A ilha do Fogo está novamente com problemas graves de fornecimento de energia, após uma avaria ocorrida na madrugada de segunda-feira, 30, num dos grupos de maior potência. Esta avaria veio juntar-se à manutenção do outro grupo de maior potência, que decorre desde Outubro e que actualmente está paralisado, a aguardar peças do fornecedor. A Electra promete resolver a avaria nos próximos cinco dias.
A avaria ocorreu na Central Eléctrica João Pinto, no município de São Filipe e deixou algumas comunidades sem energia por 30 horas seguidas.
Esta quarta-feira, 1, em conferência de imprensa, o administrador da Electra, Antão Cruz, explicou que a avaria foi originada pelo sobreaquecimento de um motor, deixando a ilha sem condições de funcionamento, com uma potência à volta de 18% naquela madrugada.
“Conseguimos recuperar um outro grupo e neste momento já estamos a cerca de 46% daquilo que é a necessidade máxima da ilha. Mas isso não satisfaz e obriga-nos a estar permanentemente a rodar as zonas em termos de alimentação de energia”, avançou o responsável.
“Manobras delicadas”
Este problema, que se junta à manutenção de um outro grupo de maior potência, a decorrer desde o início de Outubro, obriga a empresa a fazer, segundo Antão Cruz, um exercício bastante complicado e manobras delicadas.
“As redes são frágeis e estamos a ter muita atenção e cuidado em fazer estas manobras, sob pena também de colocar em causa os últimos dois geradores a funcionar, um de 350 e um 500 kilowatts”, precisou.
Entretanto, garante que a empresa está a ter máxima cautela para assegurar que os serviços essenciais da ilha tenham energia, como hospital e delegacias de saúde.
Resolução da avaria em cinco dias
O motor, que sofreu um superaquecimento e teve uma peça fundida, está a ser desmontado e espera-se que a avaria esteja resolvida nos próximos quatro a cinco dias.
“Tudo depende de peças. Temos algumas peças disponíveis na ilha, do outro grupo que estava em manutenção, temos algumas peças na Praia que, com o apoio dos parceiros, estamos a tentar colocar amanhã na ilha, para concluir a avaria”, indicou o administrador, para quem, ultrapassando a avaria, a central estará em condições de voltar a 97% de satisfação da potência.
Apoio da população
A Electra pede o apoio da população do Fogo, lembrando que a manutenção de um dos grupos de maior potência era inevitável e que, quanto a avarias, não se consegue ter uma previsibilidade.
“No início da manutenção reunimo-nos com as entidades no Fogo e explicamos a necessidade de manutenção. Lamentamos toda essa situação. As avarias são algo que podemos controlar. Gostamos de ter reservas para estes casos, porque é algo que afecta a população e a própria empresa, que investe muito dinheiro nas manutenções e torna a emprega mais fragilizada e não queremos que aconteça”, frisou.
A empresa lança ainda um apelo a particulares que tenham geradores e que possam ser utilizados para ajudar a atenuar a situação em alguns pontos da ilha.
Manutenção paralisada
De recordar que no início do mês de Outubro a empresa iniciou uma manutenção num dos grupos de maior potência na ilha, com previsão para conclusão no final do mês, mas a mesma encontra-se estagnada, aguardando peças do fornecedor.
“O processo foi iniciado com alguns constrangimentos, com um déficit de potência, porque no nosso entendimento tínhamos de fazer a manutenção sob pena de termos um risco grande de perda de um gerador de maior potência. Entretanto no meio da manutenção deparamo-nos com a necessidade de aquisição de algumas peças adicionais, o que não estava previsto, mas é uma situação normal”, indicou.
A peça, segundo a mesma fonte, vem da Alemanha, e a previsão é que chegue dentro de três semanas, a contar a partir de 21 de Novembro, data a partir da qual poderá ser retomada a manutenção.