Chama-se “Kel Linda Borboleta”, está em crioulo, em sistema braille, linguagem gestual, letras aumentadas, sistema pictográfico, áudio e vídeo livro. A obra infanto-juvenil, da autoria de Teresa Mascarenhas, Rosiane Rocha e Germano Almeida, mostra que a inclusão, para além do discurso, deve traduzir-se na praticidade.
A Linda Borboleta conta a história de uma borboleta “muito especial”, que, segundo a Primeira Dama de Cabo Verde, Débora Katisa Carvalho, que assina o prefácio, faz-nos um convite ao “doce prazer do crer e da esperança, que faz mover montanhas e conseguir grandes proezas e até voar”.
O lançamento acontece na terça-feira, na Biblioteca Nacional, às 17 horas. É o primeiro livro em Cabo Verde 100% acessível, destinado a pessoas com todo o tipo de deficiência, conforme explica a co-autora e mentora da iniciativa, Teresa Mascarenhas.
“A obra está braille para pessoas cegas, em caracteres aumentados para pessoas com baixa visão, em sistema pictográfico de comunicação para pessoas com alguma dificuldade ou atraso mental, ou pessoas que nunca foram à escola. Tem ainda a versão áudio e vídeo, que podem ser acessados através do sistema QR Code”, explica.
Aprender para incluir
“Kel linda borboleta” está igualmente em língua gestual, como forma de incentivar as pessoas a aprenderem esta modalidade e potenciar a inclusão.
“Muitas vezes nos preocupamos em ensinar a língua gestual para pessoas surdas. Entretanto, se apenas a pessoa surda conhece a língua gestual e as pessoas que estão ao seu redor não a conhecem, ela continua excluída”, alerta a autora, para quem este livro deveria ser introduzido nos jardins de infância e escolas, como uma ferramenta de ensino.
Inclusão e a praticidade
O livro, resultado do trabalho de um grupo vasto de pessoas, destaca-se, ainda, pela co-autoria da jovem Rosiane Rocha, que tem paralisia cerebral, responsável pelas ilustrações.
“Se queremos trabalhar a inclusão, ela não é só falar, mas fazer na prática. Então porque pensar num livro inclusivo e deixar as pessoas com paralisia cerebral de fora? Incluir é a praticidade”, encoraja Mascarenhas, que é presidente da Associação das Famílias e Amigos de Crianças com Paralisia Cerebral – Acarinhar.
De recordar que “A linda borboleta”, versão em portugues do mesmo livro já foi lançado anteriormente. entretanto, o livro estará também patente no lançamento da sua versão em crioulo, que tem ligar na terça-feira,
A apresentação, na terça-feira, na Biblioteca Nacional, estará a cargo dos linguistas Marciano Moreira, que fez a tradução para o crioulo e da vice-reitora da Uni-CV, Fátima Fernandes.