O inquérito sobre a morte de bebés recém-nascidos no Hospital Baptista de Sousa, em São Vicente, não detectou erros nos procedimentos técnicos e protocolos clínicos no serviço de obstetrícia. Os resultados, divulgados hoje, apontam que os recém-nascidos prematuros e prematuros extremos “poderão ter falecido por sepse neonatal tardia”.
As conclusões do inquérito, divulgadas esta manhã, pelo Ministério da Saúde, indicam que todas as gestantes cujos bebés foram a óbito no período em estudo tinham indicações para seguimento na consulta de alto risco.
Por outro lado, apurou que a assistência às mães no serviço de obstetrícia “respeitou os procedimentos técnicos e os protocolos clínicos nacionais”, e que, do ponto de vista humano, ela foi “admissível”.
“Foi aplicado o protocolo nacional para o manejo de situações de rotura prematura de membranas e de ameaça de parto pré-termo”, reiterou o MS, em comunicado partilhado com a imprensa.
Assistência cumprida
Após análise dos processos clínicos, audição dos intervenientes, incluindo famílias e uma visita ao realizada ao serviço de Neonatologia, a comissão assinalou que “a assistência pré-natal foi cumprida”, assim como a qualidade e a segurança durante o internamento, “razoavelmente satisfatória”.
Portanto, diz a conclusão do inquérito, os recém-nascidos prematuros e prematuros extremos “poderão ter falecido por sepse neonatal tardia”, uma infecção generalizada que ocorre após 72 horas do nascimento.
Recomendações
Ainda assim, o inquérito deixa um conjunto de recomendações que visam, segundo a equipa, melhorar os serviços prestados.
Entre elas estão acções de capacitação na área da comunicação/humanização/liderança dos profissionais, assim como a elaboração de um plano anual de atualização/supervisão do cumprimento dos protocolos nacionais.
Recomenda-se, ainda, promover a cultura de discussão interna dos óbitos não esperados e dos casos de não conformidade, bem como a integração do psicólogo nas equipas, melhorando a assistência aos pacientes.
O caso
De recordar que este inquérito vem na sequência da morte de sete recém nascidos no Hospital Baptista de Sousa, em Maio último, sendo que em Fevereiro a directora do Serviço de Neonatologia do HBS, Cátia Costa, também confirmou a morte de outros cinco bebés recém-nascidos no mês de Janeiro, devido a causas prematuras e malformações congénitas.
O inquérito foi levado a cabo por uma equipa coordenada pela gineco-obstetra Iolanda Landim (HUAN), e integrada ainda pelo médico neonatologista António Cruz, (HUAN) e pela coordenador do Programa Nacional do Doente e dos Trabalhadores da Saúde, Edite Silva.