Por: Carlos Carvalho
Vi, mais uma vez, na nossa TCV ser inaugurada uma obra que já fora anteriormente inaugurada.
Sem vergonha!!
Sim, de novo, inaugurada!!
Para fazer este artigo visitei algumas das infra-estruturas referidas nesta reflexão… para não escrever asneira.
Elas foram-nos “oferecidas” pelos nossos amigos chineses!!
Façam, pf, comigo um passeio a essas infra-estruturas!!
Eestádio Nacional (EN)
A re-inauguração que vi… foi do EN!!
Foi reinaugurado há dias!!
É, aliás, o motivo que me levou a esta reflexão!!
Ora, o Estádio foi inaugurado, com pompa e circunstância, ainda, em 2013-14!!…má dja kabaleba!! Foi interditado pá Organismu k tá trata di futibol afrikanu… pabia djá ká tinha kondison pá rasebi 1 djogu internasional.
Sinceramente!!!
Uma grande obra definhou em menos de 10 anos e tivemos que nos recorrer aos mesmos “patidoris”.
Funcionou estes anos, dando-nos alegria, com nossas vitórias…e tristezas, com nossas derrotas, até que se descobriu k dja sá tá mesti manutenson!!
Estádio interditado, levamos as mãos à cabeça, sem saber o que fazer!!
Ainda na (re)inauguração, ouvimos que vamos meter obras em toda a sua envolvente.
Bom. Isto dá que pensar!!
Porque não se pensou isso tudo desde o início…i pidi tudu dun bes!!??
Vamos, assim, ter que pedir, mais uma vez, dinheiro para esse fim.
E, os chineses, pacientemente, à maneira deles, estão xintadu tá spera oras k nu sá tá bá pidis…otu bes!!
Assembleia Nacional
A nossa Casa do Povo vem ainda do tempo da 1ª República!!
Foi, creio, a 1ª grande obra oferecida pá xinezis.
Edifício imponente, bem situado, orgulha os capitalinos, e os cabo-verdianos!!
Deixamo-la degradar, degradar, parahá dias, ser de novo “inaugurada”, pós mais um pedido de apoio, para sua reabilitação.
Fui à AN ver a placa de inauguração inicial…não encontrei!!
Seguramente, nenhum deputado, k tá xinta lá, nos representando, saberá nos dizer a data da inauguração dessa importante oferta!!
Só vi un kutxada di placas de inauguração, ano 2020, com o nome de seu último inquilino, nha “bro”, Djodji.
De placa inaugural…nen sinal!!
Já agora, duas observações.
1ª. Porque as luzes de boa parte do grande edifício ficam acesas noti manxi, num país que não produz nada, e, nu ta anda tudu hora k mon stendedu!!! Constatação feita tudu dia, ceeeeedo, na nha footing!!
2ª. Há trinta (30!! contei-os todos, pacientemente!!) mastros, creio, para hastear bandeiras!!
Pus-me a pensar para o que serviria aqueles ferros.
Não vi serem utilizados, até hoje, em nenhum momento de nossa República.
Pergunto, então, para que servem??
Para alguma Cimeira!!??
As nossas Cimeiras, com e sem “cumeiras”, são organizadas na turística ilha do Sal, onde há condições.
Se for para alguma Cimeira(inha/rona), ou não chega (UA/ONU, os números dos participantes seriam incomportáveis!!)…ou passa (CEDEAO/CPLP, é muito ferro para tão pouca gente!!).
Se é para eventos, pontuais, porque não arranjamos maneira de os colocar só quando precisamos, isto é serem amovíveis, põem-se quando forem precisos, tiram-se logo que terminado.
É que estou certo, pelo nosso clima, ká tá dura…tá ferruja moku!!
vamos ter que pedir dinheiro, de novo, pá dizenferuja… pá pinta!!
Sinceramente!!
Palácio do Governo
Hoje, temos um PG à altura!!
Foi também oferta dos mesmos amigos asiáticos.
Evamos construir uma Embaixada, di adversariu, ben pegadu nel!!
Paxenxa!!
Há uns tempos, pedimos aos construtores, que venham de novo nos socorrer pabia Palasiu dja staba tudu ratxadu!!
Mesmo no caso do Palácio, de nosso Governo, tivemos que pedir de novo para o reabilitarem!!
Auditório Nacional (AN)
Ainda me lembro da inauguração desta infraestrutura cultural, estava lá.
Obra buniiiiiiita, extraordinária, no conjunto do Memorial Amílcar Cabral!!
Também oferta de nó amigus.
Na inauguração, um dos melhores governantes, que este país produziu, sabiamente, convidou o arquitecto desse conjunto, seu antecessor, de outro Partido, para assistir à inauguração.
É que não é normal atitudes políticas similares nesta nossa tapadinha!!
Num exemplo bem recente, implicando ainda os mesmos amigos, mostrou-se como as coisas não devem ser feitas. Estou me referindo à inauguração da belíssima infraestrutura oferecida pelo Povo Chinês, o grande complexo da Universidade de Cabo Verde. Negociado e iniciado ainda pelo governo do actual Presidente, este, creio, nem ninguém de seu Governo, foi visto na entrega oficial do Complexo, supõe-se ninguém fora convidado para.
Sobre esta magnífica prenda, só desejo que, daqui há 5-10 anos, não tenhamos a sem-vergonhice de voltar a pedir que nos venham reabilitá-la!!
Memória
Voltando ao “Complexo Memorial-Biblioteca-Auditório” a história podia ser diferente se se avançasse com o projecto da autoria do celebérrimo arquitecto, Oscar Niemayer que o Presidente Sarney do Brasil havia oferecido a Cabo Verde, nos anos oitenta.
Infelizmente, esse projecto, pelas coisas da política, não avançou.
E, temos o que temos, hoje, felizmente.
Mas, voltando ainda ao que interessa nesta reflexão, a inauguração do Auditório, o Ministro de que falava alertava para o facto de ter Auditório, em si, não ser ”nada”.
Fazer a manutenção dele, this is the question!!
Infelizmente, o aviso de nada valeu!!
Tempos depois, fomos pedir de novo aos chineses, pá konpu Auditório!!
Sinceramente!!
Barragi
Barragi foi uma das maiores infraestruturas oferecidas pelos chineses.
Não durou…e já parece estar a precisar de obra, limpeza, manutenção, que não fazemos!!
Daqui há uns anos, vamos pedir, outra vez, para a virem compor!!
Valha-nos, Senhor!!
Este recuo ao passado foi para trazer para nossa reflexão a gestão das infraestruturas que nos oferecem…ou que nos ajudam a construir.
É fácil pedir que nos ajudem.
E nos ajudam, chineses, más djudadoris, mercanos, tugas, luxemburgueses, etc., etc. para construir barragis, auditórios, bibliotecas, portos, aeroportos, hospitais, liceus, estradas, etc., etc.
E, construídas, fica o essencial, fazer a manutenção dessas infraestruturas!!
É quase regra, passados uns anos após as construções, voltarmos a pedir apoio, para a manutenção.
Que vergonha!!
País pobre, sempre de mão estendida, sempre a pedir, não se preocupa com o que lhe oferecem, não se preocupa em conservar o que lhe dão.
Infelizmente, esta não é só realidade nossa, é a dos países k tá anda so tá pidi, é dado, é quase de graça, embora de graça na política não existe.
Contando o dinheiro que nossos amigos chineses nos “ofereceram” para a infraestruturação de nosso país, citando só os mais impactantes: Universidade, Estádio, Barragem, Assembleia, Palácio do Governo, dizia, chineses debi ter gasto bilhões de ienes. Bilhões para entregar produto acabado, sima ta fladu, na bon kriolu, txabi na mon!!
Tempos depois dos “txabi na mon”, voltamos de novo para pedir mais milhões, pa torna konpu, do que não cuidamos.
Bom, si fossi so chineses!!
Trago, para terminar, só mais um exemplo.
Espanha
Espanhóis dábá milhões para reabilitarmos a nossa Cidade para ela se candidatar, com sucesso, a Património Mundial.
Até veio a Rainha para visitar: Fortaleza, Convento, Igreja do Rosário, marginal, Pousada de S. Pedro, riabilitadus k dinherus di spanhóis.
Rainha ti prometeba ao Ministro da Cultura, da altura, financiamento para a construção de um grande Museu, na Cidade. Não conto a sequência, todos podem imaginar!!
Uma coisa é certa, não temos um Museu na Cidade-PM.
Até o Núcleo que lá existia, djá ká ten!!!
No que concerne aos monumentos reabilitados, tempos depois, sem manutenção, quase tudo estava degradado.
1 exemplo.
A Igreja do Rosário, cujo restauro/reabilitação inicial custou uns 5 milhões, em 2005, voltou a ser “restaurado/reabilitado”, há pouco, já com um valor 5 vezes mais, segundo foi publicamente anunciado, pá falta di manutenson!!!
Concluindo
Sinto vergonha!!
Sinto vergonha, assistir a inaugurações, de coisas já inauguradas, consumindo impostos pagos por cidadãos doutros países…
Sinto vergonha, de nossa incompetência para, pelo menos, preservarmos o que se nos oferece, resultante de impostos de cidadãos doutros países…
Sinto vergonha, porque infelizmente a cena se repete…sai governo…entra governo!!
Para nossa reflexão!!
Tenho dito, escrito!!
03/23.