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Política

Presidente da República, José Maria Neves, condena golpe de Estado no Gabão

O Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves, condenou, Quarta-feira, 30, o golpe de Estado em curso no Gabão, alertando que golpes não são a solução para os problemas políticos e económicos do continente africano. Os militares deste país da África Central, que tomaram o poder na madrugada desta Quarta-feira, 30 de Agosto, já anunciaram a dissolução das instituições da República.

Este golpe vem mostrar mais uma vez a complexidade e a dificuldade do continente neste momento. Também mostra-nos que há com certeza problemas em termos de governança, de instituições políticas e económicas, de expectativas dos cidadãos e das sociedades civis dos diferentes países africanos e de respostas aos desafios que se colocam ao desenvolvimento do continente”, afirmou o chefe de Estado cabo-verdiano.

O exército do Gabão derrubou o presidente Ali Bongo Ondimba e anunciou, na madrugada de Quarta-feira, o general Brice Oligui Nguema, chefe da guarda presidencial, como novo chefe de Estado do país, no mais recente golpe de Estado na região.

Presidente deposto em prisão domiciliar

O golpe militar teve lugar pouco depois do anúncio do resultado das eleições presidenciais do último final de semana, que reconduziram o presidente ao cargo que ocupa desde que sucedeu ao pai, em 2009.

De acordo com informações avançadas pela imprensa internacional, os membros do exército apareceram numa transmissão da televisão estatal, com militares ao fundo gritando “Oligui presidente” e barulho de tiros de metralhadoras automáticas.

Citado pelo jornal francês Le Monde, Nguema disse que Bongo “foi aposentado”: “Ele foi reformado. Tem todos os seus direitos. É uma pessoa comum do Gabão, como todos os outros”, disse, negando, porém, que tenha liderado o golpe.

Bongo, o presidente deposto, está em prisão domiciliar, de acordo com o Exército.

Em vídeo divulgado, pediu ajuda contra a sua prisão: “Estou enviando uma mensagem a todos os amigos que temos em todo o mundo para dizer-lhes para fazerem barulho contra as pessoas que prenderam a mim e a minha família.”

Acusação de alta traição contra instituições do Estado 

Noureddin Bongo Valentin, filho e colaborador próximo do presidente deposto; Ian Ghislain Ngoulou, chefe de Gabinete; e outros responsáveis do governo, bem como os números um e dois do Partido Democrático Gabonês (PDG) de Bongo também foram detidos, anunciou um coronel do exército, que leu, na madrugada, um comunicado anunciando que os militares estavam “pondo fim ao regime”.

“Eles foram presos por alta traição contra instituições do Estado, pesado desvio de fundos públicos, desvio financeiro internacional em uma gangue organizada, corrupção ativa e tráfico de drogas”, disse o coronel.

Eleições presidenciais de Sábado, 26 de Agosto, foram conturbadas

Horas antes do anúncio da tomada do poder, o Centro Eleitoral do Gabão (CGE, na sigla em francês) havia divulgado, na TV estatal, sem anúncio prévio, os resultados oficiais das eleições presidenciais, que deram a vitória a Ali Bongo Ondimba, com 64,27% dos votos, contra 30,77% do principal rival, Albert Ondo Ossa.

O pleito foi, entretanto, altamente questionado pela oposição, que alega fraude. No dia da votação, duas horas antes do fechamento das urnas, os principais partidos da oposição gabonesa denunciaram fraude e passaram a exigir que a vitória de Ondo Ossa, antigo ministro e professor universitário, fosse reconhecida.

No Sábado, 26 de Agosto, no meio da tensão, Ali Bongo cortou as conexões de internet e impôs toque de recolher. Horas após o anúncio do golpe, as conexões de internet foram restabelecidas.

Instituições dissolvidas

No comunicado, os militares anunciaram a anulação das eleições e a dissolução de “todas as instituições” do país.

Os militares, que afirmaram falar em nome de uma “Comissão para a Transição e Restauração das Instituições”, anunciaram também que as fronteiras do país permanecerão “fechadas até novo aviso”.

Nas ruas de Libreville, moradores dançaram e comemoraram o golpe. Num vídeo, é possível ver pessoas gritando “libertadas!” e agitando a bandeira do Gabão ao lado de veículos militares.

A família Bongo governa o país desde 1967: primeiro foi Omar Bongo, que se manteve na Presidência por 42 anos até a sua morte, em 2009, sendo sucedido no mesmo ano pelo filho Ali Bongo, hoje com 64 anos. Antes, Ali Bongo foi ministro da Defesa, de 1999 a 2009.

Reação internacional

A nível internacional, a China pediu a “garantia de segurança de Ali Bongo”, enquanto a França, ex-potência colonial, “condenou o golpe militar em curso”.

A Rússia, que tem aumentado a influência na região, expressou a sua “profunda preocupação”.

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