Cabo Verde vai defrontar nos oitavos de final a congénere da Mauritânia, terceira classificada do Grupo D, que chega até aqui repescada, com 3 pontos. Os insulares chegam “invictus” a esta nova fase do CAN, com sete golos marcados, três sofridos, que lhe renderam sete pontos valentes. O embate contra os “mauras”, ou Marabitones, está marcado para hoje, segunda-feira, às 16h.
Cabo Verde chega a esta nova fase do CAN motivado e com o moral em alto, depois de ter deixado pelo caminho “gigantes” como o Gana e o Egipto, num desempenho irrepreensível, que leva os cabo-verdianos a acreditarem, mais uma vez, que os Tubarões Azuis poderão revelar-se na novidade desta Copa Africana de Futebol.
A selecção da Mauritânia, a terceira classificada do Grupo D, é a adversária dos Tubarões Azuis, em jogo a contar para os oitavos de final, marcado para segunda-feira, 29, às 16 horas de Cabo Verde, mais uma vez, no Stade Félix Houphouet-Boigny, em Abidjan, Costa do Marfim.
Os Marabitones chegam a esta fase, depois de uma vitória, surpreendente diante da Argélia, duas derrotas e um empate que resultam num goal-average negativo (3-4), de menos 1 golo. No seu historial, nunca participaram numa Copa do Mundo e, só em 2018, conseguiram apurar-se, pela primeira vez, para uma CAN.
Nos confrontos frente a Cabo Verde, tem havido um relativo equilíbrio entre as duas equipas, sendo os resultados mais expressivos favoráveis aos Tubarões Azuis. Por exemplo, em 2002, na dupla qualificação para a CAN-2004 e Mundial-2004 – 0-2 na Mauritânia e 3-0 na Praia. O colectivo mauritano é comandado, há quatro meses, pelo franco-comorense Ambir Abdou, que substituiu no cargo o francês Corentin Martins.
O terrível e emocionante jogo contra o Egipto
Aos Tubarões Azuis, bastaram dois jogos e duas vitórias (6 pontos) para aqui chegarem. De modo que, quando, segunda-feira, 22, entraram no Stade Félix Houphouet-Boigny para defrontar os Faraós do Nilo, já tinham o passaporte nos bolsos. Haviam deixado para trás os Black Stars do Gana (2-1) e os Mambas de Moçambique (3-0), pelo que facilmente colocaram de sentido o Egipto, que jogou sem a sua estrela maior, o avançado do Liverpool Mohamed Salah, ausente devido uma lesão contraída no jogo anterior.
Justamente por isso – e já com via verde para os oitavos – o seleccionador nacional, Pedro Bubista, fez descansar atletas que seriam indispensáveis noutras circunstâncias, nomeadamente os defesas Roberto Lopes “Pico”, Steven Moreira e João Paulo Fernandes, os médios Leroy Duarte e Janiro Monteiro e os avançados Jovane Cabral e Bebé, este último o “pontapé-canhão” de Cabo Verde.
Dir-se-ia que este exercício de confiança e aparente tranquilidade funcionaram como catalisadores para que os insulares acabassem por ser os primeiros a marcar. Gilson Benchimol (Benfica B de Portugal), recebeu o esférico a passe do capitão Ryan Mendes, rodopiou e, de pé esquerdo, alvejou o guarda-redes egípcio Mohamed El Shenawy – 1-0, aos 45’.
Com uma primeira parte de domínio cabo-verdiano, o Egipto – grande interessado na partida – não se deu por vencido, procurando, sem sucesso, o golo que lhe permitia ir para o intervalo com um empate encorajador à passagem à fase seguinte. Tinha no seu dianteiro Marmoush uma ameaça permanente a Vozinha, guarda-redes que ia adiando o golo egípcio, anulando todas as suas incursões e tornando a vida mais difícil aos Faraós que, através das redes sociais, iam acompanhando a festa do concorrente ao 2º lugar – os Black Stars do Gana (Grupo B) que, nessa altura, venciam os Mambas por 1-0.
Os pupilos de Rui Vitória regressaram para a segunda parte esfomeados e, com a faca nos dentes, marcaram logo aos 5 minutos, pelo recém-entrado Trezeguet. Estava anulada a desvantagem (1-1). O antigo treinador do Sport Lisboa e Benfica tinha agora todas as carnes no assador. Para além de Trezeguet, que entrara para o lugar de Hamdi Fathi, também foram a jogo Mohamed Hamdy (Ahmed Fotouh), M. Kahraba (Zizo) e M. Fathi (O. Marmoust).
Aumento brutal de rendimento dos egípcios que, doravante, num jogo pouco táctico e muito apostado no “corpo-a-corpo”, abafaram os cabo-verdianos, acabando por protagonizar, aos 93’, a desejada reviravolta, num belo chapéu a Vozinha (1-2, por M. Mohamed). Um score que, ainda assim, mantinha intactas as aspirações insulares e servia, concomitantemente, às aspirações faraónicas que, nesta remontada, contaram com a cumplicidade do VAR.
Invictos
Mas nem por isso os pupilos de Bubista cruzaram os braços, queriam – e conseguiram – a invencibilidade nesta fase. Com alta dose de emoção, sacudiram a pressão e caíram, corajosa e rapidamente, por cima dos norte-africanos. E o resto é o que se sabe.
Já na “fusca-fusca”, a bola chega a Bryan Teixeira, depois de uma jogada iniciada pela esquerda do ataque insular. O guarda-redes El Shenawi falha a intercepção e vê o couro redondo à frente, mas fora do seu alcance. Friamente, Bryan simula, retira-lhe do caminho e empurra o esférico lá para dentro, fazendo o 2-2, agora aos 99’.
O desfecho revelou-se, ainda assim, milagroso para os Faraós, que se aproveitaram do empate entre o Gana e Moçambique (2-2) e posicionaram-se atrás de Cabo Verde, rumo aos oitavos, com 3 pontos.
Os Tubarões Azuis e os Palancas Negras (Angola) são agora os únicos lusófonos a prosseguir na prova, depois do regresso à casa dos Mambas (Moçambique) e dos Djurtus (Guiné Bissau).
Santa Clara