PUB

Economia

Natal e fim de ano animam economia: Cabo Verde com grande procura de emigrantes e turistas

Milhares de turistas e emigrantes são esperados para a quadra festiva de Natal e fim de ano, apesar do preço elevado das passagens aéreas. Santiago, Sal, Boa Vista, São Vicente e Fogo são ilhas com mais afluência. Alojamentos e rent a cars, praticamente lotados, elevada procura por festas, são sinais evidentes da circulação de um “bom” dinheiro. Venham as festas. 

Nos últimos dias já se começa a sentir a chegada de muitos emigrantes à ilha de Santiago, e não só, especialmente à capital do país, vindos da Europa, mas também dos Estados Unidos da América (EUA), para virem passar o Natal e o fim de ano com os familiares. 

Isto, pese embora o preço exorbitante das passagens aéreas, mesmo se compradas com antecedência, nomeadamente no caso dos emigrantes que vêm via Boston para a Praia, para depois serem “escoados” para ilhas como o Fogo. 

Na rota Boston-Praia, sabe o A NAÇÃO, a SATA tem os voos completamente lotados desde o início deste mês. Aliás, esta companhia, segundo informações de agências de viagens, na Praia, tem sido “muito procurada” pelos emigrantes que residem nos EUA, nos últimos tempos, comparativamente à TAP, precisamente por oferecer preços “mais competitivos”, consideravelmente mais baixos. A procura segue a mesma tendência nos voos para Portugal, onde a TACV também foi opção devido à “diferença considerável de preços. 

Boston-Praia pode ultrapassar os 1.200 euros

Mesmo assim, há quem tenha deixado a compra de passagem quase para a última de hora e tenha pago, por exemplo, mais de 1.200 euros, só para uma vinda, entre Boston e Praia, na TAP. 

Ontem, no fecho desta edição, a tarifa mais económica entre Boston-Praia, só para vir, estava já a mais de 1.600 euros, enquanto a mais elevada, na classe executiva, ultrapassava os 2.600 euros, também na TAP, sendo que na SATA não foi possível fazer a simulação porque não há voos disponíveis. 

Já para Portugal, a TACV ainda tinha alguns voos disponíveis. Também no fecho desta edição, por exemplo, entre 20 de Dezembro e 3 de Janeiro, ida e volta, estava por volta de 55 mil escudos (cerca de 500 euros). 

De notar que, quando compradas com antecedência, as passagens ficam mais “suaves”, habitualmente. Com uma tarifa dita normal, uma família constituída, por exemplo, pelos pais e dois filhos, que queira vir passar as festas, terá de desembolsar quase cerca de 500 contos, mais ou menos, em média, só para passagens, de ida e volta. Isto sem contar com os outros gastos próprios da quadra e das férias. 

Procura elevada de alojamentos e rent a cars 

O certo é que, mesmo assim, mais emigrantes estão previstos chegar na próxima semana ao país. O que faz antever uma circulação de dinheiro superior ao habitual, próprio da quadra festiva. Uma ronda do A NAÇÃO, por alguns estabelecimentos, deu para verificar que a demanda de comércio, alojamentos, hotelaria e serviços como rent a cars (aluguer de viaturas), é muito “elevada”.  

No caso das viaturas os preços variam entre 4.500 escudos e os 7 mil, ou mais, por dia, conforme o tipo de automóvel.  A este “caderno de encargos” de gastos juntam-se ainda as badaladas festas e espetáculos da quadra Natalícia e fim de ano, com custos para todos os bolsos. 

Um bilhete, por exemplo, de uma festa de fim de ano na capital com direito a buffet e bebidas, varia entre os 7 e os 15 mil escudos, por pessoa. Já a conhecida festa de “Txuputin Kontou”, de 24 de Dezembro, que acontece num dos espaços da capital e que tem muita procura, este ano aumentou para 8 mil escudos, por pessoa.

Isto tudo, igualmente, sem contar ainda com os gastos com produtos para confeccionar a ceia de Natal, em que especialmente o bacalhau, que não é para todos os bolsos, está mais caro e pode atingir os 2.300 escudos o quilo do lombo ou os 1.750 escudos o quilo das postas. 

Já o pato inteiro, muito procurado, pode atingir os 735 escudos o quilo, enquanto o peru e o frango, igualmente inteiros, podem atingir os 755 escudos e os 345 escudos o quilo, respectivamente. Naturalmente, estes valores são estimativas de mercado e os preços podem variar, conforme a loja. 

Boa Vista com aumento de procura

Cabo Verde é ainda muito procurado por turistas para a quadra festiva, especialmente entre a semana do Natal e o fim do ano. As expectativas são elevadas, para casa cheia, ou quase cheia, com as taxas de ocupação acima dos 90%, na maioria dos casos, especialmente no Sal e Boa Vista, por parte dos grandes operadores hoteleiros que contribuem para a maior fatia de turistas que visitam o país. 

No caso do Grupo RIU, que emprega 3.200 trabalhadores, nos seus seis hotéis/resorts, no arquipélago, a surpresa deste ano, em termos de procura turística para a quadra festiva, recai sobre a Boa Vista. 

Segundo informações da empresa, os 2.624 quartos, distribuídos pelos três resorts da ilha das Dunas, têm uma ocupação prevista de 89%, um valor acima dos 74% registados o ano passado. 

Já na ilha do Sal, a taxa de ocupação é “muito semelhante” à do ano passado. Entre os 2.114 quartos disponíveis nos três resorts está prevista uma taxa de ocupação de 91%, entre 24 de Dezembro e 1 de Janeiro de 2024, contra os 95% verificados no final de 2022. Contudo, a empresa garante que “ainda há margem” para atingir o mesmo valor, este ano. 

Grupo Oásis com aumento de procura

Também o Grupo Oásis, com presença no Sal, Boa Vista, São Vicente e Santiago, garante que, de forma geral, as taxas de ocupação, durante a quadra festiva, são “boas” e “muito idênticas”, ao período pré pandemia.

“Esta é sempre uma altura do ano com muita procura pelo destino Cabo Verde. É um destino que naturalmente chama, pela qualidade do serviço, pelo calor, pelas praias, e, nesta altura do ano, mais ainda”, avançou este operador ao A NAÇÃO. 

Inclusive, o novo hotel deste Grupo na Boa Vista, que abriu portas este ano, tem os 67 quartos “praticamente cheios” de estrangeiros. 

No Sal, entre o Belorizonte e o Salinas Sea, num total de 768 quartos, a taxa de ocupação não está longe do verificado no ano passado, ou seja, com quase a totalidade da ocupação preenchida. 

A mesma tendência se verifica em São Vicente, onde os 50 quartos disponíveis no hotel Porto Grande estão “praticamente cheios” de reservas de turistas estrangeiros. Uma taxa, segundo dizem, “muito idêntica” ao ano passado. 

Em Santiago, onde este Grupo hoteleiro tem duas unidades, uma no Tarrafal (Alfandega Suites 20 quartos) e outra na cidade da Praia (Praiamar 123 quartos), as perspetivas são animadoras, ainda que com características distintas, mas com tendência de valores acima do ano passado 

“No Praiamar, para o Natal, a taxa de ocupação não é muito elevada, mas, na passagem de ano, estamos praticamente cheios, enquanto no Tarrafal, tanto no Natal como passagem de ano, as taxas são elevadas. Em ambos os hotéis, a taxa prevista é melhor que no ano passado”, garantiu a empresa. 

Enquanto no Praiamar, a maioria dos hóspedes previstos são estrangeiros, nos últimos anos têm-se registado um aumento da procura por parte de nacionais para o fim de ano neste hotel da capital. Um facto relacionado com uma festa de réveillon, que decorre nas proximidades do hotel, que atrai muitos emigrantes.

No Tarrafal de Santiago, embora esteja prevista a hospedagem de mais estrangeiros, no fim de ano, existe também muita procura por parte de nacionais que querem passar a virada de ano na vila de Mangui.

 

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 850, de 14 de Dezembro de 2023 

PUB

PUB

PUB

To Top