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Nelson Mandela morreu há dez anos 

Herói nacional, ícone, vencedor do Prémio Nobel da Paz. Há dez anos (5 de dezembro de 2013), morria o antigo presidente da África do Sul, Nelson Mandela, aos 95 anos. Passaram quase 30 anos desde que Tata Madiba, como os sul-africanos lhe chamam carinhosamente, libertou o seu país da opressão racista do regime do apartheid e o conduziu à democracia. O mundo festejou com a África do Sul, cheio de esperança num futuro melhor.

Nelson Mandela nasceu em 18 de julho de 1918, no clã Madiba, no vilarejo de Mvezo, antigo território de Transkei, sudeste da África do Sul. Seu pai, Henry Gadla Mphakanyiswa, era chefe do vilarejo e teve quatro mulheres e 13 filhos – Mandela nasceu da terceira mulher, Nosekeni. Seu nome original era Rolihlahla Mandela.

Na qualidade de primeiro presidente democraticamente eleito da África do Sul, Mandela fundou a nação arco-íris com a visão de um Estado de direito, em que a igualdade de oportunidades é a base de uma sociedade inclusiva.

Ele queria uma educação sólida para todos, bons cuidados de saúde e empregos dignos. O interesse nacional deveria ser o mais importante.

Mas, atualmente, quase nada resta do legado do antigo combatente da liberdade.

“Se Mandela estivesse aqui hoje, estaria muito desiludido com a situação atual do país”, diz o sociólogo Roger Southall, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo. “Diria que o governo perdeu o rumo.”

Fim do regime apartheid

Mandela foi a figura emblemática que liderou uma mudança total na estrutura política e social de seu país, colocando fim ao regime do apartheid.

Implantado oficialmente em 1948, o apartheid era um sistema que estratificava na lei a sociedade segundo a origem étnica dos cidadãos.

Na prática, brancos eram cidadãos plenos, indianos e mestiços tinham alguns direitos parcos e os negros, imensa maioria da população, eram alijados de qualquer direito mínimo, como saúde, educação, moradia ou serviços públicos, sendo lançados em guetos para viverem em condições absolutamente miseráveis. Até bebedouros e assentos no transporte urbano eram reservados aos brancos, sendo os negros impedidos de usá-los.

Da prisão à presidência

Mandela ficou 27 anos preso, em três prisões diferentes, e sua situação tornou-se um símbolo de luta contra o racismo e o famigerado apartheid.

Após muita pressão internacional e diante de um sistema que conduzia a África do Sul a uma guerra civil, tamanha a covardia da segregação racial que existia no país, finalmente o líder máximo da população negra foi colocado em liberdade definitivamente em 11 de fevereiro de 1990, após o então presidente Frederik Willem de Klerk ter encontros com Mandela e sinalizar a ele que o apartheid era um regime falido e que deveria acabar, inclusive determinando a soltura de outros líderes negros.

Quatro anos após ganhar a liberdade, Mandela foi então eleito presidente da África do Sul, uma verdadeira apoteose para o homem que deu sua vida pelo combate ao racismo e ao apartheid, e que agora era a autoridade máxima de seu país.

Em 1993, Mandela ganha o Prêmio Nobel da Paz ao lado do último presidente do regime de apartheid, Frederik de Klerk, pelas negociações que transformaram uma ditadura racial em democracia multirracial.

Mandela ainda conduziu, de 1994 a 1999, quando esteve no poder, uma robusta e vigorosa política de reconciliação nacional para tentar trazer a convivência entre cidadãos de diferentes etnias à normalidade.

O fim da visão do arco-íris

O partido de Mandela, o Congresso Nacional Africano (ANC), que governa com maioria absoluta desde 1994, tem vindo a degradar sistematicamente o país, com os seus 62 milhões de habitantes, ao longo de três décadas. A pobreza, o desemprego e a criminalidade não param de aumentar. Os sistemas de educação e de saúde estão a desmoronar-se. O governo está cheio de corrupção, clientelismo e incompetência. As empresas públicas estão a falir. Um défice orçamental cada vez maior também contribui para a crise económica.

“O sonho de Mandela está a atravessar uma crise profunda. A sua visão de uma sociedade não-racista, que dá resposta a todos e não deixa ninguém para trás, falhou. Regredimos a todos os níveis”, afirma William Gumede, presidente da Democracy Works Foundation.

A elevada taxa de desemprego juvenil, superior a 60%, é um exemplo disso.

C/ Globo G1 e ASB/Zeitung

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