O Movimento para a Democracia na Praia (MpD) mostrou-se hoje contra o aumento salarial no Banco de Cabo Verde (BCV). Numa publicação partilha na sua página de Facebook, assinada por Alberto “Beta” Melo, presidente da comissão concelhia dos ventoinhas na capital, o partido reagiu assim à notícia publicada no Jornal A NAÇÃO nº838 de 21 de Setembro, que dá conta dos aumentos salariais na ordem dos 17 e 18,4% para Governador e administradores do BCV.
“O aumento salarial recente do governador e dos administradores do Banco de Cabo Verde é altamente questionável e merece uma crítica dura”, começa por escrever Beta, num post partilhado na sua página e na página do MpD Praia.
A Comissão Concelhia dos ventoinhas na Praia mostra-se indignada com os referidos aumentos a nível das chefias do BCV, tendo em conta a situação económica vivida pela maioria das famílias do país.
“Enquanto a maioria dos cidadãos cabo-verdianos está enfrentando dificuldades económicas e lutando para sobreviver, é inaceitável que aqueles que estão no poder recebam aumentos salariais tão substanciais”, condenam.
Agir em benefício do povo
O MpD Praia argumenta que é “importante lembrar” que o Banco de Cabo Verde é uma instituição pública e que, por isso, deve agir em “benefício” do povo.
“Os salários dos altos funcionários devem ser justos, razoáveis e refletir a realidade económica do país. A decisão de aumentar os salários em 17 por cento (%) e 18,4% mostra uma desconexão preocupante entre os líderes do banco e a população que eles deveriam servir”.
Ademais, argumentam ainda que o facto de existirem “invisíveis adicionais” no salário do governador, Óscar Santos, faz aumentar “ainda mais” a sua remuneração total, o que, afirmam, “é ainda mais perturbador”.
“A transparência é fundamental em instituições públicas e é necessário que os cidadãos tenham conhecimento completo e detalhado dos salários e benefícios dos seus representantes”, apelam.
Afronta aos cabo-verdianos
Este aumento salarial “excessivo”, diz o MpD na Praia, é uma “afronta” aos cabo-verdianos que “estão lutando para sobreviver em um cenário económico desafiador”.
“Em vez de aumentar os salários dos altos funcionários, deveria haver um enfoque na melhoria das condições económicas gerais do país e na assistência aos mais necessitados”, contrapõe a Comissão Concelhia do MpD na Praia.
Os mesmos lembram ainda que é “responsabilidade” dos líderes do Banco de Cabo Verde “agir com integridade e em consonância com os interesses do povo”.
“Este aumento salarial desproporcional mina a confiança do público na instituição e levanta questões sobre a prioridade e os valores dos seus líderes. É necessário que haja uma prestação de contas transparente e uma revisão imediata desta decisão para corrigir esta disparidade salarial injusta”.
Por isso, não têm dúvida que este aumento salarial no BCV “é uma afronta aos cabo-verdianos”.
Ulisses diz que é “normal” a adequação feita
Entretanto, a partir de Nova Iorque, onde se encontra em missão, o Primeiro Ministro, Ulisses Correia e Silva considerou “normal” a “adequação feita” relativamente aos salários no BCV, porque, como disse, faz sentido que diretores e assessores ganhem mais do que os gestores da instituição, que têm responsabilidades “acrescidas”.
Recorde-se que esta reacção surgiu após a notícia publicada na edição semanal do Jornal A NAÇÃO nº838 de 21 de Setembro, que dá conta dos aumentos salariais na ordem dos 17 e 18,4% para Governador e administradores do BCV.