Por: Péricles O. Tavares
Somam setenta e cinco anos de conflito armado, seguidos de mediação estrangeira para o reconhecimento do estado livre e independente da Palestina, ao contrário de Israel, que de forma tendencial, manifesta controlo do espaço aéreo. A segurança na região de superfície territorial reduzida de significativa densidade populacional, a Faixa de Gaza, um território que entende estar sobre presença hostil do Hamas, o braço armado do povo palestino.
Israel, uma extensão belicista americana no Médio Oriente tem uma fundação de estado sem passar pelo processo transitório de independência.
Antes habitava no território um povo de ascendência judeu-islâmico, mas agora em nada difere dos sefarditas e antissemitismos vassourados da Alemanha Nazi, com as novas gerações de regresso à terra dos seus antepassados para reconstruir a sua pátria e nação.
Após a II Guerra Mundial, no rescaldar da Guerra Fria, Israel em 1948 na qualidade de estado aliado à potência bélica hegemónica ocidental (Estados Unidos da América) constituiu um desafio e um transtorno tremendo à causa palestiniana e à paz na região.
No decorrer dos anos, e das guerras sucessivas na fração populacional maioritariamente árabe, os palestinos fugitivos e perseguidos pelo Reino Unido foram forçados a abandonar as residências e espalharam-se pelo mundo e pelos estados de aproximação de identidade limítrofes, como por exemplo o Líbano, a Síria, a Jordânia e por toda a Faixa de Gaza. É nessa altura que funda o Estado Islâmico, considerado por certas potências como o estado do terror e dos terroristas.
Em toda a história da humanidade, os estados, quando em guerra, semeiam e espalham o terror, o medo, a dor e a dissolução de tudo o que é mais necessário, ajustando assim os seus meios e o seu alcance para atingir os fins preconizados.
Todo e qualquer povo ou grupo organizado que luta pela posse do território hereditário, pela felicidade e sistema de vida, seja política ou social, que melhor enquadra a melhoria de condição humana e de continuidade, como por exemplo, o colonialismo, o totalitarismo e o extermínio de uma etnia, torna a luta como alternativa, digna e salvadora no qual se identifica pela cultura ancestral e não pode ser qualificado de nenhuma forma como sendo um povo terrorista, segundo as recomendações das Nações Unidas.
Israel, estado fundado por David Bem-Gurion, um judeu de origem polaca, em menos de quarenta e oito horas da tomada de posse como primeiro-ministro, foi atacado por cinco estados vizinhos descontentes como prova de profunda insatisfação e insegurança no presente e porvir.
Israel declara-se estado vítima de ação terrorista de invasão e sequestro por um grupo armado que se comporta como um verdadeiro exército ao serviço do estado que representa (HAMAS). O estado da Palestina, nos dias recentes, ousou invadir com sucesso o território israelita por terra, mar e ar, com um exército regular ativo e atuante num conflito convencional.
Israel torna-se assim um estado terrorista, bem como os estados que apoiam a dissuasão nas cercanias marítimas, e serve de exemplo como se se fechar o abastecimento de água potável e o apagão geral da eletricidade tem como efeito a condução do povo à inaptidão, sem diferenciar vítimas até porque o projétil, ou míssil, tem um objetivo destruir quem estiver no seu caminho.
As forças de contrainteligência de Israel desempenham um papel notório no mundo islâmico, ao decapitar dirigentes acusados de serem conspiradores terroristas a mando do imperialismo internacional.
Em tempos recentes, os Estados Unidos da América e a própria União Europeia apontou o Hamas (as forças armadas da Palestina) com o reconhecimento possível, assim como a integração da Faixa de Gaza e a independência e reconhecimento do estado soberano da Palestina.
Os estados são cúmplices uns dos outros, todos pela diplomacia negocial da paz, sob a condição coerciva e a hipocrisia das nações poderosas, e assim dominam e subjugam os estados e nações menos fortes ao sumiço lento continuado.
Pela cultura religiosa e preconceitos fanáticos, o povo judeu jura matança, extermínio, com judeus israelitas contra judeus palestinianos, e vice-versa, tornando-se uma cultura de barbaré.
A religião dos palestinianos é o islamismo, enquanto os israelitas praticam o judaísmo, sendo ambas religiões de origem e culto tribal.
A religião judaica tem concordância e discordância com o cristianismo em esclarecidos polos: admite que Jesus era um homem simples e ao mesmo tempo rejeita os ensinamentos de Paulo, cultuando como único Deus o Javé.
O Islão, islamismo monoteísta focalizado no Corão doutrinário de Maomé, sendo a segunda maior população religiosa atrás do cristianismo em todo mundo. Maomé afirma ter-se encontrado com o Arcanjo Gabriel em algum céu por ele imaginado, pois o homem sábio sempre imagina e se provar tanto melhor para o avanço da humanidade.
O mais recente discurso do governante israelita Benjamin Netanyahu prometeu destruir toda a força Hamas, e com esta determinação vai executar a limpeza étnica na região do Médio Oriente, um conflito armado alastrado e duradouro caso não existir boa vontade entre as forças conselheiras e mediadoras de interesse e de boa vontade para o apaziguamento, pois só com uma trégua se verá o fim da tragédia belicista.
Em Cabo Verde não é possível tratar de casa alheia sem se conhecer a realidade que nos toca enquanto povo de direito social.
Cabo Verde pratica o terrorismo de estado, em todas as fragilidades da sociedade civil, militar, paramilitar, com o sequestro a nível diplomático, a perseguição à informação, à administração pública e à educação, com a alienação da juventude numa tentativa de silenciar o mais alto magistrado da nação e da diáspora, com a violação das normas constitucionais. Tudo anda sob cabresto partidário governamental, uma desorganização organizada na república, sob a democracia do medo e da corrupção mental e espiritual que leva ao entendimento do cabo-verdiano de minimizar ao estado misero e intolerável.
No estado de direito, o contrato para a prosperidade e felicidade prometida está comprometido quando o governante falta com a palavra dada, e onde a palavra não cumprida passa a condição de agente terrorista, com a falta de água para satisfação das necessidades básicas e a falta de segurança vinte e quatro horas por dia, e onde o povo reclama e não fica nada resolvido.
O povo, a nação cabo-verdiana, merece um governo de soluções e jamais um governo de problemas na encruzilhada da espera que o tempo sentenciará.
A Palestina não reconhece o estado de Israel, faz promessa em conquistar pela virtude, e assim unir o território que foi sua pertença e donde foi expulso, mas para onde deseja regressar.
A disputa consiste na posse do território, uma rivalidade em cima da mesa das negociações políticas e diplomáticas na atualidade, mas que remonta à metade do Século XX com o primeiro entendimento e o acordo de paz assinado em 1949, e no ano seguinte a inauguração do estado.
Israel tem apoio internacional, com estados e países e outros tantos de outra banda, apoiando duas equipas de fanáticos religiosos, cada um a contar com a proteção de seu Deus durante esta disputa de um território.
O tempo consome a ignorância, e a insensatez é reposta pela sabedoria da convicção científica. O Homem não precisa dos deuses para lhe dirigir, porque o universo, o criador, dotou cada criatura de dom e livre-arbítrio de escolher o caminho do bem ou o caminho do mal.
Acredito que a religião é, também, uma forma de fazer política, sendo uma diplomacia ativa, mas devemos sempre separar das virtudes do estado.
Pertença a Deus o que é de Deus e ao Estado o que é do Estado, ou seja, da política.
As berganhas entre o Estado e a religião está na diferença na intervenção, onde o primeiro tem todas as competências sobre o território, e o segundo não passa de tolerância e exigência do primeiro.
O poder de administração do planeta está na dimensão do sonho do homem de construir e destruir para melhorar o planeta onde cada ser vive de direito, e onde deve sentir-se realizado, e solidário com dignidade e justiça equilibrada o mais justificada possível.
Os tempos são outros das mudanças sistémicas e permanentes à volta do globo, das vontades e conquistas cada vez mais competitivas em todas as direções do nosso entendimento social quotidiano para que vivamos mais e todos de merecida oportunidade de viver em paz consigo e com todos, sendo isto uma longevidade prazerosa.
A vida humana, tão rica como poderosa de virtudes incomparáveis, em nada justifica a sua perda ou destituição de forma voluntária ou involuntária em defesa de um metro quadrado de terra ou de qualquer capricho patriótico ou de crença que conduza à perdição.
Cada ser, cada vida, será sempre única, uma razão de ser, insubstituível, sendo a primeira propriedade individual, um merecimento de cada um no seu devido tempo cumprido.
Os povos litigiosos exterminam-se em benefício de outros ansiosos e cobiçosos de tomada de posse de tudo que a sorte não os favoreceu e ao arrebatar oportunisticamente os tornam sadios, vaidosos e ricos.
Os verdadeiros terroristas apregoam aqui, ali e por toda a parte a democracia pela fé, através do falso evangelho, apoiados pelo poder do dinheiro, e onde o bem-estar social abrangente com eles o povo néscio concorda num audível e uníssono “Amém”!
A nação que aceita a religião como ópio é, e sempre será, escravo de si mesmo, e quanto menos receber das outras nações, mais os povos se sentiram avivados e audaciosos culturalmente.
Os desaires de uma nação ao não atingir a maturidade necessária, por causa de assimilação civilizacional tardia em relação a outras culturas que os cercam para vassalagem e possível
escravidão, lutam para alcançar a luz e a liberdade de ser cidadão respeitado no mundo, o maior sentimento progressista do século a libertar dos velhacos e opressores.
Cabo Verde, como nação desigual, deve seguir o seu destino progressista à conquista de valores morais e riquezas digna com serenidade, e alcançar isto pela conquista de valores, onde o progresso sustentável sem alinhamento e alistamento de políticos corruptos e empresários partidários num colonial lamaçal de suínos, é e será sempre o caminho a seguir.
Povos do mundo, vale mais caminhar só de que acompanhados de um tolo indesejável e imprestável ou de um governante ou político corrupto que, por sinal, a história não eternizará.
Cidadela, Outubro de 2023