um disco

Natural do Senegal, mas a residir em Cabo Verde desde os seis anos de idade, cantora das noites do Mindelo, aos 60 anos, Ivone Ramos, “Vony”, sonha gravar um disco. Um sonho que ainda não conseguiu realizar devido ao que chama de “falsas promessas”. E até lá vai dividindo a música com o artesanato e a costura. 

De parcas palavras, Ivone Ramos aceitou conversar com A NAÇÃO e contar um pouco da sua história. Uma vida que, apesar de nascida em Dacar, Senegal, se construiu ao longo de mais de 50 anos em Cabo Verde. Aos seis anos, com morte da mãe, uma tia mandou buscá-la para São Vicente, assumindo-se por isso como uma mindelense grata à vida.

Possuidora de uma voz potente e vibrante, Ivone, ou Vony como também é conhecida, confessa que sonha deixar um registo para a posterioridade, através de uma possível gravação de um trabalho discográfico que ficasse para a história.

Ansiosamente chegou ao local combinado um pouco antes da hora marcada para a entrevista, e mal nos apresentamos perguntou-nos o porquê do nosso interesse em  entrevistá-la. Pela sua simplicidade, o amor e a sensibilidade que empresta às composições que interpreta, fomos dizendo que ela merecia já ter gravado um disco.

“O meu maior sonho é gravar um videoclipe para postar no YouTube e ser vista em todo o lado”, confessa a cantora que tem actuado em bares e restaurantes do Mindelo, actividade que reparte com o artesanato e a costura. Quando jovem, participou também no carnaval de São Vicente, no concurso de vozes Todo Mundo Canta… Enfim, os anos foram passando…

Hoje, aos 60 anos, revela que uma das composições que gostaria de gravar é ‘Sossego e Riqueza’, da autoria de Jorge Humberto,  já gravada por Fantcha. No entanto, não recebeu ainda, segundo ela, a devida autorização visto que, como alega, o próprio autor quer que a mesma música faça parte de um trabalho próximo que Jorge Humberto está a preparar.

Falta de recursos financeiros 

E porque não um trabalho discográfico em vez de um single, depois de tantos anos de carreira?, questionamos igualmente, tendo Ivone Ramos apontado a falta de recursos financeiros para realizar esse sonho, também.  Como diz, um sonho por realizar, devido ao que chama de “falsas promessas”.

Tirando isso, vai dizendo, “os géneros musicais que mais gosto é, sem dúvida, a morna. Depois vem  a coladeira e o samba canção, o galope da Boa Vista”…

Inspirações

“Vony”, como é conhecida e chamada carinhosamente no bairro de Chã de Alecrim, onde reside, revela que se inspira muito em artistas como a salense Maria Alice, além de Maria de Barros, que reside nos Estados Unidos. Sublinhou, igualmente, que aprecia muito a música da malograda Sara Tavares.

Foi em 1982 que ingressou nas lides do canto, incentivada pela carnavalesca São Costa a cantar em cima dos carros alegóricos do “Sonhos sem Limites”. Um grupo que há alguns anos se encontra fora dos desfiles.

Inclusive fez também algumas actuações no concurso Todo o Mundo Canta e já actuou, em 2016, no festival da Baía das Gatas, contando ainda comparticipações nos eventos que aconteciam na emblemática Rua de Lisboa, bem como nas actividades realizadas no URDI.

Outras artes além da música 

Para além da música, Ivone Ramos trabalha em artesanato e costura, conta ainda este ano apresentar uma exposição no URDI.  O que ganha a cantar nas noites do Mindelo, confessa, além do prazer de cantar, acaba por “ajudar”, em certa medida, no orçamento familiar, além de ser algo que lhe preenche a alma e que gosta de fazer com paixão.  Ah, quanto ao disco dos seus sonhos… quem sabe, um dia, não será uma realidade também?

João do Rosário

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 860, de 22 de Fevereiro de 2024

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