O 20 de Janeiro, Dia dos Heróis Nacionais, ganha este ano especial relevo, ao coincidir com o centenário do nascimento de Amílcar Cabral, 12 de Setembro. Este sábado, 20, será o arranque dessa celebração ao longo dos meses de 2024 em Cabo Verde e na Guiné-Bissau, além de outros espaços onde Cabral é conhecido e respeitado pelo seu papel na libertação de África do colonialismo.
Apesar das polémicas político-partidárias que envolveram a celebração oficial do centenário de Amílcar Cabral, a partir deste sábado, 20, Dia dos Heróis Nacionais, é dado o arranque das comemorações do líder fundador do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Conforme avançou em conferência de imprensa o presidente da Fundação Amílcar Cabral (FAC), Pedro Pires, esta semana, na Praia, as iniciativas vão percorrer Cabo Verde, mas também a Diáspora espalhada pela Europa, Estados Unidos da América e vários países de África, incluindo Guiné-Bissau, onde acontece já, este sábado, a conferência “Amílcar Cabral, um património nacional e universal”, na Universidade Colinas de Boé, a partir das 9h.
Com tratou igualmente de explicar, a FAC vê a celebração do centenário de Cabral “não como um acto isolado”, mas sim como “o somatório de muitas iniciativas internas e externas”. Como exemplo, apontou, “podemos apresentar a colaboração da Fundação com a Comissão de celebração do cinquentenário do 25 de Abril e a participação da Fundação na celebração de 01 de Maio deste ano, também o cinquentenário do encerramento do campo de concentração do Tarrafal este ano”.
Actividades centrais na Praia e na diáspora
Além da habitual deposição da coroa de flores no Memorial Amílcar Cabral, presidida pelo Chefe de Estado, José Maria Neves, a partir das 10h30, o dia começa a ser marcado pela “Marcha de Cabral”, às 8h30, com concentração e partida na Rotunda 1º de Maio, na Fazenda, rumo ao Memorial, na Várzea.
Ainda no sábado, em Roterdão, Holanda, a comunidade cabo-verdiana conta realizar também uma marcha, intitulada “Amílcar Cabral, além de herói popular, um ícone, uma inspiração”. A actividade decorre a partir das 15h em Heemraadsplein (Pracinha d’ Quebrod), um lugar mítico para os cabo-verdianos radicados nesse país.
Em França, na região de Paris, a Associação SOS Racismo, promove uma homenagem a Cabral, no dia 20, às 14h na Avenida Amílcar Cabral em Saint Denis, com deposição de flores, seguida de uma conferência às 15h30, no Campus Condorcet, em Aubervilliers, sob o lema “Amílcar Cabral, pensador e actor da libertação africana”.
Do cinema ao teatro
Ainda no dia 20, será exibido online o filme “The Birth of a nation” de Lennart Malmer, em colaboração com a Txan Films, Universidade de Mount Saint Mary’ s (USA) e Fundação Amílcar Cabral, às 10 horas da Califórnia, 19 horas Suécia, 18h da Guiné-Bissau e Portugal, e às 17h de Cabo Verde, num link a ser disponibilizado para o efeito em https://www.facebook.com/DjarfogoFilm.
Também no sábado, às 20h00 de Cabo Verde, será levada ao palco do Auditório Jorge Barbosa a peça “A última Lua do Homem Grande” pela Companhia de Teatro Sikinada, em parceria com a “Teatro Art’ Imagem de Portugal”, baseada no romance homónimo de Mário Lúcio Sousa (ver Agenda Cultural, ETC, página xxx).
Colóquio em Março em Luanda
Ainda no âmbito do Centenário de Cabral, Luanda, Angola, acolhe a 12 de Março um Colóquio Internacional sobre a Vida e Obra de Amílcar Cabral, no Auditório da Academia Diplomática Venâncio de Moura. Garantida parecem estar as presenças e intervenções de João Lourenço, Presidente de Angola, Armando Guebuza, antigo Presidente de Moçambique, e dos historiadores e conferencistas Cornélio Calei e Julião Soares de Sousa, além de Pedro Pires, enquanto presidente da FAC e antigo chefe de Estado de Cabo Verde.
De notar que durante a apresentação do programa das comemorações do 20 de Janeiro e do Centenário de Cabral, o presidente da Fundação Amílcar Cabral, Pedro Pires, apelou à mobilização da população, especialmente de Santiago, a aderir às actividades previstas para a capital, como a Marcha de Cabral e a cerimónia no Memorial Amílcar Cabral. Isto, como disse, tendo em conta tudo o que Cabral representa.
“Do nosso ponto de vista, teria interesse se colocássemos Amílcar Cabral, a sua obra, o seu pensamento no quadro das actividades histórico-culturais que têm lugar no nosso país e na cidade da Praia”, apelou.
Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 855, de 18 de Janeiro de 2024
