Pais, encarregados de educação e escolas, participantes do Concurso Nacional de Leitura queixam-se da “intransparência” no Concurso Nacional de Leitura, já na recta final. A polémica envolve os 15 selecionados na prova escrita de pré-selecção que transitaram para a prova de vídeo. Por sua vez, a coordenadora do Plano Nacional de Leitura (PNL) diz que “o regulamento é claro” e que “é natural que todos os participantes queiram ganhar”.
Pais e encarregados da educação queixam-se de “alguma falta de transparência” no Concurso Nacional de Leituras que decorre desde Janeiro deste ano, nas escolas primárias e secundárias do país, no âmbito do Plano Nacional de Leitura, iniciativa do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas e do Instituto da Biblioteca Nacional.
Ao A NAÇÃO online, Carla Alves avançou que após a sua filha (6º ano de escolaridade) ter passado a prova escrita de pré-selecção, realizada na passada sexta-feira,26, seguiu depois para a prova de vídeo.
“Os candidatos selecionados teriam de enviar um vídeo de recomendação do livro preferido, seguindo todos os procedimentos e critérios recomendados. Este vídeo seria depois publicado e submetido à votação do público. Nós mandamos o vídeo atempadamente e seguimos todos os critérios. No entanto, não foi publicado”, explica.
Segundo a mesma, não foi esclarecido que haveria um júri para avaliar o vídeo antes de ser publicado e um outro problema é que “os vídeos foram publicados no sábado, 27, e só hoje, segunda-feira,29, é que publicaram a lista dos alunos apurados na prova da escrita”.
Falta de transparência
Afirmando haver falta de transparência na final do concurso, Carla aponta uma discordância na lista publicada pelos próprios responsáveis do concurso.
“Na lista com os 15 alunos que passaram na prova da escrita não consta o nome de um dos concorrentes que, no entanto, tem vídeo publicado. Se este aluno não passou nesta prova, como poderá estar na final?”. Questiona.
Eliminados sem justificação
Por sua vez, a professora que acompanhava a aluna (filha da Carla) avançou que o descontentamento é mais no sentido de justificar porque é que o vídeo foi eliminado já que seguiram todos os critérios.
“Ficamos descontentes com esta eliminação uma vez que não nos foi dado nenhuma justificativa do porquê que o vídeo não foi selecionado. A nossa concorrente tem uma boa argumentação, uma boa dicção, articulação e pronúncia, aspectos mais importantes segundo o regulamento”, salienta.
Questões por esclarecer
Sem afirmar “falta de transparência”, uma professora de Português cuja a aluna da sua escola foi também eliminada diz que há algumas questões por esclarecer.
“Não posso afirmar falta de transparência mas quando há discordância entre as listas publicadas pelos próprios responsáveis do concurso, isso significa que há questões por esclarecer”.
Entre outras questões, os nossos entrevistados avançaram que “mesmo os links dos que foram selecionados foram lançados para a votação do público de forma desigual”.
Para a “reposição da legalidade” sugerem a suspensão dos vídeos publicados no passado dia 27 de Maio, o cancelamento da votação do público e uma nova publicação e votação para selecionar os 3 finalistas do final do concurso.
“O regulamento é claro” – diz a coordenadora do PNL
Por sua vez, contactada pelo A NAÇÃO, a coordenadora do Plano Nacional de Leitura (PNLCV), Odete Almeida, avançou que o regulamento “diz claramente” que o vídeo passaria por uma avaliação do júri.
“Pode-se ler no ‘D.2 Prova de Vídeo’ que: ‘Os vídeos submetidos (num total de 150) serão submetidos a uma pré-seleção por um Júri para apuramento de 5 finalistas por cada nível de ensino. O Júri da prova de vídeo é constituído por 3 elementos, entre eles, 1 representante do PNL, 1 representante da DBE e 1 convidado de reconhecido mérito na área audiovisual’. Antes de reclamar as pessoas tem que ler o regulamento”, explica.
Sendo assim, Odete Almeida garante que “não houve intransparências” sublinhando que “é natural que todos queiram ganhar”.
Falhas técnicas na votação
A coordenadora do concurso no âmbito do Plano Nacional de Leitura reconheceu, no entanto, que foram alteradas as datas de publicação dos vídeos e falhas técnicas nos links onde o público deve votar.
Sobre estes aspectos afirma que os problemas já estão a ser resolvidos.
“Os problemas nos links já estão a ser resolvidos e inclusive são as pessoas mais votadas que notaram este problema e pediram a resolução para que o concurso seja o mais transparente possível”, terminou.