Os meliantes que assaltaram a A Fundação Amílcar Cabral (FAC), no Platô, na cidade da Praia, ontem, levaram duas camisas “prediletas” e uma mala de viagem do Herói Nacional. A instituição apela a que devolvam os bens de Cabral, de inestimável valor sentimental e histórico.
Em entrevista ao A NAÇÃO online, o administrador da FAC, Adão Rocha contou que os meliantes forçaram a porta lateral da Rua Madragoa, e levaram um monitor da TV do Museu Amílcar Cabral e algum dinheiro que estava mais à vista.
Perda de peças que pertenceram a Amílcar Cabral
No entanto, o que inquieta a fundação, segundo Adão Rocha, é que roubaram três peças pertencentes a Amílcar Cabral: a mala com que Amílcar Cabral viajava (cor castanha) e duas camisas estilo balalaica cor cinzento claro (tendo inclusive muitas fotos com elas), peças icónicas do herói Nacional.
“Isso nos causa muita preocupação porque são objectos insubstituíveis e de valor histórico e simbólico extraordinário. Infelizmente, os ladrões não se aperceberam disso. O valor material desses objectos não é grande. Se forem vender sem saber do que se trata, vão obter alguns escudos por isso e nada mais”, lamenta.
“Amílcar Cabral não merecia isso”
Para o administrador da FAC, esta ocorrência é uma “grande tristeza”, ainda mais numa data simbólica como 5 de Julho, Dia da Independência – “Amílcar Cabral não merecia isso”, reitera.
Neste momento, o apelo da Fundação é para que as pessoas tenham consciência e devolvam, ao menos, estas peças insubstituíveis que deixaram a fundação mais pobre.
Museu mais pobre. Apelo é para identificar e devolver
“As pessoas que visitam o museu querem ver coisas que ligam directamente ao herói, além de fotografias. E nós, que não temos tantas peças, perder três de uma só vez causa muitos transtornos. Por isso, pedimos que nos devolvam, pelos menos, as peças que eram do uso de Amílcar Cabral porque isso vai desfalcar e muito o museu”, apela.
Adão Rocha avançou que a polícia esteve no local ontem, acionada após o assalto que ocorreu antes das 19 horas.
“O guarda entra às 19 horas. Foi ele que ao chegar, se deparou com o espaço vandalizado e avisou-nos. De seguida acionamos a polícia que esteve cá ontem e voltaram hoje de manhã para aprofundar a investigação”.
Polícia já está a investigar
Ainda sem nenhuma pista de quem terá assaltado a Fundação Amílcar Cabral em pleno 5 de Julho, Dia da Independência de Cabo Verde, o administrador Adão Rocha diz esperar que a polícia consiga desvendar o caso e recuperar, sobretudo as peças do Amílcar Cabral, já que ao redor da fundação existem muitas câmeras de vigilâncias que possam ajudar a identificar os responsáveis.
De salientar que na manhã de ontem, quarta-feira,5, enquadrado nas actividades do 48º aniversário da Independência Nacional, a fundação recebeu uma visita de 70 crianças do bairro de Alto da Glória.
“A ideia era justamente trazer estas crianças e passar-lhes os valores de Amílcar Cabral. Incutir nelas, a ideia de que Amílcar Cabral foi também uma crianças que com dedicação, compromisso e respeito pelos outros adotou uma boa conduta de vida e conseguiu ser uma referência para o país, para o mundo”, explicou Adão Rocha para quem a ideia é de levar em outras ocasiões, outras crianças de outras comunidades para vivenciarem a mesma experiência.
Após as actividades, o espaço permaneceu fechado sem a presença dos funcionários, sendo ontem, feriado nacional.