Em sinal de protesto à invasão da Rússia à Ucrânia, Cabo Verde recusa-se a participar da cimeira Rússia/África. O Presidente da República, José Maria Neves, e o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, já mostraram o posicionamento público em relação ao assunto.
Depois da ministra da justiça, Joana Rosa, dizer que Cabo Verde tem todas as condições para prender Vladimir Putin, caso usar o território cabo-verdiano em um eventual trânsito para participar na cimeira dos BRICS, que se vai realizar em finais de Agosto próximo, na África do Sul, o PR e o PM, anunciaram que Cabo Verde se recusa a participar da cimeira em sinal de protesto à invasão Russa.
“[A ausência na cimeira Rússia/África] é um sinal que Cabo Verde dá porque Cabo Verde é um País de paz, e quer que os conflitos sejam resolvidos de forma pacífica, de forma negociada e que respeitamos a integridade territorial dos países. Achamos que [a guerra] não faz sentido, portanto, devemos neste momento, criar todas as condições para que haja diálogo entre as partes e haja uma solução negociada deste conflito”, justificou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.
José Maria Neves lembrou que Cabo Verde, desde o primeiro momento, condenou veemente a invasão da Rússia à Ucrânia, por defender a soberania dos Estados, a integridade territorial de todos os Estados, e condena todas as intervenções de qualquer Estado num outro Estado.
“Cabo Verde já fez sua escolha”
Para o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, Cabo Verde já fez a sua escolha e, neste contexto de guerra, não vai participar da cimeira.
“Fomos coerentes desde primeiro momento, condenamos a invasão da Rússia à Ucrânia nos fóruns próprios a nível das resoluções das Nações Unidas e continuamos com a mesma opção, de até esta guerra terminar não termos nenhuma ação que possa ser considerada como apoio à invasão”, precisou Ulisses Correia e Silva
A Guiné-Bissau e Moçambique estarão representados ao mais alto nível, com os Presidentes Umaro Sissoco Embaló e Filipe Nyusi, respectivamente, enquanto Angola enviou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Téte António, e São Tomé e Príncipe estará representado pelo embaixador em Lisboa, que está também acreditado em Moscovo.
Espera-se desta segunda cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um “plano de acção até 2026” e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, e até hoje, a relação de Moscovo com África.