Os produtores de aguardente na ilha do Maio defendem a prorrogação do prazo suplementar para a industrialização da cana-de-açúcar, justificando estar a sentir dificuldades em utilizar toda a matéria-prima antes da data estipulada, 31 de Maio.
Esta preocupação foi manifestada por Martinho dos Reis, responsável pela empresa “Santinho e Nenezinha”, que ao longo dos últimos vinte anos tem vindo a produzir aquele que é considerado a melhor aguardente da ilha, o “grogue de Figueira”, alegando que ultimamente, com o problema da falta de chuva, a produção diminui consideravelmente.
Salientou, em entrevista à Inforpress, que este ano a safra tem sido melhor do que o ano passado, sublinhando, porém, que no decorrer da produção registaram uma avaria na máquina de moagem da cana, o que lhes causou algum atraso, pelo que já solicitaram, tanto ao IGAE, como às autoridades responsáveis por este sector, como a Câmara Municipal, a prorrogação, por mais um mês, do prazo para a industrialização da cana-de-açúcar.
Martinho dos Reis espera uma sensibilidade por parte das autoridades responsáveis
Martinho dos Reis fez saber, por outro lado, que devido a esta situação, ainda possuem nos seus armazéns uma quantidade significativa de cana-de-açúcar para a confecção do grogue, além da matéria-prima fornecida por outros agricultores para a produção, razão pela qual esperam uma sensibilidade por parte das autoridades com responsabilidade neste sector.
Lembrou ainda que, nos últimos tempos, fizeram grandes investimentos para a melhoria das condições sanitárias e não só, atendendo as exigências das autoridades, pelo que agora, defendem, chegou a vez das autoridades respondem às suas solicitações, a fim de satisfazerem as suas necessidades e cumprir com as suas responsabilidades.
Produtores pedem, pelo menos, até novembro
Jerónimo Silva, também agricultor e produtor de aguardente no perímetro agrícola de Tambarina e com longa experiência neste ramo, que afiançou ter aprendido com o seu pai ainda muito jovem, disse também gostaria que, tanto a IGAE como vozes poder local e central e até os deputados da ilha fizessem uma intervenção, no sentido de aumentar para pelo menos mais um mês a data de produção.
Este produtor informou que os colegas têm ainda disponível alguma quantidade de cana e tempo para realizar estes trabalhos, além de responder às solicitações de outros agricultores.
A este propósito defendeu que até poderia ser revista a data do arranque da produção, que na sua opinião poderia ser Novembro, o que lhes possibilitaria uma produção mais tranquila e poderiam cumprir o prazo estabelecido.
Produção de aguardente tem sido difícil mas a procura tem sido “muito boa”
Aquele produtor confessou que nos últimos tempos tem sido difícil a produção de aguardente, devido ao problema da falta de água, uma vez que a ilha tem recebido pouca quantidade de chuva, o que tem retirado essa possibilidade.
Mas garantiu que este ano a safra foi melhor e que, assim sendo, estão a conseguir alguma produção, que considerou ser “razoável”, e que caso não for aumentado o prazo da produção não vão dar resposta à demanda.
Relativamente à procura de aguardente, Jerónimo Silva Ribeiro disse que esta tem sido muito “boa”, tanto no mercado local como nacional, sublinhando que muitos emigrantes também estão a solicitar para o verão, altura em que estarão de visita à ilha. Por isso, disse almejar vender todo o seu produto para recuperar alguma perda sofrida nos anos anteriores.
C/ Inforpress