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Economia

Praia: Complexo “Djeu” de David Chow já não vai para a frente – sociedade civil questiona futuro do projecto

O presidente e diretor executivo da Macau Legend Development anunciou ontem que a operadora de jogo decidiu abandonar o projeto da construção de um hotel-casino no ilhéu de Santa Maria, na Praia, também conhecido por complexo Djeu.  Nas redes sociais já há diversas reações, os cabo-verdianos questionam qual será o futuro dado às infraestruturas já edificadas, nomeadamente o hotel e a ponte para o ilhéu de Santa Maria. Inclusive, pede-se o acesso à ponte para que as pessoas possam fazer passeios de lazer.

O anúncio, que para muitos já era expectável, foi feito durante uma entrevista à televisão de Hong Kong TVB, transmitida na noite de quarta-feira, 4.

Li Chu Kwan, presidente e diretor executivo da Macau Legend Development, disse que a Macau Legend pretende encerrar as operações em Cabo Verde até 2025, assim como no Camboja, conforme avança o site Forbes Africa.

Esta desistência do mega projecto em Cabo Verde, de um hotel-casino, segundo justificou, prende-se com a vontade da empresa, em reduzir o investimento no jogo e apostar em projetos ligados ao entretenimento e turismo de iates.

A Macau Legend Development, recorde-se, foi fundada pelo Magnata David Chow, que inclusive chegou a ser, até há um ano e pouco atrás, Cônsul de Cabo Verde em Macau.

Histórico do empreendimento “Djeu”

Recorde-se que o projecto do complexo “Djeu”, na cidade da Praia, que contempla casino, marina, escritórios, entre outras valências, foi anunciado em 2001.

Contudo, a primeira pedra só viria a ser colocada 15 anos mais tarde, em fevereiro de 2016, tendo o acordo com o governo sido assinado em 2015.

Na altura, o próprio David Chow tinha dito que em três anos (2019) “os cabo-verdianos” haveriam de ver “os resultados” do seu empreendimento, o que não se efetivou.

Inclusive, muitas interrogações e dúvidas à sua efectivação foram levantadas ao longo dos últimos anos, especialmente desde que o Banco de Cabo Verde chumbou o pedido de abertura de um banco na capital do país, por parte de David Chow, ou que foi comentado na altura, por não reunir os requisitos de conformidade exigidos pelo regulador.

Eram 250 milhões, o maior projecto de sempre em Cabo Verde, que passou para 90 milhões

O projeto “Djeu” foi apontado como o maior empreendimento turístico de Cabo Verde, com um investimento global previsto de 250 milhões de euros.

Contudo, após sucessivos adiamentos, e lançamento de várias primeiras pedras a que o A NAÇÃO assistiu, o investimento inicial passou de 250 milhões de euros para 90 milhões de euros.

Estava previsto a construção de uma estância turística, um hotel -casino de 250 quartos, que já foi construído, mas está fechado, uma piscina, várias instalações para restaurantes e bares, além de uma marina.

Inclusive, a Macau Legend tinha anunciado em março de 2020 que pretendia inaugurar o hotel-casino no final de 2021, depois de em 2019 ter previsto a conclusão da obra para o final do ano seguinte, sem nunca se ter efetivado.

Em dezembro passado, o presidente da Cabo Verde TradeInvest, José Almada Dias, disse à Lusa que a Macau Legend tinha prometido apresentar em breve um plano para retomar as obras, paradas há vários anos, o que não aconteceu.

Licença de jogo

David Chow recebeu inclusive uma licença de 25 anos para exploração do jogo, 15 dos quais em regime de exclusividade em Santiago.

A estas junta-se uma licença especial para explorar, também em exclusividade, o mercado do jogo “online” em Cabo Verde e o mercado de apostas desportivas, por um período de 10 anos. Por isto, os macaenses pagaram cerca de 1,2 milhões de euros.

A lei de jogos, recorde-se, define cinco zonas permanentes do jogo, nas ilhas de Santiago, São Vicente, Sal, Boavista e Maio. Cabo Verde atribuiu até ao momento duas concessões, uma à Macau Legend e outra para a ilha do Sal.

Cabo Verde tem apenas um casino em funcionamento, o Casino Royal, em Santa Maria, no Sal, que abriu portas em dezembro de 2016.

E agora, o que fazer?

Com o hotel construído e a ponte que liga a cidade ao “Djeu”, também pronto, a sociedade civil começou a manifestar-se nas redes sociais sobre a notícia do abandono do projecto, questionando o que será feito daqui para a frente e qual será o fim do edifício.

“É simples assim então? Descaracteriza toda a orla com esse elefante branco e vai embora? Incrível como deixamos ser levados!!!”, perguntou  uma internauta.

Outros questionam se o “Djeu” e a ponte serão “devolvidos” ao povo praiense e cabo-verdiano, tendo em conta que durante o anúncio do projecto, muitos se mostraram contra a “privatização” do “Djeu”, por alegarem ser património de todos os cabo-verdianos.

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