Faleceu este domingo,8, no Mindelo, aos 85 anos, o conceituado artista plástico cabo-verdiano, Manuel Figueira, irmão do também conhecido e reputado artista Tchalé Figueira. Manuel Figueira foi um dos mentores do antigo Centro Nacional de Artesanato e um artista plástico de referência, dentro e fora do país. Como escreveu o irmão, Manuel Figueira deixa um “património imenso” de legado à cultura cabo-verdiana
Conforme avança a Inforpress, uma das últimas aparições de Manuel Figueira em público aconteceu no ano passado, no Mindelo, quando a sua obra serviu de inspiração para o painel de “Grandes conversas” da Feira de Artesanato e Design – URDI e que teve por tema o “Universo criativo de Manuel Figueira”.
Durante a actividade, o crítico de arte português António Pinto Ribeiro exortou as autoridades cabo-verdianas a pensaram na produção de um catálogo que pudesse preservar a obra do artista plástico de “referência internacional”.
Artista múltiplo
António Pinto Ribeiro, o co-fundador do antigo Centro Nacional de Artesanato (CNA), juntamente com Luís Queirós e Bela Duarte, recordou que Manuel Figueira era um “artista múltiplo” de referência não só em Cabo Verde, mas também na costa oeste africana e em Portugal.
Destacou, por isso, que era preciso tomar a iniciativa enquanto ainda havia possibilidade de trabalhar com Manuel Figueira na recolha, identificação, inventário das obras e da sua biografia.
Também o antropólogo cabo-verdiano Manuel Brito Semedo, outro dos oradores do painel, classificou na altura Manuel Figueira como uma “grande figura” a quem se pode fazer uma homenagem ao ouvir falar da sua obra.
O artista plástico, que esteve presente durante todo o debate, assegurou que não estava mais apaixonado pela sua profissão, mas ainda continuava a trabalhar.
Confirmou, contudo, ainda ser um “observador” de pessoas e de coisas retratadas na sua obra.
Nas redes sociais são inúmeras as mensagens de pesar e reconhecimento da obra e do talento deste grande vulto da cultura cabo-verdiana.
Perfil
Manuel Figueira nasceu no Mindelo, em 1938, e viveu em Portugal entre 1960 e 1974 onde concluiu o curso de Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Regressou a Cabo Verde em 1975 para colaborar com a revitalização da cultura popular do arquipélago e em 1976 fundou a Cooperativa Resistência, juntamente com a esposa Luísa Queirós e a colega Bela Duarte com o objectivo de manter viva a tecelagem tradicional cabo-verdiana.
Entre 1978 e 1989 foi director do Centro Nacional de Artesanato.
Fez a sua carreira desde 1963 com exposições em mostras colectivas e individuais, com destaque para exposições na Áustria, Bélgica, Brasil, Espanha, França, Estados Unidos da América, Portugal e, naturalmente, Cabo Verde.
A sua obra está representada em inúmeras colecções públicas e privadas de diversos países, com destaque para as peças incluídas nas colecções do Museu de Ovar, Banco Fomento, Banco Totta & Açores (Portugal), Assembleia Nacional (Cidade da Praia, Cabo Verde), Embaixada de Cabo Verde para a ONU (Nova Iorque) e Palácio da Cultura (Cabo Verde).
C/Inforpress